PSD joga tudo nas eleições de São Luís e de Imperatriz
Por Raimundo Borges
O Imparcial – O PSD, maior partido do Brasil em número de prefeitos, com 968, está jogando pesado na disputa política nas duas principais cidades do Maranhão – São Luís e Imperatriz. São os únicos municípios em que podem haver eleição em dois turnos.
Por coincidência, os candidatos do Partido, Eduardo Braide, em São Luís e o deputado federal Josivaldo JP em Imperatriz, lideram as pesquisas de intenção de voto e foram visitados, no último fim de semana, pelo presidente nacional Gilberto Kassab. Sua passagem por Imperatriz coincidiu com a desistência do pedetista Zé Antônio, de concorrer à prefeitura, apoiado pelo prefeito Assis Ramos.
Ao abordar a questão ideológica do PSD, Gilberto Kassab tem dado uma definição no mínimo curiosa sobre a legenda que preside desde o renascimento em 2011. Disse que o PSD não é de direita, nem de esquerda, nem de centro. O programa é simplesmente a “favor do Brasil”. Não é fácil explicar tamanha indefinição, num país, hoje, totalmente dividido entre a extrema direita bolsonarista e o esquerdismo lulista e o centro jogando nos dois lados.
Em São Luís, o prefeito Eduardo Braide tem levado à risca essa “doutrina” partidária ideologicamente incolor. Elesegue o governo distante do debate ideológico, mas cumprindo um programa de ações distante de grupos e sem a interferência ou pressão de fora para dentro.
Desde o nascimento em sua primeira fase, em 1945, o PSD já era considerado de centro pelo interventores estaduais, nomeados no Estado Novo pelo ditador Getúlio Vargas. Mas elegeu os presidentes da República Eurico Gaspar Dutra e Juscelino Kubitschek e dois primeiros-ministros Tancredo Neves e Brochado da Rocha.
Foram ainda três presidentes que ascenderam ao cargo em função de linha sucessória: Carlos Luz, Nereu Ramos e Ranieri Mazzili. O partido foi extinto pela ditadura militar de 1964, mediante o Ato Institucional (AI-2). Em 2011, o PSD foi recriado por Gilberto Kassab e outros políticos paulistas, tornando-se uma legenda de abrangência nacional, a ponto de eleger o maior número de prefeitos em 2022.
Não é à toa que Kassab decidiu percorrer o Brasil, passando por São Luís e Imperatriz, municípios que ganharam toda a atenção do comando do PSD que é gigante. Só em São Paulo, cresceu 47% fora do período eleitoral. No maior estado do país, por longos anos controlado pelo PSDB, o partido de Kassab está no comando 329 prefeituras.
No entanto, vale lembrar que a presença forte nas prefeituras não garante necessariamente que esse cenário se manterá nas próximas eleições. A legenda enfrenta em São Paulo a máquina do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) e do prefeito da Capital Ricardo Nunes (MDB), ambos alinhados com o mesmo o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Ao contrário de São Luís, onde o governador Carlos Brandão (PSB) apoia o deputado federal Duarte Júnior à sucessão de Eduardo Braide, em Imperatriz os dois candidatos que lideram as pesquisas em empate técnico, Josivaldo JP e Rildo Amaral, disputam a benção do governador Carlos Brandão.
Afinal, o eleitorado do segundo colégio eleitoral do Maranhão é tão incerto quanto o da capital. Por exemplo: em 2022, Jair Bolsonaro recebeu ali 79.356 votos (54,79%), contra 65.476 votos (45,21%) de Luiz Inácio Lula da Silva. Apesar de ser um eleitorado com mais de 200 mil, Imperatriz nunca consolidou um processo comparado às inúmeras oligarquias que até hoje resistem aos avanços políticos e se mantêm no interior do Maranhão.
PÍLULAS POLÍTICAS
Mão no jarro (1)
Em uma operação fiscal sobre 15 empresas atacadistas do Maranhão, a Secretaria da Fazenda do Estado aplicou multas de R$ 42 milhões, em cálculos que elas fizeram, reduzindo o ICMS devidos de créditos na escrituração fiscal.
Mão no jarro (2)
A maior parte das empresas autuadas simulava ter direito a benefícios fiscais para poder reduzir o imposto pago, possibilitando vantagens na formação dos preços dos produtos vendidos no mercado. A fiscalização detectou a fraude, usando o sistemas de controle e monitoramento fiscal.
Mão no jarro (3)
A Codevasf) e Dnocs, autarquias do governo federal controlados pelo Centrão, estão cobrando de construtoras e prefeituras do Maranhão, o ressarcimento de R$ 40 milhões, resultados de superfaturamentos de obras, detectadas pelo TCU e a CGU em apenas 35 processos.
Título mundial
A eleição para prefeito de Barreirinhas e dos municípios atingidos pelo Lençóis Maranhenses ganham um motivo a mais para o acirramento das disputas eleitorais. Com a conquista do título da Patrimônio Natural da Humanidade, concedido pelo Unesco, as cidades ganharam muito mais relevância turística e ecológica para o Brasil e o mundo.