9 de setembro de 2025
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Os motivos que fizeram Javier Milei ser humilhado nas eleições de Buenos Aires

Revista Fórum – Eleições provinciais mostram derrota acachapante depois de corrupção, brócolis e crise econômica na reta final; pesquisas erraram e por muito.

 O peronismo obteve uma vitória esmagadora e estratégica neste domingo (22) no maior colégio eleitoral da Argentina, a Província de Buenos Aires. A frente opositora Fuerza Patria, que reúne as principais correntes do peronismo e kirchnerismo, derrotou por mais de 13 pontos percentuais a força política do presidente Javier Milei, La Libertad Avanza (LLA).

O resultado, considerado uma severa derrota para o governo Milei, surpreendeu pela amplitude: com 97,85% das mesas apuradas, os resultados oficiais preliminares colocam à Fuerza Patria 47,28% dos votos, contra 33,71% da La Libertad Avanza. A vitória permitiu ao peronismo conquistar seis das oito seções eleitorais.

O kirchnerismo tinha uma vantagem pequena nas pesquisas, que apontavam uma margem de dois pontos e empate técnico entre o peronismo e o LLA.

Mas as pesquisas erraram feio e mostraram uma amplíssima rejeição ao governo de Javier Milei, que enfrentou uma série de crises na reta final.

Os problemas de Milei

Uma crise que certamente afetou o resultado de Milei nas provinciais é o escândalo de corrupção envolvendo Karina Milei, irmã do presidente e chefe de governo.

Vazamentos de áudios atribuídos a Diego Spagnuolo, ex-chefe da Agência Nacional para a Deficiência (ANDIS) revelam que Karina teria recebido propinas de 3% sobre contratos de compra de medicamentos para a rede pública de saúde.

Paralelamente, Javier Milei sofreu um ataque durante um evento político em Las Lomas de Zamora, na periferia de Buenos Aires. Enquanto participava de uma carreata, manifestantes hostis atiraram pedras, garrafas e até um brócolis na caminhonete onde ele e sua irmã estavam. O fenômeno mostrou a rejeição à Milei nas regiões mais pobres de Buenos Aires.

E aqui o detalhe do “brócolis”:

 

Além disso, a crise econômica em que o país se encontra, com baixos níveis de emprego e aumento da desigualdade social, além da instabilidade cambial do peso frente a o dólar, também tem colaborado para a queda continuada de Milei.

A vitória do Kirchnerismo

A ex-presidente Cristina Kirchner, condenada judicialmente e perseguida por lawfare, emergiu como uma peça central da narrativa pós-eleitoral.

Através de uma mensagem nas redes sociais, dirigiu-se diretamente a Milei: “Apontar o dedo e estigmatizar os deficientes, enquanto a tua irmã cobra 3% de propina pelos seus medicamentos, é letal”, escreveu.

Numa mensagem de áudio retransmitida ao comício peronista em La Plata, CFK agradeceu ao povo da província “por decidir impor um limite a um Presidente que não parece entender que deve governar para todos”.

O discurso de Milei

Em discurso para comentar os resultados eleitorais, o presidente da Argentina deixou claro que seu grupo foi o derrotado político da noite.

“Sem dúvida, no plano político, hoje sofremos uma clara derrota. […] Hoje os resultados não foram positivos e sofremos um revés eleitoral, e devemos aceitar isso”, afirmou o presidente.

Mas afirmou que não indicará um rumo em sua política econômica. “Não haverá recuo na política governamental. O curso não só está confirmado, como o aceleraremos e o aprofundaremos ainda mais. Porque não estamos dispostos a entregar um modelo que elevou a taxa de inflação de 300% para 20%”, afirmou.

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