Mundo contra Trump; Bolsonaro contra STF

Por Raimundo Borges

O Imparcial – Pela primeira vez em décadas não se via no mundo protestos contados aos milhares num só dia. O tarifaço do presidente Donald Trump provocou um terremoto nas economias dos cinco continentes. Até ele levou um susto, ao tentar se justificar, no sábado 06/04, dizendo que não fez de propósito, porém, garantiu, pela mesma intuição de taxar o mundo por uma placa tipo cardápio de restaurante, que o resultado será maravilhoso.

Os protestos se espalharam como um rastilho de pólvora e encheram as ruas, também, nos 50 estados americanos, na Europa e Ásia, derretendo as bolsas e o capital. O prejuízo chegou a inacreditável montanha de US$ 6,6 trilhões. Isso mesmo: seis trilhões de dólares e 600 bilhões.

Milhares de pessoas tomaram as ruas nos Estados Unidos em manifestações contra o presidente Donald Trump e seu lugar-tenente Elon Musk. De acordo com informações da CNN, os atos foram organizados pelo movimento “Pró-Democracia”. Para o deputado federal Elvino Bohn Gass(PT-RS), vice-líder do governo Lula no Congresso Nacional, “é grotesco ver setores da extrema direita brasileira tentando justificar o injustificável, como se o Brasil devesse agradecer por ser prejudicado com menos força – 10%.

Trump, ao impor tarifas extras de forma unilateral e insensata, desmonta toda a retórica liberal que ele mesmo e seus seguidores adotam. “O tarifaço destrói a ideia de que o mercado se autorregula e que governo bom é governo que não interfere”.

A principal pauta das manifestações são os ataques contra os direitos e liberdades dos americanos. Segundo a emissora estadunidense CNN, foram registrados mais de 1.400 protestos, que tinham como mote “Tirem as mãos”, em referência aos ataques contra as liberdades civis, consagrado na terra do Tio Sam.

Também é um caso raríssimo de acontecer: manifestações ocorrerem, simultaneamente, em todos os 50 estados americanos, organizado pelo até então desconhecido movimento “Pro-Democracia”- uma força popular contra Donald Trump e o seu lugar-tenente Elon Musk.

O incrível é que no mesmo dia 06/04, enquanto o mundo se revolta conta o a tributação aleatória de Trump, no Brasil o pastor Silas Malafaia organizou uma manifestação popular na Avenida Paulista para defender anistia aos golpistas de 08/01 e atacar, desabridamente, os ministros do Supremo Tribunal Federal, especialmente, Alexandre de Moraes – relator do processo.

O ato que atraiu seis governadores da direita, foi o palco para o ex-presidente Jair Bolsonaro, líder da mesma extrema direita deitar falação contra o STF e rasgar elogios ao tarifaço de Donaldo Trump que, revirou a economia mundial de cabeça para baixo, inclusive muita incerteza no Brasil, atingido por 10% em tudo que exporta para lá.

Nos Estados Unidos, o tema das manifestações foi o ataque, por atos isolados do presidente Trump, sem qualquer respaldo do Congresso ou do Judiciário, ao direito individual. O lema “Tire as Mãos” soou como um grito contra as liberdades civis. Os economistas do mundo todo estão reformulando tudo que aprenderam nas universidades.

Há quem diga que as medidas tomadas por Trump visam reorganizar a economia internacional na tentativa desesperada de reverter o declínio dos EUAperante a China. Mas também pode acabar abrindo uma janela histórica de oportunidades para o Brasil, os Brics e ainda colocar o acordo do Mercosul com a União Europeia no centro desse jogo.

No que chamou de ‘Dia da Libertação’, Trump determinou que qualquer produto importado do Brasil pelos EUA será taxado em pelo menos 10%. No mesmo patamar de tributação ficaram a Argentina, Reino Unido, Singapura, Austrália, Nova Zelândia, Turquia, Colômbia e outros. Ainda assim, por aqui, a medida deve impactar, principalmente, os setores de petróleo e ferro, que já tinham taxas altas.

Como resultado, as bolsas de valores derreteram desde quarta-feira, até hoje. Entre os produtos mais exportados pelo Brasil aos EUA estão petróleo bruto, celuloso de madeira, ferro-gusa, café, suco de laranja e carnes. A Vale e a Suzano, ambas com exportação a partir do Maranhão, foram afetadas.