12 de novembro de 2025
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Sob gritos por taxação de milionários, protesto no 2º dia da COP30 termina com um ferido

BDF – Tumulto envolveu cerca de 60 pessoas e aconteceu na área oficial do evento, a chamada Zona Azul.

O segundo dia da 30º Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) terminou com um protesto na Zona Azul, área oficial que concentra os espaços de negociação do evento, pela taxação das grandes fortunas, na noite desta terça-feira (11). Os manifestantes também pediam por maior representação indígena na área oficial. “É uma área que nós nunca teríamos acesso”, disse um indígena Tupinambá que participou do protesto.

A manifestação começou por volta das 19h30, logo após a coletiva de imprensa que falou sobre o balanço das atividades do segundo dia. A Polícia Militar, a Força Nacional e o Corpo de Bombeiros formaram uma barreira para bloquear a entrada dos manifestantes e impedir a saída de quem já estava no evento, redirecionando os participantes para outro portão de acesso à rua.

O acesso à Zona Azul tem sistema de segurança rigoroso, com exigência de credencial e a passagem pelo controle de raio-x, semelhante aos equipamentos de aeroportos. Ao tentar furar esse bloqueio, os manifestantes foram barrados. No tumulto, uma pessoa da equipe de segurança ficou ferida e, segundo apuração da reportagem do Brasil de Fato, uma porta foi derrubada e um aparelho de raio-x foi quebrado. Há relatos de manifestantes agredidos.

“Quando a gente vai na casa de alguém, a gente espera ser bem recebido. Como é que a gente, na nossa casa, vai ser recebido assim, com as ruas fechadas, com polícia?”, questionou o indígena Tupinambá, que pede para não ter o nome revelado. Ele informa ter vindo do baixo Tapajós, no Pará, uma região bastante afetada pelas megaestruturas de escoamento da soja, onde populações tradicionais sofrem com desmatamento e perda das suas áreas de pesca e outras práticas tradicionais. No entorno do pavilhão do evento, a segurança também é rígida, com ruas bloqueadas, presença da Guarda Nacional e até um tanque de guerra.

Em um dos vídeos que circulou nas redes, uma pessoa acusava indígenas de estarem encabeçando o protesto, o que não é verdade. Os mais de 60 manifestantes integram movimentos populares e grupos político-partidários, e uma minoria é indígena. Bandeiras e outros objetos pessoais do grupo foram apreendidos.

Horas depois da dispersão dos manifestantes, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) emitiu nota lembrando que a COP30 é realizada em um país democrático – onde cabe a livre manifestação.

“A Apib reafirma que o movimento indígena é amplo e diverso e que esta entidade não coordenou as atividades da referida manifestação. Ao mesmo tempo, reitera o respeito ao direito de manifestação e à autonomia de cada povo em suas formas próprias de organização e expressão política”, diz o comunicado.

Durante o tumulto, pessoas carregando faixas de protesto contra a exploração de petróleo chegaram ao espaço e foram contidas pelos seguranças.

Segundo o G1, o secretário extraordinário da COP30, Valter Correia, afirmou que a organização da conferência estava tomando todas as providências sobre eventuais protestos. “A ONU tem todos os seus protocolos de segurança. Nós fazemos os pactos pacíficos de convivência com os movimentos e eles (segurança da ONU) estão aqui para garantir a segurança”, afirmou.

Por volta das 21h desta terça-feira, a Secretaria de Segurança do Estado do Pará (Segup) e o Ministério dos Povos Indígenas (MPI) realizaram uma reunião extraordinária para tratar do episódio.

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