Sobre “A história de nossas vidas”, livro de Dorian Menezes
Por Iran de Jesus Rodrigues dos Passos
Professor na UEMA, Crítico Literário, Jornalista e Produtor Editorial
O livro “A história de nossas vidas”, de Dorian Riker Teles de Menezes, prefaciado pelo advogado Carlos Nina, sob o selo da Editora Lux, lançado em São Luís, em janeiro de 2024, é uma viagem milenar em busca da ancestralidade da família construída com Maria Ivani Brasil de Menezes, esposa dele.
É uma obra autobiográfica, constituindo, como quer Philippe Lejeune (PHILIPPE. “O pacto autobiográfico”. De Rousseau à internet. NORONHA, Jovita M.G. (org.) Belo Horizonte: UFMG, 2008. 404 p. pág. 15), uma narrativa retrospectiva em prosa na qual Dorian Menezes, no caso uma pessoa real, relata sua própria existência, focalizando sua história individual, em particular a história de sua personalidade.
“A história de nossas vidas”, entretanto, na contramão dessa perspectiva, acaba sendo um relato coletivo, ou seja, uma obra que interessa a todos, eivada que é de elementos antropológicos, geográficos, históricos e sociais. Em sendo, assim, o livro de Dorian Menezes rompe as fronteiras da autobiografia, da biografia, do autorretrato, do diário, da memória e do romance pessoal.
Não deixa de ser uma obra literária na medida em que apresenta uma linguagem leve, com o texto buscando situar o leitor nos mais diversos cenários retratados, em uma sucessão de histórias que se delineiam e se entrelaçam à medida que o calendário avança. Para mais, toda narrativa retrospectiva em prosa que uma pessoa real faz de sua própria existência é vista como literatura.
O ponto de partida da obra foi fixado no ano 924 do século X, nas terras de Leão e Galiza, até onde chegaram as pesquisas do autor. Na Península Ibérica, encontrou os Meneses. De lá para os dias atuais, acompanhou a sucessão de aventuras dos personagens da linhagem familiar dele ao longo de todo o segundo milênio da Era Cristã e adentrou no primeiro século do terceiro milênio.
No percurso, os Meneses uniram-se aos Teles, no ano de 1179, século XII. Ainda em terras lusitanas, no ano de 1534, século XVI, Dorian Menezes encontrou, também, vestígios dos Pereiras, ancestrais maternos de Maria Ivani. Os Rikers, os encontrou na América, no ano de 1638, século XVII, tendo seu bisavô emigrado para o Brasil em meados do século XIX, mais precisamente no ano de 1867, após a “Guerra de Secessão”.
Lendo o livro, observa-se que o autor não se limitou a nomes, locais e datas. A propósito, no prefácio da obra, Carlos Nina diz que Dorian Menezes “ Descreve em ‘A História de nossas vidas’, as circunstâncias em que seus troncos familiares foram encontrados, cruzaram-se, e as proezas que protagonizaram, até as pegadas do próprio autor, deixadas desde o Amazonas, onde nasceu, até o Maranhão, onde está com raízes fincadas, perpassando por inúmeros outros lugares, no Brasil e no exterior, a trabalho ou a passeio” ( NINA, Carlos. A história de nossas vidas. “Prefácio”. São Paulo: Lux, 2023).
Carlos Nina diz, ainda, que “A História de nossas vidas é mais que um conto de fatos, um livro de história ou de aventuras. É, acima de tudo, uma lição de amor, crença, fé e esperança de que a vida na terra, apesar de fugaz, há de ser venturosa e produtiva, exemplar para que a humanidade não perca sua natureza, a de SER (substantivo e verbo) humana (NINA, Carlos. A história de nossas vidas. “Prefácio”. São Paulo: Lux, 2023).
O livro, cuja apresentação ficou a cargo do filho do autor, o promotor de justiça Carlos Henrique Brasil Teles de Menezes, é dividido em três partes, possuindo 34 capítulos, escritos durante a pandemia da COVID-19. Elas, diz Carlos Henrique Brasil Teles de Menezes, “[…] situam o leitor em momentos distintos da vida do autor, os quais se passam, conforme suas demandas próprias, em contextos distintos, mas conectados de modo a assegurar a fluidez da narrativa e a assertividade da continuidade das sucessivas etapas da vida” (MENEZES, Carlos Henrique Brasil Teles de. A história de nossas vidas. “Apresentação”. São Paulo: Lux, 2023).
A primeira parte do livro retrata um pouco da história de cada família originária, até chegar ao início da família de Dorian. Na segunda parte, o eixo do livro se volta para a história dele, a partir de momentos referenciais que se eternizaram em sua memória e formação. A última parte retrata a história da família do autor, de seu casamento até os dias atuais.
Um dos momentos tensos de “A História de nossas vidas” – Intervenção Estadual no Município de Imperatriz – está no Capítulo 25. Em outubro de 1993, o Prefeito Renato Moreira tinha sido assassinado, tendo o Vice-Prefeito assumido como titular, mas sob suspeita de participação no crime.
No entanto, ocupou o cargo até janeiro de 1995, quando a cidade se levantou por seus líderes, apoiados por grande multidão de populares, culminando esse movimento com o afastamento do Vice-Prefeito e nomeação de Ildon Marques como interventor, ficando no cargo até 31 de março de 1996.
No início da segunda quinzena de março de 1996, Dorian Menezes recebeu um telefonema da Governadora Roseana Sarney, convocando-o para reunião no Palácio dos Leões. No encontro, ela o convidou para assumir o Governo Municipal de Imperatriz, na qualidade de Interventor Estadual, fato que se deu no dia 10 de abril de 1996.
O imponderável, contudo, ousou impor obstáculos no caminho. No dia 19 de julho de 1996, um grupo de vereadores conspirou dar um golpe para empossar o Presidente da Câmara, como titular da Prefeitura, em face da renúncia apresentada pelo Vice-Prefeito, que já estava afastado por decisão do Tribunal de Justiça.
O momento mais crítico foi protagonizado pelo Presidente da Câmara. Acompanhado de vereadores, de dois advogados e de pistoleiros vestindo jaquetas com a expressão “segurança”, chegaram à Prefeitura com a arrogante pretensão de assumir a chefia do Poder Executivo Municipal, desprezando o arcabouço jurídico fundamentador da intervenção, escudados apenas em parecer elementar da lavra de procuradores do legislativo local, contaminados unicamente pelo tacanho interesse de poder.
O autor de “A História de nossas vidas”, Dorian Riker Teles de Menezes, nasceu no seio da floresta encantada da Amazônia, onde, desde cedo, aprendeu a amar a natureza, com seus rios majestosos, arvoredo de luxuriância apaixonante, campos floridos, pássaros de coloração variada, animais de tantas espécies, peixes de incontidas formas, cenários magníficos que expandem a alma, levando a que se glorifique ao Criador.
Arrancado desse idílico ambiente pela necessidade de buscar um meio de vida, fixou-se em Imperatriz, desde 1965, enviado que foi de Belém – PA pelo Banco do Brasil, empresa à qual serviu até aposentar-se como Superintendente Estadual no Maranhão.
Dentre outras atividades, exerceu dois mandatos de Deputado Estadual (1979/1987), foi Secretário de Estado (1986), Diretor do Banco do Estado do Maranhão em dois períodos (1994/1996 e 1997/2000).
De 1º de março a 31 de dezembro de 1996, foi gestor do Município de Imperatriz, na qualidade de Interventor Estadual; a partir de 2000, até recentemente, militou na advocacia.
No Terceiro Setor, desde a segunda metade da década de 1960, operou em diversas entidades em Imperatriz, município que representou em dois mandatos de Deputado Estadual. Em São Luís, vinculou-se a instituições que atuam na área social, dentre elas, a Cruz Vermelha e o Hospital Aldenora Belo.
- “A história de nossas vidas”
- Lançamento: janeiro/2024
- Preço: R$ 40,00 (354 págs.)
- Autoria: Dorian Riker Teles de Menezes
- Editora: Lux
- Venda: Livraria AMEI – São Luís Shopping