19 de setembro de 2025
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Eleição do PT embaraça até a sucessão do MA

Por Raimundo Borges

O Imparcial – As eleições do PT são bem parecidas com as eleições americanas, respeitadas, obviamente, as disparidades entre escolher um dirigente da legenda petista e o presidente da maior economia do planeta. Mas, em termos de complicação, gargalos, recursos e dúvidas, as diferenças diminuem.

No último domingo, 6, o partido que elegeu Luiz Inácio Lula da Silva três vezes presidente do Brasil conseguiu eleger o ex-prefeito de Araraquara (SP) seu presidente nacional, quando a apuração ultrapassou os 74%, segundo o atual presidente, senador Humberto Costa (PE). O PT contabilizou, em 2025, depois de uma ampla campanha de filiação, 2.949.507 filiados – todos aptos a votar no PED nacional.

De fato, há quem compare, dentro do PT: realmente, o pleito tem cara da eleição americana, com a mistura de presidencialismo e parlamentarismo. Em cada estado tem um jeito próprio de disputar os cargos de direção. No Maranhão, sempre a eleição acaba em um grande chafurdo.

No domingo passado (6), nada menos que dez chapas e cinco candidatos a presidente concorreram ao comando do partido, numa disputa acirrada entre os grupos ou “teses” que dividem a síntese do pensamento petista. É tudo muito confuso quando se tenta entender a essência do PT no Maranhão, principalmente sua relação com o governo do Estado ao longo dos governos Roseana Sarney, Flávio Dino e Carlos Brandão.

Uma fonte do PT estadual informou que as mais votadas teriam sido as chapas Construindo um Novo Brasil (CNB), liderada pelo presidente atual, Francimar Melo, e Resistência Socialista, encabeçada por Genilson Alves. Porém, “dezenas de urnas não foram contabilizadas no tempo determinado pela direção nacional (20h15) de domingo passado”.

Esses dados foram enviados, sem que se soubesse quem teve mais votos. Ontem, 9, chegou a São Luís a coordenadora de Organização Eleitoral, Anny Moura. Ela passou o dia reunida com os dirigentes locais, buscando consertar as complicações do pleito. Enquanto isso, nem no site do PT consta qualquer resultado das urnas do Maranhão.

A corrente de Francimar Melo é ligada ao ex-presidente, ex-vice-governador de Roseana Sarney, ex-conselheiro do TCE, Washington Oliveira, atual secretário de Representação Institucional no Distrito Federal (SERIDF). Já o candidato Genilson Alves é ligado ao ex-deputado federal José Carlos Nunes Júnior, ou Zé Carlos da Caixa, atual superintendente do Incra no Maranhão.

Seja como for, o PT estadual está bem acomodado em cargos federais e estaduais, junto ao governo Carlos Brandão. O vice-governador Felipe Camarão continua trabalhando sua candidatura à sucessão estadual, desde que Brandão resolva disputar o Senado e passe-lhe o comando do Palácio dos Leões em abril próximo.

Não sem motivo, logo após a vitória matemática de Edinho Silva na Executiva Nacional, Camarão postou, em sua conta no Instagram, a mensagem: “Tenho orgulho de ter sido eleito Delegado Nacional na chapa do nosso novo presidente. Que Deus abençoe sua gestão à frente do maior partido da América Latina. Conte comigo!”.

Não é segredo que Edinho, um dos petistas mais próximos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seja defensor da candidatura de Felipe Camarão ao Palácio dos Leões. O governador Carlos Brandão também é alinhado de primeira ordem de Lula, mas joga todo o peso de sua força política no nome do secretário de Assuntos Municipalistas, Orleans Brandão.

Orleans cresce fortemente no interior do Maranhão, com um trabalho junto aos municípios. Como o ano não é eleitoral e a disputa estadual tem tudo a ver com a do Palácio do Planalto, no momento certo Brandão e Lula vão ter que se entender sobre a eleição de governador.

Enquanto isso, tanto Orleans acumula apoios políticos na Assembleia Legislativa e nos municípios, como Camarão segue com a mesma bandeira de pré-candidato a governador. O desfecho desse enredo terá de acontecer no momento em que a corrida ao Palácio dos Leões for demarcada com a presença do prefeito de São Luís, Eduardo Braide, do ex-prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahesio Bonfim, e o futuro do próprio Carlos Brandão.

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