21 de novembro de 2024
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Sisteminha Comunidade começa a ser implantado em escala nacional

O termo de execução descentralizada (TED) firmado entre a Embrapa Cocais e o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) para a implantação de mil Sisteminhas Comunidades em todas as regiões brasileiras, por meio do projeto “Sisteminhas Comunidades: Povos e Comunidades Tradicionais”, está na fase de planejamento e estruturação das ações. Esta iniciativa é um marco para o desenvolvimento sustentável e a segurança alimentar no País, uma vez que a tecnologia permite produzir vegetais e pequenos animais para consumo local.

Desenvolvida originalmente nos laboratórios da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e aperfeiçoada na Empresa, a tecnologia será multiplicada em escala nacional por meio de ações do MDA, com apoio da Embrapa, institutos federais de educação e outras instituições parceiras. Está em processo a formação de uma rede nacional para levar mil Sisteminhas Comunidades no prazo de 36 meses.

O pesquisador Luiz Carlos Guilherme, da Embrapa Cocais, que desenvolveu o Sisteminha, está participando de reuniões nos locais onde o Sisteminha está consolidado e de onde será realizada a expansão regional. A última delas foi realizada de 3 a 5 de julho, em Dourados (MS), com equipes de pesquisadores da piscicultura  e gestores da Embrapa Agropecuária Oeste, o engenheiro-agrônomo Carlos Alberto Ramos Ansarah, do MDA, e o coordenador de Produção Sustentável da Coordenação-Geral de Etnodesenvolvimento da Funai, Leiva Martins Pereira. Anteriormente, ocorreram reuniões em Roraima, Paulistana, Petrolina, Arari e Tuntun. Novos encontros estão programados para Fortaleza, Paraná, Rondônia, Minas Gerais, Bahia e Rio Grande do Sul.

Segundo Luiz Carlos Guilherme, ao sair do foco do tratamento individual em cada família para um tratamento coletivo, de visão mais holística em relação à comunidade, o Sisteminha Comunidades vem orientando oportunidades de negócios e formas de lidar com a aquisição de insumos, orientações técnicas, formação de novas lideranças, abrindo oportunidades de conhecimento e relação com comunidades vizinhas, o que permite agregação de valor e interação com o mercado.

“Há uma atuação coletiva de trabalho e atividades que vão permitir que as famílias sejam parceiras do processo. Esse é o principal avanço, a visão coletiva e a rede de parceiros e instituições, uma união de esforços entre técnicos e produtores, formando um batalhão coletivo de multiplicadores populares que podem evoluir, inclusive, para microempresas, minimizando os problemas de falta de empregos e oportunidades e potencializando a capacidade de produção de bens pelas famílias em vulnerabilidade, seu empoderamento e bem-estar.”

Seguindo esse processo participativo e princípios ecossistêmicos, será dada ênfase na produção de peixes, ovos e vegetais como macaxeira, milho, abóbora, batata-doce, inhame, feijão, melancia e olerícolas, entre outros, visando promover a segurança alimentar e nutricional das famílias parceiras. “O Sisteminha Comunidades produz alimentos de forma muito rápida e ainda oferece autonomia às pessoas e fonte de aprendizado e conexão comunitária, o que mostra o papel da tecnologia na inovação tecnológica e social para a sustentabilidade da atividade produtiva e o desenvolvimento local duradouros, com a participação ativa da comunidade e da rede de parceiros e apoio das políticas públicas”, completa Luiz Carlos Guilherme.

O chefe adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados/MS), Auro Akio Otsubo, e membro do Comitê Permanente de Governança de Iniciativas com Povos Indígenas, destacou a importância dessa etapa do trabalho que antecede a escolha dos locais em que o sisteminha será implantado, pois possibilita uma ampla intereção entre os participantes e os líderes. Ele disse ainda “essa metodologia vai proporcionar resultados mais adequados às necessidades às caracteíritcas geográficas e culturais de cada aldeia envolvida nste projeto”. Inicialmente estão em negociação a instalação de módulos de produção nas aldeias indigenas de Dourados e Caarapó. Com perspectivas reais da entrada de outras comunidades tradicionais do estado.

Ramão Fernandes, capitão da Aldeia Jaguaipiru, etnia Kaiowá, que participou da última reunião, expressou a alegria do seu povo em fazer parte desse processo. “Vamos abraçar a iniciativa e concretizar o sonho de produzir nosso próprio alimento”.

 

Sobre a tecnologia social

O Sisteminha Comunidades constitui uma inovação significativa na produção de alimentos, direcionada especificamente para comunidades indígenas, quilombolas e outros 26 grupos tradicionais no território nacional. A tecnologia adota uma metodologia integrada que envolve a disposição sinérgica de até 15 módulos de produção miniaturizados, sendo cinco na versão comunidades – incluindo peixes, aves, composteira, minhocas e o cultivo de diversas plantas como milho, macaxeira, inhame, abóbora, batata-doce, feijão e melancia, entre outros. Essa estratégia não somente produz alimentos de forma sustentável, mas também contribui para a melhoria do solo, qualidade da água e biodiversidade.

Além disso, o projeto facilita o acesso a insumos de alta qualidade e produtividade, combinando práticas tradicionais com tecnologia avançada para assegurar segurança alimentar e nutricional. A abordagem integrada do Sisteminha destaca-se por sua diversidade e flexibilidade, alinhando-se diretamente com vários Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas, como erradicação da pobreza, fome zero, saúde e bem-estar, igualdade de gênero, água limpa e saneamento, redução das desigualdades e consumo e produção responsáveis, além de aderir aos critérios ESG, um conjunto de padrões que avaliam o desempenho e o impacto de um negócio em relação aos aspectos ambientais, sociais e de governança corporativa.

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