1 de outubro de 2025
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Governo dos EUA entra em shutdown; Como o Brasil pode ser impactado

CNN – Congresso não aprovou proposta de democratas e republicanos para orçamento do ano fiscal de 2026; serviços não essenciais serão reduzidos.

Em meio ao impasse entre democratas e republicanos no Congresso dos Estados Unidos, os legisladores não chegaram a um acordo na terça-feira (30) para aprovar o orçamento para o ano fiscal de 2026.

Com isso, a administração Trump sofrerá com um shutdown – uma “paralisação” – a partir desta quarta (1°). Isso significa que diversos departamentos federais vão paralisar atividades até que o pacote de gastos para o ano seja aprovado. Política, economia e sociedade norte-americanas serão impactadas.

Serviços como os de saúde e segurança pública, considerados essenciais, seguem trabalhando normalmente. Já outras agências têm apresentado planos de contingência para detalhar quais trabalhadores e operações seguem durante a paralisação.

O CBO (Escritório de Orçamento do Congresso dos Estados Unidos) alertou que, por dia, 750 mil funcionários poderão ser dispensados temporariamente, com custo diário de compensação de US$ 400 milhões.

A Casa Branca emitiu um alerta para que as agências federais preparassem planos de demissão em massa para o shutdown.

Enquanto isso, o Departamento de Estado norte-americano informou, em documento obtido pela CNN Internacional, que contará com menos de metade de seus contratados diretos enquanto a paralisação vigorar. Apesar disso, continuarão emitindo passaportes e vistos, por exemplo.

A Receita Federal dos EUA, por sua vez, informa que todos os 74,5 mil funcionários da entidade seguirão trabalhando normalmente.

Companhias aéreas dos Estados Unidos também alertaram que uma paralisação parcial do governo deve prejudicar o setor e causar problemas nos voos. Sindicatos dos controladores e da Administração de Segurança de Transportes pedem ao Congresso para impedirem o shutdown.

As exigências dos Democratas para o Orçamento giram principalmente em torno do setor da saúde, para estender subsídios ao programa Obamacare e reverter cortes no MedicAid.

No início do primeiro mandato de Trump, o governo dos EUA enfrentou um shutdown de 35 dias, que causou um prejuízo de US$ 3 bilhões no crescimento da economia do país, o equivalente a 0,02% do PIB (Produto Interno Bruto) norte-americano.

A economia também deve ser impactada com um “apagão” nos dados. Isso porque o Departamento de Trabalho do país informou na segunda-feira (29) que não divulgará o relatório mensal de empregos de setembro com a paralisação. A divulgação era prevista para sexta-feira (3).

O número é considerado um dos pilares para compreensão do cenário econômico e, sem ele, o Federal Reserve pode ter perspectiva ainda mais incerta para tomar decisões em relação aos juros e à política monetária.

Os mercados de ações e de câmbio também podem sentir os impactos, com oscilações vistas na sessão da terça-feira em torno dos índices mundo afora.

Como shutdown no governo Trump pode impactar o Brasil?

O impacto não deve se limitar, porém, às fronteiras norte-americanas. O shutdown pode ser sentido também pelo mundo, gerando efeitos em mercados como o brasileiro – como já tem feito.

Em termos de câmbio, o dólar tende a se valorizar – pelo menos a princípio. É o que espera Cristiane Quartaroli, economista-chefe do Ouribank.

A economista ressalta que o momento de incerteza tende a direcionar investimentos para ativos considerados mais seguros, como é o caso da moeda norte-americana.

Na percepção de Quartaroli, no entanto, caso o mercado veja a paralisação como um sinal de “desfuncionalidade política”, isso poderia pesar contra os ativos dos EUA e levar parte dos investidores a diversificarem em outras moedas.

“Acho que o real tende a sofrer num primeiro momento, acompanhando a aversão ao risco global, mas o impacto pode ser moderado se houver de fato fluxo positivo vindo das exportações via preço de commodities“, pondera.

Já Beto Saadia, diretor de investimentos da Nomos, vê a situação desfavorável para o ativo norte-americano. A justificativa é de que uma retração do PIB (Produto Interno Bruto), ocasionada pelo menor consumo interno aliado ao nível de dívida alto pode levar a uma “fuga maior de dinheiro”.

“Você tem de novo uma continuação de uma tendência que já vem se estendendo desde o início do ano, que é a desvalorização do dólar em relação ao resto do mundo”.

Empresas brasileiras também podem sentir os efeitos no ambiente de crédito, como relata Richard Ionescu, CEO do Grupo IOX. Isso porque uma eventual valorização da moeda dos EUA, somada a juros globais pressionados, encarecem o custo de captação.

“Isso reduz a margem de manobra das companhias e aumenta a seletividade dos investidores. Por outro lado, reforça a atratividade de instrumentos como FIDCs, que oferecem previsibilidade e proteção em meio à incerteza internacional”, analisa Ionescu.

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