Eliziane Gama usará Bíblia para pacificar Maranhão?
Por Raimundo Borges
O Imparcial – Como evangélica e uma das senadoras mais influentes no Congresso Nacional, a maranhense Eliziane Gama (PSD) entrou 2025 em alta cotação para fazer parte da reforma ministerial que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está planejando para o começo deste ano.
Se for confirmada a indicação no MDS, Eliziane entra forte na engrenagem política do Maranhão, que se tornará em 2026 um projeto de governo capaz de manter no Palácio dos Leões o grupo que ocupou o poder em 2015, com a eleição de Flávio Dino e Carlos Brandão. Eliziane é de centro esquerda, dinista, brandonista, lulista, influente no Senado e não bandeou para o bolsonarismo fundamentalista, como ocorreu com o meio evangélico.
A senadora do PSD recebeu do presidente Lula a missão de quebrar, pelo diálogo construtivo, as amarras que fizeram de Brandão e Flávio Dino dois adversários. Se a situação chega a incomodar o Planalto, imagine os meios políticos do Maranhão. O governador Brandão saiu das eleições municipais festejando os resultados das urnas, que somaram 57 prefeitos nos partidos da base aliada, mas dele nenhuma prosa sequer sobre candidaturas majoritárias em 2026.
Brandão já sinaliza uma distensão com o vice Felipe Camarão, do PT de Lula, porém mantém a boca fechada sobre seu próprio futuro político. Se disputará o Senado, apoiando-o para sua sucessão, ou se arrisca ficar até o fim, indicando outro nome.
Também o senador Weverton Rocha (PDT)E André Fufuca fazem parte da mesma frente lulista no Maranhão, sob as vistas de Flávio Dino no STF. Porém, a influência dinista na política do Estado não vestiu a toga mais cobiçada do Brasil. Se ocorrer a reunificação do grupo de 2014 até 2023, ninguém saberá dizer como ficará o deputado Othelino Neto, esposo de Ana Paula, que ganhou de Flávio Dino um mandato de oito ano no Senado Federal.
Othelino, que foi secretário de Brandão em Brasília até abril de 2024, quando pediu demissão, saiu do PCdoB, ingressou no Solidariedade e imediatamente virou opositor do governo do que fazia parte. Agora,trava no STF a disputa pelo comando da Alema, contra a presidente reeleita Iracema Vale, aliada e leal ao governador.
Com Eliziane Gama na Esplanada, o presidente Lula projeta resolver duas questões que atormentam o Planalto desde a sua posse: aproximar o governo dos evangélicos e, de quebra, fazer um aceno mais decisivo ao público feminino. Todos sabem que o meio evangélico é bolsonarista, em cuja faixa desse eleitorado a administração do PT sofre resistências e desgaste em várias demandas de caráter religioso, político e até financeiro.
O presidente está esperando apenas as eleições da Câmara e do Senado, no dia 1º de fevereiro, para então se debruçar obre a reforma ministerial, a qual caberia até o deputado Arthur Lira (PP) e o senador Rodrigo Pacheco (Podemos), ambos como ex-presidentes do Congresso.
Lula quer iniciar a segunda metade do mandato com uma equipe que simbolize a nova correlação de forças no País, na esteira das eleições municipais. A estratégia tem o objetivo de amarrar acordos para sua possível candidatura à reeleição em 2026. Visto como uma espécie de “fiel da balança”, o segmento evangélico pode mudar o rumo da disputa, pois representa 30% da população.
O curioso nesse jogo são as articulações que correm solta no PSDB, PSB, PDT, Solidariedade e Cidadania visando a formação de uma nova federação,tão robusta como era a Arena na Ditadura, chamada de maior partido do Ocidente. Se a federação se formar, terá reflexo no Maranhão, com o SD de Othelino Neto unido com o PSB de Iracema Vale e Brandão, e ainda o PDT de Weverton Rocha.
O PSB aprovou, em sua executiva, a abertura de diálogo com PDT e Cidadania para a união federada em 2026. O PP e o Republicanos também traçam diretrizes sobre futura federação, tudo com vista as disputas estaduais, no Congresso e na Presidência da República. O PT, o PCdoB e PV vão renovar a sua federação este ano, podendo incluir mais legendas.
Como 2025 é um ano sem eleição, porém não deixa de sê-lo altamente produtivo em termos de rearrumação das forças política para os embates de 2026. No Maranhão o cenário é altamente favorável a Carlos Brandão como definidor das jogadas que estão por vir no médio e no longo prazos. Com Eduardo Braide entrando no jogo e Flávio Dino prometendo só pensar e agir politicamente em 2030 – dependendo do que acontecer em 2025. Quem viver, verá, como dizia o ‘filósofo’ Lister Caldas,