20 de julho de 2025
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Bate-rebate partidário no entorno de Brandão

Por Raimundo Borges

O Imparcial – No momento em que a relação Estados Unidos–Brasil (principais países das Américas) virou um enorme imbróglio diplomático, político e comercial, no Maranhão a confusão é de natureza partidária sobre as estratégias da eleição de governador em 2026.

Há duas semanas, o partido Solidariedade, presidido pela advogada Flávia Alves, irmã do deputado Othelino Neto, marido da senadora Ana Paula Lobato, trocou de rumo no Estado. De oposição radical ao governo Carlos Brandão, o SD passou a aliado. A primeira medida da nova direção foi desfazer os processos que apresentou ao STF para anular a lei da Assembleia Legislativa que definiu regras de escolha de membros do Tribunal de Contas do Estado (TCE).

Após a federação, em junho, com o Partido da Renovação Democrática (PRD), o SD trocou de posição e passou a apoiar o governo Carlos Brandão (PSB). Mesmo assim, nada se alterou no trancamento de três ações que tramitam no STF, sob a relatoria do ministro Flávio Dino que, fora dos autos, é visto como um ator político de imenso poder — nas sombras e às claras.

Enquanto isso, o jogo da sucessão do governo maranhense passa pela eleição presidencial do ano que vem, na qual o presidente Lula sempre foi um espocador de urnas. Além do mais, o PT lulista tem no vice-governador Felipe Camarão o candidato que o Planalto quer emplacar, pela primeira vez, no Palácio dos Leões.

Parece fácil, mas não é. Carlos Brandão trabalha fortemente para deixar em sua cadeira o sobrinho Orleans Brandão, do MDB — partido hoje sob o comando do pai dele, Marcus Brandão. Na última quarta-feira, 17, a presidente da Assembleia Legislativa, deputada Iracema Vale, mostrou sua indignação sobre o travamento das ações no STF relativas ao caso TCE: “A gente espera que termine o mais rápido possível, aguarda que a Justiça dê uma decisão. O povo do Maranhão tem pressa”, desabafou em entrevista à TV Mirante.

O questionamento do SD, parado no STF, é visto como uma ação política de Flávio Dino. No entanto, ação, após ser distribuída, em tese, não pode ser retirada pelo autor.

Logo, por qualquer ângulo que se olhe, o cenário político do Maranhão hoje não tem como ser desvinculado do que ocorre em Brasília. É a primeira vez na história que alguém recorre ao presidente de um país amigo pedindo socorro sobre a possibilidade de ser condenado. No caso atual, ocorreu uma tentativa de violento golpe de Estado contra a democracia no país.

Jair Bolsonaro não só recorreu a Donald Trump como ele, em resposta, agiu duramente contra o Brasil sobre um assunto jurídico do Supremo Tribunal. Ideologicamente, agiu para desmontar a economia brasileira, impondo o tarifaço de 50% sobre as importações do país amigo e abriu investigações sobre vários itens, inclusive o Pix, além de ordenar o “encerramento imediato” da ação contra o extremista de direita Jair Bolsonaro.

No Maranhão, o mesmo Othelino Neto que há poucos dias perdeu o controle do SD no Estado foi se reunir com o presidente do PSB, João Henrique Campos, numa articulação para assumir o controle de seu braço estadual via senadora Ana Paula. O partido de Carlos Brandão, de Iracema Vale e do vice-presidente Geraldo Alckmin foi a última filiação de Flávio Dino antes de chegar ao STF.

Portanto, essa confusão partidária do Maranhão já fumega na Praça dos Três Poderes e na cúpula do PSB nacional e estadual, com repercussão nas pré-candidaturas de Felipe Camarão (PT) e Orleans Brandão (MDB).

Se o governador deixar o PSB, o caminho natural dele é o MDB, dirigido pelo irmão Marcus. De quebra, pode indicar Roseana Sarney candidata ao Senado. Além disso, Maura Jorge, do PP de André Fufuca — pré-candidato ao Senado — já se cacifa para vice na chapa de Orleans. O PP está federalizado com a União Brasil, outra legenda forte no Maranhão. Já o presidente Lula deu uma guinada na aprovação das pesquisas depois de cutucar o seu colega Donald Trump por agir sobre a soberania do Brasil. Enquanto isso, Jair Bolsonaro passou a usar, ontem, tornozeleira eletrônica, por ordem de Alexandre de Moraes. Motivo: razões de sobra para fugir.

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