20 de julho de 2025
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A origem da frase de Machado de Assis citada por Moraes no caso Bolsonaro

Revista Fórum – Decisão do ministro do STF que determinou medidas restritivas para Bolsonaro resgata texto escrito por Machado publicado sob pseudônimo.

Na decisão que determinou a imposição de medidas restritivas como o uso de tornozeleira eletrônica ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, citou uma frase do célebre escritor Machado de Assis.

“A soberania nacional é a coisa mais bela do mundo, com a condição de ser soberania e de ser nacional”, diz o trecho mencionado pelo ministro.

A citação foi feita para introduzir a parte da decisão em que o magistrado fala sobre o conceito de soberania, pontuando que ela “não pode, não deve e jamais será vilipendiada, negociada ou extorquida”, pois se trata de um dos fundamentos da República Federativa do Brasil.

“Um país soberano como o Brasil sempre saberá defender a sua Democracia e Soberania e o Poder Judiciário não permitira qualquer tentativa de submeter o funcionamento do Supremo Tribunal Federal ao crivo de outro Estado, por meio de atos hostis derivados de negociações espúrias e criminosas de políticos brasileiros com Estado estrangeiro, com patente obstrução à Justiça e clara finalidade de coagir essa SUPREMA CORTE no julgamento da AP 2.668/DF, para criar verdadeira impunidade penal e favorecer o réu JAIR MESSIAS BOLSONARO, impedindo o Poder Judiciário de analisar, por meio do DEVIDO PROCESSO LEGAL, a imputação criminal feita pela Procuradoria Geral da República”, diz ainda Moraes.

Machado de Assis ou ‘Manassés’

A frase citada pelo ministro do STF foi extraída de uma crônica publicada por Machado de Assis em 1º de outubro de 1876. O escritor era colaborador da revista quinzenal Ilustração Brasileira.

Ele publicou crônicas no periódico entre 1º de julho de 1876 a 1º de janeiro de 1878, sob o pseudônimo Manassés, totalizando 37 colaborações. Após a revista se tornar mensal, em fevereiro de 1878, o nome da seção mudou para História de Trinta Dias, e seguiu até o último número da revista, em abril daquele, somando mais três colaborações. Ao todo, foram 40 colaborações.

Em artigo, a professora da Unesp Sílvia Maria Azevedo, explica que, quando Machado foi convidado por Henrique Fleiuss para escrever as crônicas da Ilustração Brasileira, o escritor já tinha alguma experiência no gênero, pois durante a década de 1860, havia colaborado nos periódicos Diário do Rio de Janeiro, O Futuro e Semana Ilustrada

“O pseudônimo escolhido pelo escritor para assinar a seção – Manassés –, nome de um chefe de tribo israelita, filho mais velho de José do Egito, e que, em hebraico, significa ‘o que faz esquecer’ ou ‘votado ao esquecimento’, revelaria a intenção, na interpretação de Raimundo Magalhães Júnior, de camuflar a sua participação no jornal A Época, de Joaquim Nabuco, para não desgostar o mestre e amigo, José de Alencar, que na ocasião travava cerrada polêmica com Nabuco nas páginas de O Globo, de Quintino Bocaiúva”, conta a professora.

A obra de Machado àquela altura

Quando começou sua colaboração em julho de 1876, o escritor já havia lançado dois romances: Ressurreição, em 1872, e A mão e a luva, em 1874. Antes, já havia publicado também coletâneas de contos, peças de teatro e livros de poesia.

Entre agosto e setembro de 1876, lança o romance Helena, publicado em partes no jornal O GloboIaiá Garcia é publicado em O Cruzeiroe editado em formato de livro em 1878, após o fim da sua colaboração com as crônicas em Ilustração Brasileira.

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