14 de outubro de 2025
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O que Brandão tem para falar com Lula

Por Raimundo Borges

O Imparcial – O encontro prometido para esta semana pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao governador Carlos Brandão ainda não tem data definida. Como a agenda deles será focada em destrinchar os embaraços das eleições do Maranhão em 2026, ninguém pode especular em batida de martelo por nenhum dos dois governantes.

Lula não tem o poder de ordenar que Brandão dispute o Senado e deixe o cargo para Felipe Camarão. Ou, de outro modo, aceitar facilmente a ideia do governador de permanecer até o fim e apoiar o sobrinho Orleans Brandão (MDB) como sucessor. Por isso, o tal encontro está no centro das atenções políticas no Maranhão.

O presidente Lula sabe que tem enorme força pessoal no eleitorado maranhense. Porém, a história registra que as suas votações não resultam em mandatos legislativos do PT, nem estadual nem federal. Do mesmo modo, Brandão conhece profundamente as entranhas do jogo político do Maranhão e sabe que o maior cabo eleitoral é a máquina.

Ele próprio foi fruto dessa realidade. Uma pesquisa do Real Time Big Data, divulgada em 22 de junho de 2022, mostrava o senador Weverton Rocha (PDT) com 24% das intenções de voto, contra 22% de Brandão. Em 20 de setembro, porém, o governador já aparecia com 41% no Ipec, contra 20% de Weverton. Em três meses, uma virada espetacular.

A diferença entre as duas eleições é a conjuntura. Em 2022, Flávio Dino era o líder do grupo que assumiu o poder em 2014 e candidato a senador, com Brandão no Palácio dos Leões, dando continuidade às realizações que marcaram a gestão dinista. E ainda contava com toda a equipe de governo que recebeu em abril, nos cargos, inclusive seu companheiro de chapa, Felipe Camarão, à frente da Secretaria de Educação — um órgão de imenso poder aglutinador de votos.

Agora, Dino é ministro do STF e não mais político, está rompido com Brandão e Felipe Camarão, e fora do governo. Hoje, a equipe de governo tem a cara do brandonismo, com ele agindo fortemente para eleger o secretário-sobrinho Orleans.

Há outras questões a considerar entre as duas eleições. Jair Bolsonaro, candidato à reeleição, escancarou uma política eleitoreira que incluiu até dinheiro para caminhoneiros e taxistas, em valores que passaram de R$ 2 bilhões, sem controle e sem amparo legal dentro dos programas sociais, segundo apurou a CGU em 2023. Milhares deles estavam com a CNH vencida e outros receberam também o seguro defeso.

Outra diferença era a relação do governo Bolsonaro com o Maranhão, estremecida em razão da posição ideológica de esquerda de Flávio Dino. Hoje, o governo Lula apoia amplamente Brandão. O Maranhão tem obras federais tanto em São Luís quanto no interior, além de parcerias nos programas sociais.

O terceiro ponto a considerar no encontro de Brandão x Lula é o fator Eduardo Braide (PSD). Sem dizer explicitamente que vai disputar o governo, ele trabalha a imagem de sua gestão na capital e, subliminarmente, atua nas redes sociais como pré-candidato. Braide lidera as pesquisas desde o começo do segundo mandato, em janeiro.

Como aparece sempre acima dos 32% nas pesquisas de intenção de voto, não se preocupa em formar grupo político, precipitar a eventual candidatura ou entrar em bola dividida no jogo da sucessão de Brandão — aliás, um governador bem avaliado e com robusto plano de investimentos.

Braide tem juventude, liderança pessoal e pragmatismo, mas não tem um “lastro” de lideranças municipais nos 216 municípios fora da capital, com prefeitos atuando na retaguarda e deputados fazendo o meio de campo. São essas estruturas conectadas que fazem a diferença na captação de votos.

Já Orleans dispõe do tio no governo e ele próprio está à frente de tudo que disser respeito à política municipalista em curso. Por outro lado, Lahesio Bonfim pontua alto nas pesquisas e tenta se tornar o único representante do bolsonarismo no Maranhão, mesmo com Jair Bolsonaro na iminência de ser encaminhado a uma prisão pelo STF.

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