Eleição no MA não tem lado nem formato ideológico
Por Raimundo Borges
O Imparcial – A disputa pelo governo do Maranhão está ganhando forma, modo de ser e pretensões explícitas, mas não tem lado definido. Nem é uma pré-campanha de direita, muito menos de esquerda. Eduardo Braide (PSD) é de centro, e Orleans Brandão também.
A direita, por sua vez, assumiu essa condição como uma extensão do bolsonarismo que, porém, no Maranhão, foi agarrada como uma boia de salvação pelo deputado Yglésio Moyses (PRTB) e pelo ex-prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahesio Bonfim (Novo). A falta de lado está ainda presente no vice-governador Felipe Camarão, um neopetista de 2022, partido de esquerda que está pela quinta vez na Presidência da República, em 23 anos, junto com o centro.
Como um dos estados marcados pela pobreza, o Maranhão, porém, está longe de ser visto como um estado de esquerda, embora seja destacado como reduto onde o presidente Lula e Dilma Rousseff receberam as maiores votações do Brasil.
Como a pobreza não tem ideologia, mas sim a naturalização vista pelas classes dominantes e os acumuladores de riqueza, os indivíduos acabam capturados na malhadeira dos espertalhões de plantão. Significa que a eleição para governador do Maranhão de 2026 não será nada diferente de tantas outras. Não tem lado de esquerda, nem de direita. Mas está em todos os lados.
O maranhense, em geral, vota dissimuladamente. Já votou em Lula com Roseana Sarney; assim o fez com Dilma Rousseff em 2014 e Flávio Dino (PCdoB); e repetiu em 2018, quando Fernando Haddad (PT) venceu Jair Bolsonaro em 214 dos 217 municípios, no 1º e 2º turnos. Na faminta Belágua, Haddad obteve 89,59% dos votos, e Bolsonaro apenas 5,67%.
Em 2022, Flávio Dino recebeu, para o Senado, a maior votação da história do Maranhão – 2,1 milhões de votos, e Carlos Brandão (PSB) foi eleito no 1º turno. Mas nada indica que o eleitorado maranhense seja de esquerda. A “ideologia” está na máquina do governo.
Ideologicamente, a política tem lado. Mas, no Brasil, com a história marcada pelo colonialismo, golpes de Estado e tentativas – como em 2022/2023 –, só em 2018 o país passou a ter duas caras: a da direita bolsonarista e a da esquerda lulista.
Tal dicotomia política tem aparência de surrealismo. Orleans Brandão, Eduardo Braide, Carlos Brandão, Felipe Camarão e Lahesio são todos de centro. Os Brandão e Braide pendem à direita, e Camarão vira para a esquerda. Mas nenhum tem lado demarcado como referência no espectro ideológico. Na hora do voto, o que pesa é o nome do candidato, suas habilidades e a máquina.
O jornalista Douglas Pinho (PSD), campeão de votos em São Luís, apareceu na política quase por acaso, com seu jeito simples e origem humilde. Foi sortudo em se deparar com situações inusitadas e engraçadas em suas reportagens de TV. Braide o viu como um personagem político e o puxou pelo braço para a campanha de vereador.
É o lado do prefeito que, por sua vez, também tem uma liderança política muito pessoal e, ideologicamente, difusa. Já o secretário de Assuntos Municipalistas, Orleans Brandão, pode acabar como o único a chegar ao Palácio dos Leões sem qualquer referência política no currículo.
Quando Braide decidiu brincar com os eleitores, chamando-os de “filhos”, e eles gostaram, a brincadeira virou bandeira política, colorida com a imagem “paterna” do gestor que cuida da cidade, tornando-a um lugar bom, agradável e bonito para se morar. Como é de conhecimento geral, normalmente o prefeito é o chefe do Poder Executivo mais visado e, portanto, o alvo principal da indignação popular à sua volta.
Já o governador Brandão também assume uma liderança suprapartidária, municipalista e agregadora. Logo, ele e Braide são dois governantes que desenham, na política, formas geométricas bem parecidas, com vários lados ideológicos e nenhuma definição sociológica.