7 de setembro de 2024
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O plano inovador do governo Lula para acabar com o uso de lenha nas cozinhas das periferias

Revista Fórum – Projeto que envolve biogás foi anunciado pela primeira-dama Janja Lula da Silva durante evento do G20 no Rio de Janeiro.

O governo Lula está trabalhando em um plano inovador para acabar com o uso de lenha para cozinhar, prática que ainda é muito comum no Brasil entre as pessoas mais pobres que não têm acesso ao gás de cozinha. O projeto, ainda em elaboração, foi anunciado pela primeira-dama Janja Lula da Silva durante evento no âmbito do G20 – grupo que reúne as vinte maiores economias do mundo – no Rio de Janeiro, nesta quarta-feira (24). 

Atualmente, o Brasil preside o G20 e lançou no evento desta quarta a Aliança Global Contra a Fome. Durante uma atividade paralela, intitulada “Políticas Públicas de Combate à Fome e à Pobreza: Empoderando Mulheres e Meninas para o Desenvolvimento Sustentável”, Janja anunciou o projeto do governo Lula para enfrentar a ‘pobreza energética’, que nada mais é do que a dificuldade para acessar combustíveis como o gás de cozinha. 

Segundo Janja, o governo Lula considera que enfrentar pobreza energética’ é também enfrentar a fome e a insegurança alimentar e, por isso, trabalha em um projeto para implantar em periferias cozinhas comunitárias com gás produzido em biodigestores, o chamado biogás.

A primeira-dama contou, durante o evento do G20, que a ideia surgiu a partir de visitas de Lula à África, onde observou que muitas mulheres, tal como no Brasil, ainda precisam recorrer à lenha para cozinhar, o que as expõe a inúmeros riscos.

“Essa é uma experiência que a gente quer que esteja na cesta de políticas públicas, porque isso vai beneficiar muito as mulheres de diferentes lugares do mundo. Elas não vão precisar mais sofrer queimaduras por estarem cozinhando com lenha, não vão precisar mais andar atrás da lenha e se expor a uma violência e a um abuso sexual”, disse Janja. 

A lenha ainda representa 25% da matriz energética residencial no Brasil, segundo dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Para se ter uma ideia, o gás de cozinha responde por 21%¨da matriz energética nos lares brasileiros. 

O projeto para introduzir cozinhas comunitárias com biogás nas periferias, segundo Janja, será apresentado em outubro deste ano por um grupo de trabalho.

Aliança Global Contra a Fome 

Com o Brasil na presidência do G20, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou nesta quarta-feira (24) a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, iniciativa global para implementação de ações e políticas públicas para o combate à desigualdade social.

“Participar da reunião ministerial da Força-Tarefa, que lança as bases para a Aliança contra a Fome e a Pobreza, é um dos momentos mais relevantes dos 18 meses do meu terceiro mandato”, disse Lula na região ministerial do G20, que acontece no Rio de Janeiro.

No longo discurso, Lula ressaltou dados da FAO – Agência das Nações Unidas para alimentação e agricultura – para sustentar o problema que atingiu em 2023 29% da população mundial em graus moderados ou severos de restrição alimentar.

“A fome tem o rosto de uma mulher e a voz de uma criança. A discriminação étnica, racial e geográfica também amplifica a fome e a pobreza entre populações afrodescendentes, indígenas e comunidades tradicionais”, disse o brasileiro.

Segundo Lula, a iniciativa nasce da vontade política e do espírito de solidariedade, e um dos principais resultados da presidência brasileira no G20.

“O objetivo é proporcionar um impulso às iniciativas existentes, alinhando esforços nos planos doméstico e internacional. O mundo precisa de soluções duradouras, e devemos pensar e agir juntos. É gratificante ver ministros de 30 países membros e convidados ao lado de organizações internacionais e bancos de desenvolvimento”, afirmou.

“Eu queria reafirmar uma frase que eu sempre digo aos dirigentes políticos: muito dinheiro nas mãos de poucos simboliza miséria, prostituição e fome. Pouco dinheiro nas mãos de muitos é o contrário; significa decência e dignidade para todas as pessoas”, concluiu Lula.

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