O centro tem dois lados na eleição de Imperatriz
Por Raimundo Borges
O Imparcial – A estreia de Imperatriz como primeira cidade do interior maranhense a realizar eleição de segundo turno, revirou o cenário político estadual de cabeça para baixo. A corrida pela prefeitura envolve o deputado estadual Rildo Amaral (PP) e a suplente de deputada federal Mariana Carvalho (Republicanos).
São dois partidos de direita que se digladiam no âmbito nacional contra a esquerda, mas em Imperatriz o enredo é uma mistura fina de atores e figurantes que se cruzam, se estapeiam e se abraçam nas dobras das ideologias. A ex-primeira dama Michelle Bolsonaro (PL) e a senadora Damares (Republicanos) voltaram ontem, 21/10, a Imperatriz, cheias de segundas intenções na campanha de Mariana Carvalho.
As duas percorrem o Brasil neste segundo turno, numa estratégia de Michelle vir a se tornar candidata presidencial em 2026, em razão da inelegibilidade de Jair Bolsonaro. Do outro lado, o governador Carlos Brandão, do PSB, apoia Rildo Amaral, hoje, líder das pesquisas.
Brandão prometeu até alugar uma casa em Imperatriz para ocupar nas suas peregrinações por aquela região do sudoeste do Estado, e ainda na rota aérea entre São Luís e Brasília. Também o ministro dos Esportes, André Fufuca (PP) decidiu armar acampamento em Imperatriz para apoiar Rildo Amaral, assim como seu colega de Câmara Federal, Aluísio Mendes arregaça as mangas em prol de Mariana Carvalho.
A mesma candidata recebeu apoio do prefeito de São Luís, Eduardo Braide (PSD), reeleito com 70% dos votos. O PSD tem quatro ministros no governo Lula que faz vistas grossas para o perfil de centro-direita da legenda. E Braide se mantém indiferente a essa participação tão forte de seu partido, na Esplanada em Brasília.
Ao se dispor apoiar a candidata bolsonarista em Imperatriz, Braide fala em parceria administrativa, mas deixa implícito que o gesto esconde um aceno da capital ao segundo município mais importante do interior – uma sinalização de quem já tenciona demarcar terreno para as eleição de governador em 2026.
Não resta dúvida de que a disputa da prefeitura de Imperatriz carrega vieses que ultrapassam os limites territoriais e ganham contornos estaduais e nacionais. Afinal, o jogo envolve 201 mil eleitores na cidade que progride em todos os setores da economia, cujas fronteiras ideológicas passam longe do cargo de prefeito.
A atual mandatário, Assis Ramos era do DEM que se fundiu com o PSL e depois virou União Brasil. Ele tentou entrar na campanha de Rildo e levou um autêntico chega pra lá. O candidato não apenas recusou, como o chamou de covarde e pior prefeito de Imperatriz, ameaçando, se for eleito, auditar as suas contas. É um jogaço, cheio de gestos, palavras e significados políticos codificados ou escancarados.
Por sua vez, Eduardo Braide gravou um vídeo declarando apoio a Mariana Carvalho, dizendo que votar nela “representa um ato de liberdade contra o sistema”. A candidata agradeceu e elogiou Braide como “o melhor prefeito do Maranhão”. Como se pode perceber o segundo turno de Imperatriz junta no mesmo campo a extrema direita, o centro, o centro-direita e o centro esquerdo.
O Jogo eleitoral cabe além dos candidatos, também Eduardo Braide, André Fufuca, Aluísio Mendes, Carlos Brandão, Sebastião Madeira, Michelle Bolsonaro, Jair e Michelle Bolsonaro e seus entornos.
Segundo o senador Ciro Nogueira, presidente nacional do PP de Rildo, o partido não é independente. É de oposição porque a maioria assim quer. Essa maioria é contra participar do governo Lula, mas está na Esplanada como esteve das vezes anteriores e também no governo Bolsonaro.
Se diz de centro-direita. Para entender, o conservadorismo como está hoje, surgiu no Brasil em 2018, com a eleição de Jair Bolsonaro. Antes, os partidos eram conhecidos por seus representantes mais notáveis. Hoje, não, eles apoiam inúmeras bandeiras associadas ao conservadorismo e à direita ideológica.
O Republicanos de Mariana surgiu como PMR, passou a PRB e, hoje, apena Republicanos, adotando o slogan: “Verdadeiro partido conservador do Brasil”. O PP de Rildo não fica atrás nesse espectro ideológico adesista.