23 de agosto de 2025
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Bolsonarismo avulso no MA desafia a lógica das eleições

Por Raimundo Borges

O Imparcial – Enquanto o ex-presidente Jair Bolsonaro vive há 20 dias em prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica, a poucos dias do julgamento no STF e com o futuro político mergulhado numa névoa de incertezas, no Maranhão o bolsonarismo não conta com nenhuma liderança expressiva.

Logo, as eleições de 2026, para os seguidores do famoso “mito”, permanecem avulsas e tão dispersas quanto aconteceu em 2022, quando, no primeiro turno, Lula venceu nos 217 municípios e, no segundo, Bolsonaro só ganhou do petista em São Pedro dos Crentes, Açailândia e Imperatriz. Por coincidência, foram as mesmas cidades em que Bolsonaro venceu Fernando Haddad em 2018.

Sem uma liderança totalmente identificada como autêntico bolsonarista no Maranhão, ao menos três pré-candidatos surgem dispostos a capitalizar nesse terreno politicamente forte no eleitorado anti-Lula e pró-Bolsonaro. O ex-senador Roberto Rocha ocupou o espaço quando o ex-presidente vivia às turras e trocando farpas com o então governador Flávio Dino.

Já hoje o deputado estadual Yglésio Moises (PRTB) se diz bolsonarista, mas atua na “informalidade”, ao contrário do ex-prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahesio Bonfim (Novo), que em 2022 disputou o Palácio dos Leões e ficou em 2º lugar, como o voto da direita.

Por incrível que pareça, o deputado federal Josimar do Maranhãozinho, Detinha e os colegas de Câmara Júnior Lourenço e Pastor Gil, todos filiados ao PL, não têm nenhuma atividade escorada na liderança de Bolsonaro. Acontece exatamente o contrário: Josimar é o líder máximo do PL maranhense, mas, no âmbito nacional, é tido como espécie de corpo estranho no bolsonarismo e inimigo pessoal do “mito”, que já tentou até expulsá-lo da legenda liberal e não conseguiu.

Da mesma forma, os estaduais Fabiana Vilar, Cláudio Cunha, Aluísio Santos, Batista Segundo, Pará Figueiredo e Solange Almeida são do PL, mas atuam na base do governo Brandão, que é parceiro e alinhado com o governo Lula.

O Maranhão vive, em 2025, uma situação política inusitada tanto dentro quanto fora do bolsonarismo. O governador Carlos Brandão ainda está filiado ao PSB, cuja legenda passou recentemente ao comando da senadora Ana Paula Lobato, mulher do líder da oposição na Assembleia Legislativa, Othelino Neto.

O vice-governador Felipe Camarão (PT) está rompido com Brandão, que apoia para sucessor o sobrinho Orleans Brandão, secretário de Assuntos Municipalistas. Josimar, líder da bancada maranhense do PL na Câmara, na Alema e nos 40 municípios em que elegeu prefeito, é odiado por Bolsonaro e por Michele, que tomou da deputada Detinha o comando do PL-Mulher estadual, por ordem do marido.

Portanto, esquisitices estão sobrando nos partidos no Maranhão. O MDB saiu das mãos dos Sarney depois de 30 anos e encontra-se com os Brandão, que têm Orleans como candidato a governador. O PL, com 40 prefeitos, não apresentou nenhum nome ao governo estadual. O Novo de Lahesio não tem um único prefeito ou vereador, mas ele aparece pontuando alto nas pesquisas para governador.

O PT do presidente Lula tem o pré-candidato Felipe Camarão, com apenas dois prefeitos, enquanto o PSD de Eduardo Braide, legenda que mais cresceu em 2024 no país, só conta com ele em São Luís, em gestão municipal no Maranhão. Mesmo assim, lidera todas as pesquisas rumo ao Palácio dos Leões.

Como os especialistas em eleições calculam que as de 2026 serão as mais caras e com o país ideologicamente mais dividido em todos os tempos, tudo que as pesquisas apontam hoje e os políticos anunciam em termos de candidatura pode não passar de “farofa pouca” no caldeirão eleitoral do próximo ano.

Nem o PL sabe, nem a direita sabe quem indicar para o novo embate das urnas na sétima eleição que Lula pretende disputar. A poucos dias de ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal por tentativa de golpe de Estado, a situação de Jair Bolsonaro é um enigma no cenário de 2026. Ademais, mesmo inelegível, ele protagoniza a pior crise na história da relação comercial de 200 anos entre Brasil e Estados Unidos.

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