20 de novembro de 2025
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Alemanha se retrata e elogia a Amazônia após insulto de chanceler

Brasil 247 – Governo alemão elogia Belém e reconhece a importância da Amazônia após fala polêmica de Friedrich Merz.

A repercussão negativa das declarações de Friedrich Merz sobre Belém levou o governo da Alemanha a divulgar uma retratação pública. O comentário do chanceler durante um evento empresarial em seu país provocou reação imediata no Brasil e entre parlamentares europeus.

Nota alemã busca conter desgaste após fala do chanceler

A polêmica ganhou força após o discurso do chanceler no Congresso Alemão do Comércio. Na ocasião, ele afirmou que nenhum jornalista que o acompanhou à COP30 gostaria de permanecer em Belém. “Perguntei a alguns jornalistas que estiveram comigo no Brasil na semana passada: ‘Quem de vocês gostaria de ficar aqui?’ Ninguém levantou a mão. Todos ficaram contentes por termos retornado à Alemanha, na noite de sexta para sábado, especialmente daquele lugar onde estávamos”, disse Merz.

Governo alemão reforça compromisso ambiental

A nota oficial também menciona o interesse da Alemanha em ampliar investimentos no Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), uma das iniciativas brasileiras para a COP30. O comunicado afirma que Merz apresentou a política climática do novo governo alemão e discutiu o tema em reunião com o presidente Lula. Parlamentares do Grupo Parlamentar Teuto-Brasileiro no Bundestag também criticaram a fala do chanceler, interpretada como uma comparação depreciativa entre Brasil e Alemanha.

Reações no Brasil

O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), foi um dos primeiros a responder às falas do chanceler. Nas redes sociais, classificou o comentário de Merz como “um discurso preconceituoso”, vindo de um país que “ajudou a aquecer o planeta”. Para ele, “o Pará abriu as portas e mostrou a força de um povo acolhedor. Curioso ver quem ajudou a aquecer o planeta estranhar o calor da Amazônia. Um discurso preconceituoso revela mais sobre quem fala do que sobre quem é falado”.

O prefeito de Belém, Igor Normando (MDB), também repudiou a fala. Ele afirmou que a declaração do chanceler “não representa o que a maioria da população do mundo inteiro acha da nossa cidade” e chamou o discurso de “preconceituoso, infeliz e arrogante”. Em vídeo, declarou: “Enquanto você vem com a sua arrogância, nós paraenses, belenenses e amazônidas vamos oferecer o que existe de melhor em nós, que é o nosso calor humano, o nosso acolhimento e o nosso amor. Cada um dá o que tem”.

A deputada federal Duda Salabert (PDT-MG) classificou a fala como “vergonhosa”, enquanto o deputado estadual Guilherme Cortez (Psol-SP), presente à Cúpula de Líderes, chamou o chanceler de “infeliz”.

Randolfe Rodrigues critica postura de Merz

O líder do governo no Congresso Nacional, senador Randolfe Rodrigues (PT-AM), também rebateu o comentário. Para ele, “o país mais bonito do mundo é o Brasil e ele já nasceu assim, não precisou intensificar o aquecimento global, tampouco destruir ecossistemas alheios para parecer grandioso”.

Em vídeo, acrescentou: “Vocês, a velha Alemanha, a velha Europa, foram responsáveis pela maior quantidade de CO² na atmosfera. A Amazônia realmente é quente e úmida, mas ficou mais quente devido aos danos que vocês emitiram”.

Lula sai em defesa do povo e da cultura do Pará

Nesta terça-feira (18), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) rebateu as declarações do chanceler alemão. Ao discursar, Lula afirmou que o Pará ganhou visibilidade nacional e internacional, destacando a hospitalidade e a riqueza cultural da população local. “O Pará saiu do anonimato nesse país. Qualquer parte do mundo sabe hoje que vir para o estado do Pará, para Belém, que é pobre, mas tem um povo generoso como poucas partes do mundo”, disse o presidente.

“O primeiro-ministro da Alemanha esses dias se queixou: ‘ah, fui ao Pará mas voltei logo porque gosto mesmo é de Berlim’. Ele, na verdade, devia ter ido a um boteco no Pará. Deveria ter dançado no Pará. Deveria ter provado a culinária do Pará”, afirmou Lula. Em seguida, acrescentou: “Ele ia perceber que Berlim não oferece para ele 10% da qualidade que oferecem o Pará e a cidade de Belém. Coma maniçoba, pô!”, ressaltou Lula.

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