Brandão volta das férias e acha a oposição maior
Por Raimundo Borges
O Imparcial – O governador Carlos Brandão voltou das férias no exterior com a família e encontrou o governo operando normalmente sob o comando do vice Felipe Camarão (PT). Obviamente, que foi uma temporada de descanso, mas também de reflexão sobre 2026.
Brandão termina 2024 com o estado apresentando resultados positivos em vários setores da administração, enquanto as eleições municipais trouxeram-lhe uma estrutura política muito maior do que havia antes. São 157 prefeitos eleitos pelos partidos da base governista, todos comprometidos com o projeto mais ambicioso de Carlos Brandão. Ele quer retirar da extrema pobreza quase 900 mil maranhenses que permanecem no atoleiro das precariedades sociais.
Nas férias, o governador deixou o substituto imediato no Palácio dos Leões para mostrar ao mundo político que a relação com Camarão não foi demolida na esteira da construção de 2026, último ano de sua gestão. Quanto aos episódios da eleição da mesa diretora da Assembleia Legislativa, marcados pelo surgimento de um plenário dividido meio a meio e Othelino Neto (SD) liderando a metade oposicionista, Brandão tem as ferramentas para reconstruir o racha na base parlamentar, mesmo que não a deixe no tamanho original dos 37 votos.
Na Alema, Iracema Vale, reeleita num inédito desempate pela idade, vai continuar dando a sustentação que o governo estadual necessita. A aprovação do reajuste do ICMS em 1%, na quinta-feira, foi a sinalização de que Brandão tem o controle da base.
Aumentar imposto em qualquer lugar do mundo é um tema difícil no parlamento. É sempre um prato cheio para a oposição demarcar espaço, mesmo sendo uma matéria de relevância como esta em que Brandão quer arrecadar R$ 200 milhões/ano para aplicar no programa Maranhão Sem Fome.
A iniciativa vem exatamente na hora em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu no G-20, o apoio de 82 países na Aliança Mundial de Combate a Fome e a Pobreza. Portanto, o aumento do ICMS no Maranhão é um desgaste, mas outros governos tiveram que enfrentar, sem ser no contexto atual de nobreza: combate à fome é uma proposta que nenhum deputado de sã consciência pode se contra.
O governo não vai taxar energia elétrica, água, gás e comida, mas sim itens considerados supérfluos, como perfumes, jóias, bebidas, cigarros e itens de luxo. O argumento da oposição de que a taxação afugentaria empresas maranhenses para outros estados, como Piauí e Tocantins, por exemplo, parece não ter sustentação plausível.
Afinal todos os governos que passaram pelo Palácio dos Leões nas últimas décadas reajustaram o ICMS. Agora, um projeto impopular como aumento de imposto, de fato, oferece espaço para fortalecer a oposição – maior ainda nas circunstancias do atual momento político no parlamento estadual.
No próximo dia 30, o ministro do STF Flávio Dino vai casar no civil com a esposa Daniela Lima, em ato solene com vários convidados, entre eles o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-presidente José Sarney, colegas da STF, ministros da Esplanada, o governador Carlos Brandão, o vice Felipe Camarão e outras tantas autoridades.
Mesmo estando fora da política, Dino jamais deixará escapar a influência que acumula ao longo de sua vida nas esferas de poder no Maranhão e no Brasil. Portanto, o casamento dele não deixa de ser também um momento político que alimentará todo tipo de conjecturas e especulações no Maranhão.
Por sua vez, Carlos Brandão nunca revelou em público supostas malquerenças dele com Flávio Dino, de quem foi vice por sete anos e os dois saíram das eleições de 2022 com o mesmo respeito mutuo que entraram em 2014. Eles mudaram a política do Maranhão para outro patamar histórico.
Até as divergências profundas que Dino tinha com José Sarney já foram diluídas na dinâmica da política e da própria história que a movimenta. Agora, o Brasil de 2026 será totalmente diferente daquele de 2014, quando Dino e Brandão derrotaram o sarneísmo. Em 10 anos, o tempo se encarregou de revisar tanto o pensamento de Sarney em relação a Dino, quanto de Dino em relação a Sarney – hoje dois amigos fraternos e respeitosos. Por que, então, com Brandão seria diferente?