Veja o xadrez da eleição municipal do Maranhão
Por Raimundo Borges
O Imparcial – Historicamente em qualquer estado do Brasil, a disputa da prefeitura da capital tem sido uma cartada determinante para consagrar ou detonar governadores. Em São Luís, onde o governador despacha no Palácio dos Leões, separado apenas por um muro do Palácio La Ravardière, sede da prefeitura, não é diferente em 2024.
Há até uma espécie de mandinga eleitoral a ser desmanchada, de o governador de plantão não conseguir eleger um prefeito em São Luís em toda a sua história democrática. E já foram 11 eleições diretas desde Epitácio Cafeteira em 1965.
Desde 2023, o prefeito Eduardo Braide (PSD) tem aparecido liderando as pesquisas de intenção de voto, seguido de perto pelo deputado federal Duarte Júnior (PSB). Significa que dificilmente haverá outro candidato capaz de mudar esse cenário até a eleição de 6 de outubro.
Esta semana, o ministro das Comunicações, Juscelino Rezende, deputado Federal licenciado, insinuou que a União Brasil poderá lançar o deputado estadual Neto Evangelista na disputa de São Luís. Logo ele que acaba de ser nomeado líder do governo Carlos Brandão, na Assembleia Legislativa (Alema).
Vale lembrar que a União Brasil é resultante da fusão do DEM, origem de Evangelista, com o PSL, de pouca expressão no Maranhão antes de o deputado federal Pedro Lucas trocar o PTB pelo comando da legenda, com o aval do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), do senador Weverton Rocha (PDT) e do hoje presidente nacional da UB, Antônio Rueda.
Na mesma ocasião, o então prefeito de São Pedro dos Crentes Lahésio Bonfim trocou o PTB pelo PSL, partido pelo qual Jair Bolsonaro foi eleito em 2018 e tornou-se o maior líder da extrema direita da América Latina.
As eleições de 2024 no Maranhão vão provocar desconcertantes encontros e desencontros nas disputas municipais, a partir de São Luís. O prefeito Eduardo Braide, filiado ao PSD, pode ter o apoio do senador Weverton Rocha e da senadora Ana Paula Lobato, mas nem tanto da senadora Eliziane Gama, filiada ao mesmo partido.
Sem a presença de Flávio Dino na política, Carlos Brandão vai apoiar Duarte Júnior (PSB), que deve ceder a vice ao PT, invertendo em São Luís a posição nacional em que Lula tem Geraldo Alckmin, do PSB, na vice. E Neto Evangelista, que foi aliado de Weverton contra Brandão em 2022, hoje é seu líder na Alema.
Brandão, que vinha desde 2022, quando sucedeu a Flávio Dino, sem oposição na Alema, hoje tem o grupo liderado pelo deputado Othelino Neto que, até novembro do ano passado era secretário da Representação do Maranhão em Brasília.
Ele foi nomeado por Brandão, mas sendo do PCdoB, de origem dinista. Como se pode perceber, o imbróglio político na disputa da prefeitura de São Luís é apena a ponta de um iceberg que está presente em praticamente todos os 217 municípios do Maranhão, nos quais a mão do governo tem peso decisivo na eleição.
PÍLULAS POLÍTICAS
Reviravolta (1)
A maior reviravolta da política na presente temporada ocorreu em Coroatá, único município em que o PT elegeu um prefeito em 2020 – Luiz da Amovelar Filho, cassado pela Justiça Eleitoral em 2021, com o vice Juscelino da Fazenda, e depois foram reintegrados.
Reviravolta (2)
Agora, com direito até a manifesto, Amovelar se uniu a Ricardo Murad, seu mais ferrenho adversário político e vai lançar a sobrinha Aryanna Amovelar, candidata a prefeita e Tatiana Murad, filha de Ricardo, compondo a chapa como vice-prefeita.
Empréstimo robusto
Em mensagem encaminhada à Assembleia Legislativa, o governador Carlos Brandão pede autorização para tomar um empréstimo de R$ 1,9 bilhão junto ao Banco do Brasil, com respaldo da União, depois de conseguir outro de R$ 350 mi no BNDES.
Ordem de cima
Por enquanto, nada de candidatura do deputado Neto Evangelista à prefeitura de São Luís. Ele precisa saber antes a opinião do governador Carlos Brandão, que apoia Duarte Jr. Neto é líder do governo na Assembleia, mas gostou da ideia do ministros Juscelino Rezende (Comunicações).