12 de agosto de 2025
DestaquesGeralPolítica

PDT e PSB negociam federação para fortalecer centro-esquerda

Por Raimundo Borges

O Imparcial – Desde a semana passada, os presidentes do PSB, João Campos (prefeito de Recife), e do Cidadania, Comte Bittencourt, entraram em conversações para o fechamento de uma federação que inclui também o PDT, do senador Weverton Rocha e do ex-ministro Carlos Lupi.

O Cidadania estava federalizado perante a Justiça Eleitoral com o PSDB, mas, em março deste ano, o casamento foi desfeito depois que a legenda tucana encolheu ao perder prefeitos e vereadores nas eleições de 2022. E, por cima, tanto João Campos quanto o tucano Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, despontam como pré-candidatos à Presidência da República na próxima eleição.

No Maranhão, o PSB e o PDT já estão unidos no grupo liderado pelo governador Carlos Brandão. De quebra, o PSDB, por seu lado, é presidido pelo secretário da Casa Civil, Sebastião Madeira, pré-candidato a deputado estadual. Já o PDT vai com tudo na busca de um novo mandato para Weverton Rocha, talvez com Brandão na mesma chapa.

A possível entrada do Partido Cidadania não pesa eleitoralmente, mas soma tempo de TV e rádio e entra na divisão do Fundo Partidário. A mesma base de Brandão está integrada pela federação “Brasil da Esperança” – PT, do vice-governador Felipe Camarão; PCdoB, do deputado federal Márcio Jerry; e PV, do ex-deputado Adriano Sarney.

Também o PP e o União Brasil, com este último vindo da fusão em 2021 com o PSL, tendem a construir uma federação, enquanto o PSDB e o Podemos já negociam como se fundir em uma nova legenda. Como o Brasil tem partidos demais, muitos deles acabam morrendo sufocados pelas regras da Justiça Eleitoral.

Estrategicamente, a fusão ou federação resulta em uma série de vantagens: mais dinheiro dos fundos partidário e eleitoral nas campanhas; mais espaço na divisão de emendas parlamentares; maior espaço para relatar projetos e presidir comissões no Congresso; e maior tempo de TV e rádio nas eleições de 2026.

Não é difícil, portanto, entender a diferença dos modelos e da estratégia que levam à junção dos partidos em um ano não eleitoral. Eles se unem para sobreviver e aumentar o cacife político tanto na eleição presidencial quanto nas disputas estaduais. No entanto, tais acomodações nem sempre atendem às peculiaridades regionais e acabam desarrumando as estruturas partidárias, principalmente quando é levada em conta a questão ideológica, que marca o cenário político brasileiro atualmente.

Os partidos de centro-direita, que comandam boa parte do Congresso, dos estados e dos municípios brasileiros, como o PSDB-Podemos, enfrentam problemas internos por espaço nas disputas eleitorais e no poder.

É sobre algumas disparidades regionais que os líderes estão debatendo como vão se entender unidos em 2026. Exemplo dessa realidade: o PSDB minguou com a debandada de quadros mais tradicionais para outras legendas, sem falar da perda, em 2024, da metade das 520 prefeituras conquistadas em 2020. Já o Podemos foi um dos partidos que mais cresceu nas eleições municipais de 2024.

Além do aumento de prefeitos, mais do que duplicou o número de vereadores, passando de 1.473 para 2.327. Tais fatores entram no debate sobre fusão, federação e coligação – cada qual com suas características dentro da complexa realidade político-partidária do Brasil.

No caso da federação PSB-PDT-Cidadania, as negociações seguem de forma bilateral. João Campos defende a aliança com o PDT para fortalecer o “campo democrático”, mas tendo como pano de fundo atender à cláusula de barreira e se fortalecer no Congresso Nacional.

Essa articulação é vista como tentativa de organizar o centro-esquerda, superando, por exemplo, as dificuldades da federação PT-PCdoB-PV, assim como também a aliança PSOL-Rede, com suas velhas disputas internas. O PV e a Rede se queixam da baixa influência nas decisões tomadas. O PDT tinha o Ministério da Previdência com Carlos Lupi, que caiu diante do escândalo do INSS, e agora a legenda toma postura de independência no Congresso, porém sem o aval de Weverton Rocha, que lidera a bancada.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *