8 de novembro de 2025
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PSB da pomba da paz vive em guerra no MA

Por Raimundo Borges

O Imparcial – No âmbito nacional, o PSB tem uma história fascinante, embora carregada de controvérsias desde sua fundação em 1947. O partido nasceu sob a bandeira da esquerda democrática, foi extinto pela ditadura militar em 1965 (AI-2) e refundado em 1985, no governo José Sarney – assim como ocorreu com o PCdoB e outras legendas.

Em 2022, o Partido Socialista Brasileiro recebeu a filiação dos tucanos Geraldo Alckmin, após 33 anos no PSDB, e Carlos Brandão, que desde 2014 ocupava o cargo de vice-governador do Maranhão na chapa de Flávio Dino (PCdoB).

Em 2025, o PSB vive a pior crise no estado que elegeu Brandão, em 2022, para o Palácio dos Leões; Dino, para o Senado; e 11 deputados estaduais. São contradições sobre contradições. Há três anos, Brandão foi eleito no primeiro turno, e Flávio Dino se tornou senador, com o recorde de 2,1 milhões de votos. Mas, em 2024, a legenda chegou às eleições municipais mancando e rachada entre dinistas e brandonistas, com Flávio Dino já atuando no Supremo Tribunal Federal. Foram apenas 19 prefeitos eleitos, muito aquém do esperado, enquanto o PL bolsonarista conquistou 40 prefeituras.

Em 6 de agosto passado, a senadora Ana Paula Lobato, esposa do deputado Othelino Neto – adversário de Carlos Brandão e de Iracema Vale – assumiu a presidência estadual do PSB, em ato realizado perante o vice-presidente Geraldo Alckmin, ministro de Lula e aliado do governador maranhense.

No dia 18 de agosto, Brandão confirmou à TV Mirante que estava deixando o PSB, enquanto avaliava um novo rumo partidário, como o MDB, presidido no Estado por seu irmão caçula, Marcus Brandão. Posteriormente, ele oficializou o desligamento, mas os deputados e prefeitos, por enquanto, aguardam a “janela” de filiação em 2026. Permanecem no PSB, agora comandado pela senadora adversária da maioria deles.

A Lei dos Partidos Políticos (Lei nº 9.096) dispõe, no artigo 20: “Perderá o mandato o detentor de cargo eletivo que se desfiliar, sem justa causa, do partido pelo qual foi eleito”. Portanto, os socialistas teriam que provar na Justiça Eleitoral que foi o PSB quem os abandonou, ao trocar a direção sem consultá-los.

Brandão, em tom de desabafo, declarou: “O PSB foi nos tomado e entregue à senadora Ana Paula. Quem perdeu foi o partido. Tínhamos condições de eleger de três a quatro deputados federais, aumentar a bancada atual na Assembleia e até fazer o governador”. O presidente nacional do partido, João Campos, nada fez para impedir a ocupação pelos dinistas. Afinal, Ana Paula ganhou um mandato inteiro no Senado como suplente de Flávio Dino. Seu marido, Othelino Neto, lidera o único bloco de oposição a Brandão, em uma movimentação que se direciona ao prefeito Eduardo Braide (PSD), caso ele resolva disputar o governo em 2026.

Se não bastasse esse desmantelo interno no PSB maranhense, o imbróglio esbarrou, nesta semana, na CPI mista do INSS, no Congresso, da qual Duarte Júnior é vice-presidente. Ele denunciou na CPI o deputado estadual licenciado Edson Araújo, também do PSB, por ameaça de morte recebida via WhatsApp. Pediu ao presidente da Câmara, Hugo Motta, e à CPI escolta e segurança para si e sua família. Ainda não se sabe se o pedido foi atendido. É mais combustível na crise que se instalou no PSB, às vésperas de possivelmente perder a presidente da Alema, Iracema Vale, além de um grupo de deputados e prefeitos.

Segundo Duarte, a ameaça ocorreu na terça-feira, dia 4, após o depoimento de Abraão Lincoln Ferreira da Cruz, presidente da Confederação Brasileira de Trabalhadores da Pesca e Aquicultura (CBPA), no qual o parlamentar o questionou sobre repasses suspeitos de verbas ao deputado estadual Edson Araújo (PSB-MA), vice-presidente da entidade. Em mensagens de WhatsApp, Araújo teria ofendido Duarte, chamando-o de “palhaço” por ter indagado a Abraão Lincoln o motivo de, após subtrair R$ 123 milhões de aposentados e pensionistas do INSS, haver depositado R$ 3,5 milhões na conta de Edson Araújo e mais de R$ 1,5 milhão para assessores. Ele também teria feito transferências para a empresa de Antônio Carlos Antunes, o “Careca do INSS”.

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