18 de abril de 2025
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A queda de Juscelino não mexe na sucessão do MA

Por Raimundo Borges

O Imparcial – Dois anos e três meses foi o tempo que o deputado federal Juscelino Filho (UB) despachou na Esplanada como ministro das Comunicações. No período ele enfrentou todo tipo de especulação, operações da Polícia Federal em suas propriedades e denúncias de corrupção com dinheiro de emendas parlamentares.

A última foi formulada, terça-feira 08, pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, forçando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a “convidar” Juscelino a pedir demissão, para não ter que constrangê-lo. Imediatamente surgiu o nome do também deputado federal Pedro Lucas, do mesmo União Brasil do Maranhão, como o mais cotado para ocupar a vaga, por indicação pelo presidente do Senado Davi Alcolumbre (UB-AP), um aliado histórico do ex-presidente José Sarney.

A PGR sustentou suas denúncias contra Juscelino Filho em investigações da Polícia Federal, que já o havia indiciado em junho do ano passado, por suposto desvio de emenda parlamentar, como deputado federal, para o município de Vitorino Freire, comandada na época pela sua irmã, Luana Rezende.

Segundo o relatório da CGU, 80% da estrada asfaltada com recurso da emenda, beneficiaram propriedades dele e da família, que construiu uma autêntica oligarquia na região, com ramificações até Santa Inês, no vale do Pindaré. Na ocasião da operação da PF em propriedades do ministro, Lula disse que exoneraria qualquer auxiliar que fosse oficialmente denunciado por desvio de conduta.

Na ocasião, como repetiu agora, Juscelino Filho disse não haver praticado nenhuma irregularidade. A estrada beneficiada com a emenda “é um bem do povo de Vitorino Freire e sua pavimentação, uma demanda antiga da população”.

E pontuou que as emendas foram repassadas dentro dos critérios de legalidade e beneficiaram onze povoados no município, onde centenas de pessoas sofrem diariamente para se locomover ao trabalho, escolas, hospitais, principalmente durante o período chuvoso, quando a via se tornava intransitável”. A obra custou R$ 7,5 milhões e foi tocada pela Construtora Construservice, cujo sócio oculto é o empresário Eduardo José Barros Costa, o “Eduardo DP”, ou “Imperador”.  

Seja como for, Juscelino chegou ao governo Lula pelo caminho trilhado pelo Centrão, com a interferência de Davi Alcolumbre, mesmo sendo um deputado de pouca influência no Plenário da Câmara, mas de família poderosa na região de Vitorino Freire. O pai foi deputado estadual e p prefeito do município por duas vezes e depois foi a irmã Luana, enquanto o tio Stenio Rezende, médico, pecuarista e empresário, sofreu condenação em 2017 pelo TRF-1, sendo, então, substituído, em 2019, pela esposa Andréa Rezende.

O médico que virou ministro, deu de cara com um imenso latifúndio tecnológico, dominado pelo oligopólio das emissoras de televisão e as gigantes das big techs, cheias de poder, dinheiro, más intenções e interesses que extrapolam as fronteiras do Brasil.

O curioso é que a queda de Juscelino Rezende não mexe, nem um pouco, com a sucessão do Maranhão em 2026. Ele não entrou nas cogitações da eleição majoritária, como tem sido o caso do outro ministro André Fufuca (PP). Já Pedro Lucas é também de família tradicional da política maranhense e hoje é o líder da UB, que tem o padrinho Davi Alcolumbre como principal Cacique na legenda, ao lado de Luciano Bivar.

Lucas fez parte da comitiva de lula na recente viagem à Ásia. É filho do prefeito de Arame, Pedro Fernandes e sobrinho de Manoel Ribeiro, ex-presidente da Alema por onze anos. Se for nomeado, Pedro Lucas vai ter que encarar os multibilionários Elon Musk, da Starlink; Zuckerberg, da Meta; Jeff Beso, do Amazon; e os Marinho, do sistema Globo, cada qual com suas infinitas ambições.

Como um político clássico do Centrão, apesar de jovem, Lucas tem boa relação com figuras governistas, como Antônio Rueda e ACM Neto, além de enorme trânsito no Maranhão com os Sarney, os Brandão e até com o ministro Flávio Dino, relator do processo contra Juscelino Rezende. Portanto, pode até ser interlocutor preferencial do governo no Congresso.

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