Como explicar a confusão das pesquisas eleitorais
Por Raimundo Borges
O Imparcial – As pesquisas de intenção de voto para governador do Maranhão chegam a ser risíveis, tamanho o disparate dos números em relação à posição dos candidatos de maior preferência: Eduardo Braide (PSD), Orleans Brandão (MDB) e Lahesio Bonfim (Novo).
Semanalmente, esse tipo de consulta aparece como produção de diferentes institutos, cada qual mostrando que a eleição para quem vai sentar na cadeira de Carlos Brandão, a partir de 2027, está longe de ser algo previsível ou que mereça um pingo de confiança do eleitor. A única indicação em que a maioria das pesquisas está mais ou menos de acordo é sobre o nome do prefeito de São Luís, Eduardo Braide, como favorito.
Na mais recente pesquisa, divulgada há dois dias pelo Vox Brasil, Braide aparece à frente, seguido pelo médico Lahesio Bonfim, do Partido Novo. O secretário de Assuntos Municipalistas, Orleans Brandão (MDB), surge em terceiro lugar — posição que contrasta com várias outras consultas recentes em que ele lidera ou fica em segundo lugar.
Mesmo considerando a máxima de que pesquisa eleitoral é um retrato do momento, no caso maranhense, a campanha ainda não começou de fato e não há nenhum movimento brusco que possa alterar, de uma semana para outra — ou até em menos tempo — a percepção do eleitor pesquisado sobre os pré-candidatos apresentados na lista de quem busca captar sua preferência.
Pesquisas eleitorais são uma ferramenta de aferição do potencial de quem concorre a mandatos eletivos em qualquer lugar do mundo. Seja em regime democrático ou em outras formas de governo, as pesquisas servem como instrumento de orientação ao eleitor até o momento do voto. Os erros são mais comuns do que os acertos; mesmo assim, tais consultas nunca perdem o interesse.
Além disso, as empresas especializadas em tendências eleitorais também aferem outros interesses da opinião pública, inclusive sobre consumo ou fatos históricos de grande repercussão — como, por exemplo, o caso da megaoperação policial no Rio de Janeiro, com 121 mortos, há menos de duas semanas, cuja aprovação superou as expectativas.
Não resta dúvida de que, no jogo pesado de uma eleição — seja de prefeito, governador ou presidente da República —, alguns mitos são pontuais quando o assunto são as pesquisas eleitorais. É comum alguém expressar descrença nos dados, principalmente quando essa dúvida é embasada no interesse pessoal por determinado candidato.
Os negacionistas costumam desdenhar dizendo que nunca foram entrevistados por um pesquisador. Usam como exemplo levantamentos equivocados que acabaram frustrando expectativas em certas eleições, nas quais um candidato de partido “x” aparecia como favorito nas pesquisas, mas as urnas apresentaram resultados completamente destoantes.
Voltando ao caso maranhense, chama a atenção a postura do prefeito Eduardo Braide. Desde a reeleição, em 2024, seu nome tem aparecido em todas as pesquisas, quase sempre na liderança das intenções de voto, com percentual ao redor de 30%. Em uma ou duas delas, o emedebista Orleans Brandão apareceu à frente. Porém, com uma gestão de alto grau de aprovação, o prefeito da capital nunca afirmou ser candidato a governador.
Em 2026, ele estará no meio do segundo mandato e, caso dispute o Palácio dos Leões, terá que passar o cargo até o dia 3 de abril à vice Ismênia Miranda (PSD). No entanto, ele não confirma a candidatura nem mesmo para o partido, que já o lançou duas vezes ao governo.
Desde 2024, a Justiça Eleitoral tem redobrado sua atenção na criação de normas de vigilância sobre o uso da Inteligência Artificial para fraudar pesquisas de intenção de voto e macular as eleições, especialmente com artifícios de manipulação de imagens, vídeos e números.
No entanto, o risco dessa prática nunca deixou de existir, mesmo muito antes de essa tecnologia se fazer presente com enorme força popular, alinhada às fake news e às redes sociais. Em 2026, o meio digital, cada vez mais sofisticado, será um grande desafio à democracia brasileira e ao sistema jurídico. E o que dizer da desinformação no bojo dos deep fakes?
