21 de novembro de 2024
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Pobreza também tem dono no Maranhão

Por Raimundo Borges 

O ImparcialNa semana passada o IBGE apontou o Maranhão como o estado mais pobre do Brasil, segundo o ranking do IBGE sobre o IDH. Muita gente entendida ou não em questão econômica arriscou debater o tema. Porém, como é impossível destrinchar-se de improviso um assunto tão áspero e complexo, vou aproveitar para trilhar, empiricamente, pelas beiradas ou pelo lado mais fácil de entender.

O Maranhão junto com o vizinho Piauí estão geograficamente, numa sub-região chamada Meio Norte. Nos extremos, o Maranhão herdou uma espécie de pobreza climática, histórica e sistêmica. No Sul, o tórridosertão nordestino; no Norte, as terras úmidas e fracas da Amazônia Legal, que engole 181 de seus 217 municípios.

Vale lembrar que, auma década atrás, o interior do Maranhão era “rico” de escolas erguidas  de taipa e cobertas de palhas de babaçu, sem água, banheiro, merenda e pedagogia a altura da clientela filha da pobreza extrema. O professorado era, em grande parte, leigas e leigos, saídos da mesma realidade rural da nomeação política, ganhando uma miséria salarial.

Os coitados faziam que ensinavam o que não sabiam, e os alunos faziam que aprendiam o que não lhe era ensinado. Até o meado do século 20, o interior do Maranhão era dominado por latifundiários “coronéis”, de patente comprada, ou apenas autodenominados. O autodidatismo se fazia presente até no meio advocatício e de delegados de polícia – com provisionados.  

A localidade Jaguarana, no 3º distrito de Caxias, “princesa do Sertão”, vizinha do Piauí, fonte de riqueza e saberes intelectuais, porém, com a zona rural paupérrima. A agricultura era primitiva e de subsistência para os homens e a quebra do coco babaçu, para as mulheres – todos analfabetos. Era retrato da base econômica do Maranhão como um todo.

Ali moravam 32 duas famílias agregadas do “coronel” Francisco Alves, latifundiário de 10 mil ha, morador em Campo Maior, no Piauí. Minha mãe, dona Demétria, era a única mulher em Jaguarana que sabia ler, escrever, ensinar os filhos o pouco que sabia, e votar.

Da produção da roça, os moradores entregavam 1/3 ao dono do pedaço. Coco babaçu e o pó da palha de carnaúba eram trocados por querosene, sal, café, açúcar e barras de sabão, como escambo na quitanda do encarregado do “coronel”. Ele vigiava e controlava a produção dos caboclos. Quem ousasse vender sua coisas diretamente em Caxias, corria o risco de ser expulso das terras do piauiense.

Grande parte desses moradores era fugida da seca do Ceará e do Piauí. Pouca coisa mudou naquela lugar, que residi até 16 anos, mas ocorreram mudanças em Caxias, no Maranhão e no Brasil. a pobreza, trazida pela escravidão, a falta de educação, a seca e a política de baixa qualidade persistem.

Está claro que, sem transformação no meio rural, com apoio oficial, distribuição de terra e tecnologia aos pequenos agriculturas – como existe no agro –, o Maranhão vai penar por muito tempo para se deslocar da rabeira do ranking da pobreza brasileira. Ao redor das cidades está a raiz da pobreza: agricultores velhos, expulsos do meio rural, onde só aprenderam fazer o que não conseguem nas favelas urbanas.

Muitos deles ainda continuam votando com o polegar direito, vivendo do Bolsa Família, puxando para baixo ranking do IDH e sem saber qual a maldição desse tal Meio Norte, onde a politicalha, a corrupção e a desigualdade operam como uma epidemia, na qual muitos andam, andam e não saemdo lugar. Só para o cemitério.

PÍLULAS POLÍTICAS 

Processo travado

Alegando risco de danos irreparáveis aos princípios legais, o ministro do STF, Flávio Dino deferiu liminar requerida pelo Partido Solidariedade, contra as regras sobre a escolha de conselheiros do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Paralisa a indicação do advogado Flávio Costa.

O nascedouro

O Maranhão tem os dois lados da pobreza: o do Nordeste, da velha carência nativa, filha das oligarquias políticas, e do Norte, dos rios e das terras frescas da floresta tropical, ainda sob muito isolamento longe das vistas grossas da política.

Viaduto de Braide (1)

O prefeito de São Luís, Eduardo Braide está no último ano de mandato, tentando jamais se parecer com João Casteloque, no desespero de enfrentar um adversário forte, como Edivaldo Jr, inventou o tal do VLT e perdeu a reeleição.Braide segue firme, mas com Duarte Jr na cola.

Viaduto de Braide (2)

Castelo perdeu a reeleição e deixou um mondrongo imprestável chamado VLT. Edivaldo deixou a cidade enfeitada de praças e Braide tentar acabar com as encrencas do trânsito na cidade, inclusive com um viaduto que pode ser no Tirirical, entrada de São Luís.

Viaduto de Braide (3)

Braide anuncia o primeiro viaduto em São Luís, com recursos da prefeitura da capital. Cria suspense sobre o local, mas publica a croqui que, pelo jeito, pode ser na rotatória do aeroporto da capital, no São Cristóvão, ou na Av. dos Holandeses.

Um comentário sobre “Pobreza também tem dono no Maranhão

  • Amigo Borges, recentemente estive em nossa cidade, a princesa do Sertão, lá às terras agricultaveis estão sendo adquiridas a preço de banana, pelos guachos paraguaios e com isso matando os perenes riachos e brejos com seus correntões. Outrora os festivais de Arroz, Cocô Babaçu e Algodão, não são visto mais. O pequeno produtor contando os dias de sua passagem breve nesse nosso Ma.

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