O pragmatismo de São Luís revoga bolsonarismo, lulismo e sarneísmo
Por Raimundo Borges
O Imparcial – Até o presente momento, faltando duas semanas para as eleições do dia 6, a polarização política que reina no Brasil entre Lulistas e Bolsonaristas não deu sinal de que pode interferir no resultado das urnas entre os oito candidatos que concorrem à prefeitura de São Luís.
Historicamente, o eleitorado da capital maranhense tem uma característica personalista diferente do restante do Maranhão. Elegeu Jackson Lago três vezes não por ele ter um histórico de esquerda e brizolista, mas sim por simbolizar o antisarneísmo. Assim também ocorreu lá atrás com Gardênia Castelo, eleita em 1985, mulher do ex-governador João Castelo que, tempos depois acabou ocupando o mesmo cargo em 2008.
O pragmatismo é o leme e a vela a balizar a “ideologia do voto” dos ludovicenses. Para o ex-deputado Gastão Vieira, hoje membro do CNE e arguto analista da política maranhense, o eleitor da capital é um tipo “aquisitivo”. Está sujeito às ofertas políticas, promessas ou entrega de bens e vantagens pessoais, como emprego púbico em troca do voto.
Poderia ser vítima do clientelismo, instrumentalizada pelas mais diferentes artimanhas para alcançar o voto. Mas em São Luís existem outros fatoresque precisam ser cientificamente analisados sobre o processo eleitoral, principalmente no aspecto socioeconômico.
O eleitorado de São Luís traz também reminiscências históricas de rebeldia, desde a “Greve de 51” (tema de livros do jornalista e acadêmico Benedito Buzar), à insurgência estudantil da Meia-Passagem de ônibus em 1979. No âmbito estadual, a política maranhense deixou de ser influenciada por José Sarney que a comandou por meio século, e por Flávio Dino, entre 2014 a 2023.
Carlos Brandão assumiu o comando do governo, mas ainda não consolidou um arcabouço que possa ser identificado por “brandonismo”. Dependendo do desempenho de seu grupo nas eleições deste ano e como será o planejamento de 2026, poder-se-á, então, falar em algo duradouro da lavra de Brandão.
A campanha eleitoral de prefeito, ora na TV e rádio se desenrola sem crise, sem ataques pessoais e sem interferência da Justiça Eleitoral. Também os debates nessas mídias não mostraram potencial para alterar o que dizem as pesquisas. Os candidatos continuam usando a mesma estratégia de uso dessas mídias mais para aparecer como vencedor dos concorrentes do que ganhar o eleitorado pelas propostas.
O eleitor de hoje quer ver o debatedor conquistá-lo, mas pelas propostas de melhorar a cidade, não pelo poder de atacar o adversário. Afinal, os candidatos são treinados atingir o concorrente, não paraprometer o apenas o que é possível realizar se for eleito.
O prefeito Eduardo Braide não participa dos debates e não tem caído nas pesquisas. Ele não se mostra bolsonarista, lulista, flavista ou brandonista. Seus adversários que assumem posição ideológica, com o Dr. Yglésio, bolsonarista de última chamada, não se desloca do rabo da fila das intenções de voto. Nem a presença do “mito” da extrema direita em São Luís ajudou melhorar sua performance.
O socialista Duarte Júnior, segundo nas pesquisas, colou na imagem de Lula, mas também não logrou avançar. E Braide, indiferente a ideologia de qualquer matriz e está se dando bem. Pode sim ser eleito no dia 6 de outubro.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi a Alcantara resolver um conflito de natureza fundiária e social entre o Centro Espacial e da comunidade quilombola local, deixou de lado a campanha de São Luís.Mas aproveitou para enaltecer o vice-governador Felipe Camarão (PT), com uma frase cortante: “Quando estive aqui, no governo Flávio Dino, vi um jovem falar, falar e falar. E fiqueipensando: ‘como Deus faz uma pessoa tão inteligente’. Essa pessoa é Felipe Camarão, vice de Carlos Brandão”. Sem dúvida, um recado sobre a disputa do governo em 2026, com a pessoa que tanto admira sendo o candidato à sucessão de Brandão.