Se errar em 2025, Brandão enterra o dinismo em 2026
Por Raimundo Borges
O Imparcial – Quem apostar em rompimento do governador Carlos Brandão com o vice Felipe Camarão na esteira das eleições de 2026, pode se preparar para perder. Desde quando estreou em cargos relevantes, como secretário de Estado do governo José Reinaldo e depois nos dois mandatos de deputado federal (2006-2014), o médico veterinário Carlos Brandão sempre adotou a postura de negociador, bom de conversa, cumpridor de compromissos e apoiador de políticas municipalistas.
A indicação de Felipe Camarão como vice foi resultado de uma estratégia de poder, montada pelo então governador Flávio Dino junto com e o vice Carlos Brandão em 2022. Portanto, 2026 será a prova de fogo para continuar o dinismo ou enterrá-lo sem choro nem vela.
Brandão, como vice de Dino nos dois mandatos no Palácio dos Leões foi um companheiro leal e participativo das ações do governo. O projeto de continuidade, portanto, teve a rubrica dos dois e o aval do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva, para filiar o secretário de Educação Felipe Camarão no PT e torná-lo vice da chapa de Brandão, já filiado ao PSB, no mesmo dia em que o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin deixa de ser tucano para se tornar um socialista.
O PSDB de Alckmin é o mesmo partido que Brandão comandou por dois períodos e o fez se tornar grande nas eleições municipais de 2016.
Falar hoje em rompimento de Brandão com Felipe Camarão é o mesmo que admitir dois fatos relevantes na política maranhense: o governador quebra a corrente de poder, criada com sua eleição junto com Flávio Dino em 2014; rompe com o PT, correndo risco de ver o governo do Estado novamente ignorado pelo Palácio do Planalto, como aconteceu na gestão de Flávio Dino nos dois anos de embates e chacotas do presidente Jair Bolsonaro, com o Maranhão, o governador e o Nordeste, pejorativamente rejeitado como terra de “paraíbas”.
Brandão foi eleito junto com Lula e Flávio Dino, senador e cotado para assumir o Ministério da Justiça, que acabou se confirmando, além de sua ascensão ao STF.
O que se imagina hoje é o seguinte: para romper com Felipe Camarão, Brandão teria que sacrificar o seu próprio futuro político e permanecer no mandato até o fim. Daria motivo para fazer a pequena oposição estadual se robustecer diante de um governador em fim de mandato, sofrendo o desgaste natural desse tipo de situação. Eleger um sucessor tirado da cartola e contra o partido que está no Planalto pela terceira, querendo ir para a quarta, não é uma engenharia política das mais promissoras nos dias atuais.
Com o país polarizado em 2026 entre Lulismo e Bolsonarismo, construir uma candidatura majoritária desvinculada desses dois segmentos cristalizados é uma aventura fadada ao fracasso.
Por exclusão, pode-se rapidamente chegar a conclusão de que, sem o seu vice como candidato a governador, Brandão terá dificuldade em construir um nome competitivo capaz de enfrentar, por exemplo, o prefeito de São Luís, Eduardo Braide que, mesmo sem dizer que vai disputar o Palácio dos Leões, já libera com folga as pesquisas até agora realizadas.
Fora isso, tem o ex-prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahesio Bonfim e o ex-senador Roberto Rocha que poderão se unir para capitalizar o bolsonarismo avulso no Estado. Afinal, as eleições de 2026, tudo indica, estarão intrinsicamente polarizadas entre bolsonarismo – extrema direita – e lulismo – segmentos de esquerda.
A eleição presidencial será amarrada às disputas estaduais. Vai sobrar pouco espaço para aventuras e improvisações. Nem a forças das redes sociais, instrumentalizadas na política, será capaz de criar cenários novos, principalmente, depois da radiação do populismo extremista que se propaga pelo mundo, com a presença de Donaldo Trump na Casa Branca.
Sob seu efeito, as democracias em todos os continentes estão impactadas pelo modelo aterrorizador, mas populista, implantado nos Estados Unidos. Logo, o político do Maranhão que tentar atropelar a história, pode correr o risco e cair na lenda popular: “Nem mel, nem cabaça”.