Brandão cai na real e prega unidade no grupo em 2026
Por Raimundo Borges
O Imparcial – Ainda no calor da eleição do presidente da Federação dos Municípios do Maranhão (Famem), prefeito de Bacabal Roberto Costa (MDB), o governador Carlos Brandão (PSB), que o apoiou, fez uma declaração política que, neste começo de ano não eleitoral pode enterrar a ameaça de colapso na relação dele com o ministro do STF Flávio Dino.
Desde quando Dino vestiu a toga do STF e saiu do protagonismo político no Maranhão, a base construída por eles dois a partir de 2014 foi sacudida por especulações, fuxicaria e fake News que atingiram em cheio o projeto do grupo permanecer dando as cartas antes e depois de 2026.
O impacto dessa ameaça de ruptura caiu com uma bomba na estrutura política que fez de Brandão, o governador do Maranhão em 2022, mediante um acordo com Flávio Dino de tornar o vice-governador Felipe Camarão (PT) o candidato à sua sucessão em 2026.
É inegável que o país vive um dos momentos históricos mais radicalizados entre o bolsonarismo de extrema direita e a esquerda liderada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nesse contexto, o Maranhão passou a ter a sua importância no Planalto acima do habitual. Além de três ministros na Esplanada e Eliziane Gama com chance de ser a 4ª, Carlos Brandão se respalda tanto do ministério de Lula quanto do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).

É nesse cenário que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tornou Flávio Dino um nome de enorme protagonismo no meio político e jurídico com a toga do STF, quer ver a unidade no Maranhão prevalecendo em 2026. A própria Eliziane Gama foi escalada por Lula, logo no começo de 2025, para buscar a unidade política no Maranhão.
E Carlos Brandão, com a experiência política que acumula ao longo de sua carreira no Congresso e no Executivo, entendeu a mensagem. Ao consagrar a vitória de Roberto Costa na Famem, brandão festejou com o entusiasmo de quem repensou os cenários de 2026 e viu o risco tentar fazer um sucessor a qualquer preço e por sua conta e risco.
A unidade refletida por Brandão diante da nova diretoria da Famem e da presidente da Alema, Iracema Vale, foi expressa assim: “Já tive outras eleições que perdi. E comecei a analisar durante essa minha vida pública se vale a pena disputas improvisadas. Então, hoje estou convicto de que a unidade é o melhor caminho”. Essa fala perante a entidade que congrega os prefeitos foi ouvida como um recado.
Para ganhar a eleição de 2026, o grupo que lidera precisar estar unido, como foi nas eleições municipais e na votação da Famem. E mais: os partidos têm espaço no governo, desde o PT de Felipe Camarão, passando pelo PL de Josimar do Maranhãozinho, até o MDB de Marcus Brandão (seu irmão), de Roberto Costa, de José Sarney e da deputada federal Roseana.
O governador sabe que, para derrotar o sistema sarneísta em 2014, ele e Flávio Dino construíram uma aliança com 14 partidos. Em 2018, foram 16 legendas sem nenhum crivo na questão ideológica. Por essa razão, o grupo repetiu o efeito em 2022, com sua eleição no 1º turno e Flávio Dino eleito senador com a maior votação da história do Maranhão.
Portanto, tentar inventar candidatura ao governo, desfazendo a unidade que mudou essa história há 11 anos, pode ser um erro crasso. Até porque, na oposição, surge o nome do prefeito de São Luís, Eduardo Braide (PSD) já pontuando alto e isolado nas pesquisas recentes. Braide não tem grupo, mas provou ser bom de urna, ao ser reeleito com 70,12% dos votos.
No jogo para eleger o sucessor, Brandão tem a chance de conquistar uma das duas vagas no Senado Federal em aliança que pode incluir o senador Weverton Rocha (PDT), a senadora Eliziane Gama (PSD) e o ministro dos Esportes André Fufuca. Embora sendo do partido de Braide, a senadora faz parte do bloco governista que apoia Lula no Planalto e Brandão no Maranhão.
Logo se constata que as últimas eleições deixaram uma base sólida para Brandão não se perder no caminho da unidade, arriscando candidatura improvisada num cenário estadual completamente conectado ao nacional e este ao mundial. Portanto as lições são para serem aprendidas.