Operação contra o PCC interdita postos de combustíveis no MA
John Cutrim – A Polícia Civil do Piauí deflagrou, nesta quarta-feira, a Operação Carbono Oculto 86, que apura um suposto esquema de lavagem de dinheiro da facção Primeiro Comando da Capital (PCC) em postos de combustíveis nos estados do Piauí, Maranhão e Tocantins. Ao todo, 49 postos já foram interditados, e foram cumpridos 17 mandados de busca e apreensão nos três estados e também em São Paulo, onde se concentra o núcleo principal da organização.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Piauí (SSP-PI), o grupo criminoso utilizava empresas de fachada, fundos de investimento e fintechs para fraudar o mercado de combustíveis e ocultar patrimônio obtido de forma ilegal. Também foram apreendidos imóveis, carros, uma aeronave e ativos financeiros.
Na manhã desta quarta-feira (5), as equipes policiais seguem em campo com a interdição de 49 postos de combustíveis nos municípios de Teresina, Lagoa do Piauí, Demerval Lobão, Miguel Leão, Altos, Picos, Canto do Buriti, Dom Inocêncio, Uruçuí, Parnaíba e São João da Fronteira, no Piauí; Peritoró, Caxias, Alto Alegre e São Raimundo das Mangabeiras, no Maranhão; e São Miguel do Tocantins, no estado do Tocantins. A ação faz parte das medidas cautelares determinadas pela Justiça.
As investigações identificaram ligações diretas entre empresários locais e operadores financeiros já investigados na primeira fase da Operação Carbono Oculto, deflagrada em São Paulo pela Receita Federal, Polícia Federal, Ministério Público e Polícia Militar.
Saiba a localização dos postos:
Piauí: Teresina, Lagoa do Piauí, Demerval Lobão, Miguel Leão, Altos, Picos, Canto do Buriti, Dom Inocêncio, Uruçuí, Parnaíba e São João da Fronteira.
Maranhão: Caxias, Alto Alegre e São Raimundo das Mangabeiras.
Tocantins: São Miguel do Tocantins.
Carbono Oculto
Em agosto, uma megaoperação com cerca de 1.400 agentes foi deflagrada em São Paulo para combater um esquema bilionário do PCC no setor de combustíveis. Segundo as investigações, entre 2020 e 2024, empresas formuladoras de combustível ligadas à facção importaram R$ 10 bilhões em nafta, hidrocarbonetos e diesel, usando dinheiro ilegal da facção. Essas empresas sonegavam impostos — que totalizaram R$ 8,67 bilhões — e também adulteravam combustíveis distribuídos nos postos.
Ainda de acordo com as investigações, as lojas de conveniência e as administradoras desses postos, além de padarias, também participavam do esquema. Mais de mil postos em dez estados eram usados pela organização criminosa.
De acordo com a Receita Federal e o Ministério Público de São Paulo (MPSP), tratava-se de um esquema complexo com várias frentes, que começava nas usinas sucroalcooleiras e na formulação de gasolina e diesel, e seguia com um sistema de ocultação de dinheiro por meio de fintechs e fundos de investimento. Durante a operação, a polícia fez buscas na Avenida Faria Lima, centro financeiro de São Paulo.
Até na Faria Lima
Dos 350 alvos da primeira fase da operação, 42 estavam na Faria Lima, incluindo fundos de investimento, gestoras e corretoras, além de fintechs. Entre as empresas investigadas estava a Reag Investimentos, gestora independente de recursos com ações negociadas na B3. Em seu site, a Reag se define como a maior gestora independente do Brasil (sem ligação com bancos), com R$ 299 bilhões sob gestão. Por ter suas ações negociadas na B3, a gestora garante seu compromisso com a transparência.
Segundo a Receita Federal, pelo menos 40 fundos de investimento, com patrimônio de R$ 30 bilhões, eram controlados pelo PCC. De acordo com o órgão, as operações de lavagem de dinheiro aconteciam justamente no mercado financeiro paulista, por meio de membros infiltrados na Faria Lima.
