22 de maio de 2025
DestaquesGeralPolítica

Brandão só tem 365 dias para decidir se passa faixa a Felipe

Por Raimundo Borges

O ImparcialA política é também a arte da enganação. Tanto leva o político a enganar o eleitor quanto abre espaço para o eleitor enganar o político. É nesse jogo de esconde-esconde que cada lado de uma eleição aprende a arte de fortalecer a democracia na troca de experiências bem-sucedidas ou jogadas fracassadas.

Portanto, cada eleição tem sua própria história. Caso concreto no Maranhão: em 2018, o então deputado federal Weverton Rocha (PDT) foi eleito senador, junto com Eliziane Gama, no grupo liderado pelo governador Flávio Dino (PCdoB). Em 2022, no meio do mandato, Weverton Rocha não tinha nada a perder e arriscou romper com o grupo e disputar o governo contra Carlos Brandão, e Dino para o Senado.

Em fevereiro de 2022, a pesquisa Exata/O Imparcial apontava Weverton com 24% das intenções de voto, contra 17% do vice-governador Carlos Brandão, ainda no PSDB.

Em 20 de setembro, a história já era outra, totalmente diferente. A pesquisa do IPEC dava Brandão na liderança, com 41% — mais do dobro de Weverton, com 20%. Apuradas as urnas daquele pleito, Brandão foi eleito no primeiro turno com 51,29% e Weverton caiu para o terceiro lugar, com 20,27%, atrás de um desconhecido Lahesio Bonfim, 24,87% (PSC). Detalhe curioso: o pedetista escolheu Hélio Soares, do PL bolsonarista, para vice, e ainda usava a imagem de Lula como apoiador de sua candidatura.

Sem dúvida, Weverton Rocha marcou um gol contra e aprendeu a amarga lição ao arriscar uma aposta que deu errada. Porém, como um dos políticos de maior vivência e conhecedor do intrincado mundo em que se movimenta no Maranhão, ele está hoje novamente acostado — como se diz no juridiquês — ao poder emanado de Brandão, Flávio Dino e de Luiz Inácio Lula da Silva, que o tem colocado nos holofotes em atos no Planalto.

No Senado, o líder do PDT, partido que tem Carlos Lupi no Ministério da Previdência, tornou-se um combativo e bem articulado aliado do governo Lula, que deseja fortemente tê-lo reeleito em 2026.

Usando o pragmatismo na prática política, Weverton cuidou, em 2023, de se reaproximar de Flávio Dino, não apenas como relator no Senado de sua indicação ao STF, como ainda o homenageou com um jantar de gala em Brasília, após a aprovação pelo plenário.

Foi uma demonstração de maturidade política e também da capacidade de jogar no arquivo morto o período das desavenças de 2022. Esta semana, na homenagem aos 103 anos do PCdoB, na Alema, Weverton defendeu a união do grupo governista, com Brandão ao Senado e Felipe Camarão assumindo o governo para concorrer ao Palácio dos Leões.

Como líder do Bloco PDT-PE Brasil no Senado, Weverton Rocha disse em seu discurso na Alema que a prioridade é a reeleição do presidente Lula em 2026. Esse é o ponto-chave para manter a histórica votação que o petista sempre recebeu no Maranhão. Na fala, o pedetista preferiu não tratar de sua própria candidatura à reeleição, como quem pode até pensar em se tornar vice na chapa liderada por Felipe Camarão.

Afinal, o cenário político de 2026 é de completa indefinição, tanto no âmbito nacional quanto no estadual, em que Brandão se fecha em copas até perante os cabeças-brancas, transbordando de experiências, como José Reinaldo, Luís Fernando Silva, Sebastião Madeira e outros.

Ao recolocar o vice Felipe Camarão em atos inauguratórios de governo, Brandão reconhece que o tempo não é uma arte, um sentimento, uma vontade, uma regra, um compasso, mas é o senhor da razão. A política tem tempo de ganhar e tempo de perder, e, quando o assunto é eleição, é o tempo que define a matemática das ações.

A partir de hoje, 5/4, Brandão tem que prestar atenção no calendário que mede o tempo de se fazer: faltam exatos 363 dias para ele planejar o seu futuro. Sair do governo e arregaçar as mangas para Felipe Camarão se tornar o sucessor e ele se tornar um senador da República, ou optar pelo instinto da intuição.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *