Hamas solta todos 20 reféns vivos em Gaza e Israel começa a libertar presos palestinos em 1ª fase de acordo de cessar-fogo
BBC – O grupo palestino Hamas libertou nesta segunda-feira (13/10) os reféns que mantinha presos desde a incursão em 7 de outubro de 2023, segundo informação das Forças de Defesa de Israel (FDI).
Todos os 20 reféns que se acredita estarem vivos foram libertados. Eles foram divididos em dois grupos: sete foram libertados no norte de Gaza no início da manhã e 13 foram libertados no sul de Gaza mais tarde. Os corpos dos que morreram ainda não foram entregues a Israel.
Em troca dos reféns, Israel começou a libertar 250 prisioneiros palestinos e mais de 1,7 mil moradores de Gaza detidos. Os hospitais em Gaza estão se preparando para o retorno deles.
Ônibus levando prisioneiros palestinos chegaram em Ramallah, cidade que abriga a sede da Autoridade Nacional Palestina, adversária do Hamas, na Cisjordânia.
A libertação dos reféns faz parte do plano elaborado pelos EUA para encerrar a guerra em Gaza. Os corpos dos reféns falecidos — que seriam até 28 no total — serão entregues posteriormente, disse o Hamas.
Em um discurso no parlamento israelense, em Jerusalém, nesta segunda-feira, o presidente americano, Donald Trump, disse que “este é o amanhecer histórico de um novo Oriente Médio”.

No ataque perpetrado pelo Hamas no dia 7 de outubro de 2023, cerca de 1,2 mil pessoas morreram e 251 foram feitas reféns. Estima-se que 48 desses reféns ainda estavam nas mãos do Hamas, embora apenas 20 continuassem vivos.
A resposta de Israel a essa incursão deixou, em dois anos de conflito, mais de 60 mil mortos, muitos deles crianças e mulheres, e foi classificada por uma comissão de investigação da ONU e outras entidades como “um genocídio”.
Os primeiros a comemorar a notícia da libertação em Israel foram os familiares dos reféns.
“Após 738 dias agonizantes de cativeiro, Omri Miran, Matan Angrest, Ziv Berman, Gali Berman, Guy Gilboa-Dalal, Alon Ohel e Eitan Mor voltam para nós, para o abraço de suas famílias, que trabalharam incansavelmente pela sua libertação, de seus amigos e de toda uma nação que acreditou e lutou para que este dia chegasse”, disseram familiares de alguns dos reféns em um comunicado.
E acrescentaram: “Nossa luta não terminou. Ela não terminará até que o último refém seja localizado e devolvido para receber um enterro digno. Essa é nossa obrigação moral. Só então o povo de Israel estará completo”.
Uma nota manuscrita do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu e sua esposa Sara Netanyahu faz parte de um kit entregue aos reféns recém-libertados quando eles chegarem de volta a Israel.
“Em nome de todo o povo de Israel, bem-vindo de volta!”, diz a nota.
“Estávamos esperando por vocês, lhe damos as boas-vindas. Sara e Benjamin Netanyahu.”
O kit também inclui roupas, um laptop, um celular e um tablet.

Trump: ‘Amanhecer histórico no Oriente Médio’
O presidente americano Donald Trump chegou nesta segunda-feira ao Aeroporto Ben Gurion, nos arredores de Tel Aviv.
Várias figuras estavam presentes para recebê-lo, incluindo Netanyahu e sua esposa Sara, o enviado especial dos EUA Steve Witkoff, o assessor Jared Kushner e sua esposa Ivanka Trump — que é filha do presidente.

Em um discurso no parlamento israelense, em Jerusalém, Trump disse que “este é o amanhecer histórico de um novo Oriente Médio”.
Ele estendeu seus agradecimentos ao primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, a quem chamou de “homem de coragem excepcional”.
Alguns na multidão gritaram “Bibi” — o apelido do primeiro-ministro.
Trump também agradeceu às nações árabes que ajudaram nas negociações, dizendo que é um “triunfo incrível” que eles tenham trabalhado juntos.
Trump disse que agora “será a era de ouro de Israel”, bem como a “era de ouro” para toda a região.
O discurso de Trump foi interrompido quando um deputado da oposição em Israel ergueu um pedaço de papel com os dizeres “Reconheça a Palestina”.
O presidente do Parlamento, Amir Ohana, gritou para que se mantivesse a ordem em meio a fortes protestos contra o deputado, que foi rapidamente escoltado para fora da sala.
Trump retomou seu discurso dizendo que a ação contra o protesto foi “muito eficiente”.
Trump também deve se encontrar com as famílias de alguns dos reféns. Depois, ele viaja para o Egito para uma cúpula sobre a paz no Oriente Médio, onde estarão presentes cerca de 20 líderes mundiais.
Quando questionado mais cedo se gostaria de visitar Gaza, ele respondeu à imprensa a bordo do Air Force One que ficaria “orgulhoso” de fazê-lo.
“Eu conheço muito bem sem ter visitado”, diz ele. “Gostaria de fazer isso, gostaria de pelo menos colocar os pés lá.”

O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, chega nesta segunda-feira à cidade egípcia de Sharm el-Sheikh, onde será realizada a cúpula de líderes mundiais sobre o fim da guerra em Gaza.
Durante sua visita ao Oriente Médio, Starmer prometerá um pacote de ajuda humanitária no valor de 20 milhões de libras (R$ 147 milhões) para ajudar a fornecer serviços de água, saneamento e higiene a Gaza durante sua visita ao Egito hoje.
O financiamento faz parte de um compromisso mais amplo de ajuda no valor de 116 milhões de libras (R$ 856 milhões) em apoio ao povo palestino este ano.
“O Reino Unido apoiará a próxima fase das negociações para garantir a plena implementação do plano de paz, para que as pessoas de ambos os lados possam reconstruir suas vidas com segurança e proteção”, deve afirmar o primeiro-ministro.
