Braide usa a metáfora para não antecipar candidatura em 2026
Por Raimundo Borges
O Imparcial – Já caminhando para completar o quinto ano de mandato à frente da Prefeitura de São Luís, Eduardo Braide (PSD) deu uma sacudida na pré-campanha de governador do Maranhão.
Ao dirigir-se diretamente à população para reafirmar uma promessa de 2024, de fazer do novo mandato os “melhores quatro anos da história de São Luís”, deixou mais dúvidas sobre o seu futuro político do que certezas de que não virá a ser candidato a governador, contrariando a decisão do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, que já o lançou duas vezes à sucessão estadual, sustentado nas pesquisas que, até a semana passada, o colocavam na liderança da corrida ao Palácio dos Leões.
Mesmo usando uma linguagem conceitual, no seu estilo de comunicação direta e precisa com a população nas redes sociais, Braide pode estar invertendo essa lógica.
No sentido metafórico e figurado, ele estaria, de fato, querendo ganhar tempo, adiando a decisão para um momento mais adequado de se lançar ao governo do Estado, quando enxergar chance real de mudar do Palácio de La Ravardière para o Palácio dos Leões em 2027 e completar os quatro anos históricos prometidos em 2024 para mudar São Luís. Afinal, Eduardo Braide não disse claramente: “Não serei candidato a governador”.
Braide sabe que seria arriscado demais assumir a candidatura ao governo com tanto tempo pela frente para decidir em abril de 2026. Até lá, ele pode realmente não entrar na corrida ao Palácio dos Leões — dependendo da posição de Orleans. É um jogo político de alto risco que exige estratégia, e não precipitação.
Sua gestão alcança elevada aprovação, graças a um programa de realizações que realmente fazem a diferença. A cidade de São Luís ganhou um projeto de urbanização até nos bairros distantes, saneamento básico com infraestrutura, asfaltamento de ruas, melhorias no trânsito, paisagismo, hospitais — sendo até um para pet —, subprefeitura na zona rural, etc.
Braide se depara com a candidatura do jovem Orleans Brandão (MDB), secretário de Assuntos Municipalistas do tio Carlos Brandão, que começou do zero e hoje já pontua nas pesquisas, até à frente da corrida ao Palácio dos Leões. Ele tem a garantia do partido que sustentou o sarneísmo desde seus primeiros anos até 2023, quando o irmão do governador, empresário Marcus Brandão, pai de Orleans, o recebeu de Roseana Sarney no Maranhão.
O grupo liderado pelos Brandão conta com mais de 170 prefeitos na base, a maioria esmagadora dos deputados estaduais e federais e dos senadores Weverton Rocha (PDT) e Eliziane Gama. Ela é do PSD de Braide, mas tem o apoio de Brandão e do presidente Lula.
Brandão tem uma programação bem estruturada de realizações em todas as regiões do Maranhão: combate à fome, apoio aos agricultores familiares, recuperação asfáltica e construção de novas estradas, ações nas áreas de saúde e educação, e parcerias municipais.
Nunca tantos ministros se fizeram presentes no Estado, anunciando investimentos no Porto do Itaqui, no prolongamento da Avenida Litorânea — com o dobro de sua extensão atual, passando de sete para 14 quilômetros —, além de outras áreas. Tudo isso junto faz a diferença na eleição de 2026, com o governador — primeira vez na história em que um governador trabalha para eleger um parente como sucessor, ficando até o último dia no mandato.
Braide tem apresentado uma performance pessoal bem diferente dos prefeitos que passaram pelo Palácio de La Ravardière. É altamente popular na capital, tem o que mostrar em realizações, mas, no entanto, não conta com estrutura política nos municípios. Ainda por cima, o vice-governador Felipe Camarão (PT) se diz pré-candidato do partido de Lula da Silva, que, por sua vez, não tem convicção de concorrer à reeleição.
O bolsonarismo está desgarrado, Brandão e Flávio Dino, rompidos — fato que, em tese, facilitaria Eduardo Braide. Talvez por isso, ele use metáforas para falar de sua candidatura ao governo em linguagem cifrada, para ganhar tempo e avaliar todos os cenários de forma mais objetiva.
Na última segunda-feira, 29/09, Braide voltou a abordar as eleições de 2026 em postagem dirigida aos seus “filhos” do interior — forma carinhosa como trata quem simpatiza com sua forma de governar São Luís. Em linguagem em que não diz claramente o que pretende, mas deixa claro o sentido do pensamento, ele apontou rumos de seu futuro.
Perguntou aos seus seguidores se recebe acompanhamentos de outras cidades que não são a capital: “Me disseram que eu tenho filhos em várias cidades! Então, eu quero saber: de qual município você me acompanha?”, provocou o prefeito, em uma mensagem que rapidamente gerou especulações sobre medir seu eleitorado no interior do Estado.