Brandão e Braide disputam um “racha” no trânsito de São Luís
Por Raimundo Borges
O Imparcial – Como as capitais acabam sendo, de fato, a vitrine dos estados, São Luís não fugiria desta regra elementar em vários aspectos. O que a torna diferente de outras cidades é o longo histórico de quase 50 anos de governos municipais em desavenças com o governo estadual.
Desde a primeira eleição direta, em 1965, com Epitácio Cafeteira, até hoje, os dois palácios governamentais, separados apenas por um muro, jamais trabalharam de mãos dados em obras de qualquer natureza ou programas de governança considerados de apelo eleitoral. Pelo contrário, quando um não atrapalha o outro, cada lado procura fazer o que lhe convém sem o governador consultar o prefeito, e vice versa.
Quando o governador João Castelo inaugurou, em 1º de maio de 1982, o Complexo Esportivo Canhoteiro, batizando o estádio de futebol de Castelão, o ex-prefeito de São Luís, Epitácio Cafeteira, ironizou o nome da arena esportiva: “Quando fui prefeito não havia recurso para construir um grande estádio com o nome de Cafeteirão, mas deu para fazer o Nhozinho”. Ele se referia ao estádio Nhozinho Santos, na Vila Passos, que reinaugurou.
Assim essa picuinha política chega até ao Carnaval, dividindo-o entre os dois governantes de plantão e também aos festejos juninos – cada qual com seus arraias separados. Até as brincadeiras folclóricas acabam embalados por preferências políticas em São Luís.
Agora, por exemplo, o prefeito Eduardo Braide (PSD) deflagrou o maior projeto de mobilidade urbana e paisagístico a capital maranhense, chamado de “Trânsito Livre”, pelo qual eliminou as rotatórias das principais avenidas – com imensa repercussão política.
Por sua vez, o governador Carlos Brandão resolveu dividir esse achado popular no trânsito, construindo um viaduto na Avenida dos Holandeses e, agora, anuncia cortar no meio a rotatória da mesma Avenida, mas na entrada da Praia do Olho d’Água, cruzamento com a São Luís Rei de França. No mesmo dia 04/06, Braide prometeu mudar e urbanizar a rotatória do Bairro São Francisco. No cenário eleitoral, Brandão apoia Duarte Jr, e Braide está na luta da reeleição.
Como a relação entre os dois governantes não chegou ao confronto na esfera de governo, não resta dúvida de que, até agora, a população ludovicense está vendo seu cotidiano no trânsito ser desengarrafado por uma obstrução política histórica entre as duas esferas de governança.
No mandato, Braide tem aparecido bem colocado na liderança das pesquisas, mas Duarte Jr, com o qual disputou o 2º turno da eleição de São Luís em 2020, agora, o segue numa cautelosa aproximação nas intenções de voto. Mas nunca se deve subestimar a força da locomotiva do governo estadual para quebrar paradigmas políticos.
Desse modo, as eleições de São Luís se transformaram numa espécie de “racha” para facilitar a fluidez do trânsito da capital e influenciar o voto em outubro. Como cada lado procura descongestionar o trânsito das avenida como marketing eleitoral, que tal essa disputa política chegar também na melhoria dos hospitais, dos bairros favelados, da rede de ensino, do Meio Ambiente e da limpeza das praias?
Afinal, a população de hoje é outra, bem diferente daquela do tempo do Castelão e do Nhozinho. O modo de fazer ganhar voto saiu do futebol e se instalou nas redes sociais, onde tudo acontece para o bem e para o mal da política.
PÍLULAS POLÍTICAS
Bateu, levou (1)
Depois de meses de ataques à gestão do governador, de quem foi secretário da Representação de Brasília, o deputado Othelino Neto (Solidariedade) só esta semana pôde sentir a reação da base governista na Assembleia Legislativa.
Bateu, levou (2)
O líder do governo Neto Evangelista e os aliados Roberto costa, Gualbert Cutrim, Osmar Filho e José Inácio rebateram ponto por ponto as críticas de Othelino, que acusou Brandão de dar “calote” aos municípios e empresários.
Bateu, levou (3)
O bloco governista da Alema, com mais de 30 deputados, deu o recado a Othelino: daqui para frente vai ser na base do bateu, levou. Como o governo estava praticamente sem oposição na Alema, Othelino resolveu ocupar esse espaço vazio.
Jogo pesado
Com cara de armação eleitoreira, a Câmara Municipal de São Luís instalou, ontem, com seus meses de atraso, uma CPI para investigar contratos com supostas irregularidades na gestão do prefeito Eduardo Braide. E ainda assim, é uma CPI sem plano de trabalho.
Sr. Editor,
O trânsito livre do Sr. Prefeito, nada mais que esconder um trânsito caótico das avenidas, colocando dentro de bairros e ruas sem a mínima condição, produzindo enormes engarrafamentos. Vejamos o Renascença um caos e o beneplácito as empresas ali estabelecidas, ruas viram contra mão e avenidas entrada e saída aos amigos beneficiados.