17 de novembro de 2025
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Tarcísio espera prisão de Bolsonaro para se lançar à Presidência: “pá de cal no bolsonarismo”

Revista Fórum – Informações divulgadas pela CBN, rede de rádios do grupo Globo, diz que Tarcísio já fala há dois meses com marqueteiros, que o teriam orientado a aguardar a “comoção” com a prisão de Bolsonaro para oficializar candidatura anti Lula.

Uma apuração dos bastidores divulgada nesta segunda-feira (17) pela rádio CBN, rede que faz parte do grupo Globo, afirma que Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) já trata a candidatura anti Lula à Presidência como “plano A”, contratou marqueteiros e espera só a prisão de Jair Bolsonaro (PL) para oficializar a entrada na disputa ao Palácio do Planalto em 2026.

“A reação e a comoção são imprevisíveis. Podem ser fortes, mas podem ser nada. É a pá de cal na força do bolsonarismo na direita”, teria dito um “interlocutor” à rede de rádios da Globo.

Segundo a CBN, Tarcísio já contratou marqueteiros, com quem debate os planos para a campanha presidencial há pelo menos dois meses. A reportagem ainda desnuda a aliança com o Centrão, citando articulação do Republicanos com PL, União Brasil, PP e PSD. Os partidos são o braço política da terceira via, que ainda conta com a mídia liberal – incluindo o grupo Globo – e a Faria Lima.

G4 Valley

Neste domingo (16), após Flávio e Eduardo Bolsonaro (PL) anunciarem que o clã Bolsonaro quer a “cabeça de chapa”, Tarcísio divulgou um vídeo em que praticamente assume a candidatura à presidência.

O vídeo foi feito na sexta-feira (14), quando Tarcísio foi a estrela do evento G4 Valley, em interação com o empresário Tallis Gomes, um dos donos da G4 Educação, que ganhou notoriedade ao atacar mulheres em postos de comando de empresas e por dizer que não contrata esquerdistas.

“No corte, Tarcísio elogia o “país maravilhoso que é o Brasil” e ouve de Gomes que “está mal gerido hoje, o CEO é muito ruim”. CEO é a sigla, em inglês, para Chief Executive Officer e significa Diretor-Executivo – uma referência clara ao presidente Lula.

Após listar uma série de oportunidades que o Brasil oferece, Tarcísio afirma que é preciso “política pública para aproveitar isso”. “Então, primeira coisa, demite seu CEO”.

Cortes

Na mesma semana em que a Fórum revelou a existência de um campeonato de cortes pró Tarcísio por empresas de tecnologia, o presidenciável da terceira via participou do evento de Tallis Gomes, que fez ao menos cinco cortes da conversa com o governador paulista – incluindo o que seguram a bandeira do Brasil.

Além da participação no palco, feita na medida para gerar cortes lacradores nas redes, Tallis Gomes fez uma entrevista no estilo pingue-pongue sobre os principais temas de interesses da Faria Lima, como a privatização das estatais.

Nesse vídeo, o empresário faz perguntas levantando a bola para ter diretas rápidas de Tarcísio, com termos visando a propagação e lacração nas redes.

“Empresas estatais: patrimônio público ou puro suco de ineficiência?”, indaga Gomes, dando de presente o jargão para ser usado por Tarcísio.

“A maior absoluta dos casos puro suco de ineficiência. As que a gente está privatizando já estão voando e entregando resultados extraordinários”.

Antes, Tarcísio é indagado “como não ceder ao sistema”, em relação direta a Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que dias antes havia classificado o aliado de “candidato do sistema”.

O operador da máquina de cortes

Nesta segunda-feira (17), a Fórum revelou o rosto por trás da máquina de cortes que impulsionou Tarcísio, um jovem empresário que fala a linguagem da extrema direita digital.

Daniel Camargo Antunes, fundador da ClipfyAI, vende uma plataforma capaz de inundar as timelines com vídeos curtos enquanto, em frente às câmeras, desqualifica eleitores de esquerda e exalta figuras como Pablo Marçal.

É a tecnologia criada por Antunes que sustenta o “campeonato de cortes” pró-Tarcísio com prêmio de 50 mil reais, revelado pela Fórum e hospedado dentro da ClipfyAI. A mesma ferramenta que promete criar dezenas de perfis automáticos para um único cliente foi usada para organizar o exército de 72 produtores de conteúdo que trabalhou pró-governador, como mostrou reportagem anterior sobre o campeonato de cortes.

Nas redes, Daniel Antunes se apresenta como um garoto de 20 e poucos anos que descobriu o segredo para viralizar. Em um dos vídeos postado em suas redes sociais ele aparece sobre imagens de um ato de rua com uma legenda em vermelho: “como usar a manada de militante para alguma coisa”.

A fala resume seu olhar sobre a política: militantes não são sujeitos, mas um rebanho que pode ser empurrado na direção desejada por quem domina a linguagem dos algoritmos.

Esse desprezo pela participação popular se reflete em outros conteúdos. Em um vídeo dirigido a seus seguidores, Antunes diz que a quantidade de votos em Guilherme Boulos o “preocupa demais” e que, se o candidato do PSOL representa o que as pessoas acreditam, “isso me preocupa”.

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