17 de junho de 2025
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Oriente Médio: poder, petróleo e potências

Por Michel Teixeira

Os recentes ataques de Israel contra alvos ligados ao Irã não são eventos isolados. Eles fazem parte de uma disputa geopolítica muito maior, que ultrapassa as fronteiras da região e envolve diretamente as duas maiores potências militares do planeta: Estados Unidos e Rússia. O que está em jogo não é apenas a segurança regional, mas a manutenção de zonas de influência em uma das áreas mais estratégicas do mundo, rica em petróleo, gás natural e posição geográfica privilegiada.

Israel, aliado direto dos Estados Unidos, tem adotado uma postura agressiva em relação ao Irã, especialmente diante do avanço da presença iraniana em países como Síria, Líbano, Iraque e Iêmen. Essa influência é vista por Washington como uma ameaça direta à estabilidade da região e aos interesses ocidentais, principalmente no que diz respeito à segurança energética e à proteção de aliados históricos, como Arábia Saudita e o próprio Estado israelense.

Por outro lado, a Rússia mantém forte presença militar na Síria e colabora com o Irã na sustentação do regime de Bashar al-Assad. Para Moscou, o Oriente Médio representa uma plataforma de projeção de poder fora de sua esfera natural de influência e um contrapeso estratégico à hegemonia americana. Além disso, o apoio a regimes como o sírio e a aliança com o Irã garantem à Rússia acesso a portos militares no Mediterrâneo e influência sobre os preços e o fluxo do petróleo mundial, área na qual compete diretamente com as potências ocidentais.

Enquanto isso, o Irã busca consolidar seu papel como potência regional, apoiando grupos como Hezbollah, no Líbano, e os Houthis, no Iêmen, além de manter milícias influentes no Iraque e na Síria. Essa atuação é percebida por Israel como uma ameaça existencial, o que justifica suas ofensivas militares, sempre com o respaldo ou a conivência dos Estados Unidos.

No centro de tudo está o petróleo. Mais de 30% da produção mundial ainda depende da estabilidade no Oriente Médio. Qualquer conflito de grandes proporções pode impactar diretamente os preços globais e a economia mundial. É por isso que, embora os ataques partam de atores regionais, as consequências e os interesses são globais.

A guerra no Oriente Médio não é apenas entre vizinhos. É uma batalha silenciosa (e às vezes barulhenta) por poder, influência e energia, travada sob o olhar atento, e muitas vezes, a ação direta, das potências que não estão dispostas a abrir mão de sua zona de domínio.

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