24 de abril de 2025
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Conclave mais longo da história demorou tanto que levou cardeais à morte

AH – Atualmente, a escolha de um novo Pontífice ocorre poucos dias após a morte ou renúncia do papa anterior; no entanto, nem sempre foi assim.

A eleição de um novo papa é, geralmente, uma decisão tomada poucos dias após a morte ou renúncia do pontífice anterior. No entanto, nem sempre foi assim.

Durante a Idade Média, os conclaves — reuniões secretas dos cardeais para a escolha do papa — podiam se estender por longos períodos. O mais extremo exemplo disso ocorreu no século 13 e ficou registrado como o conclave mais longo da história da Igreja Católica.

33 longos meses

O episódio teve início após a morte do papa Clemente IV, em 29 de novembro de 1268. O que era para ser uma sucessão relativamente rápida se transformou em um impasse que durou 33 meses, até a eleição de Gregório X, em 1º de setembro de 1271.

Esse prolongado processo ocorreu na cidade de Viterbo, a cerca de 85 quilômetros ao norte de Roma, em meio a um cenário de disputas políticas e falta de consenso entre os cardeais.

Imagem ilustrativa / Crédito: Getty Images

O clima de incerteza e frustração foi tanto que a população local decidiu intervir. Revoltados com a demora, os moradores removeram o telhado do palácio onde os cardeais estavam reunidos, dizendo que queriam facilitar a ação do Espírito Santo.

Mortes

Para pressionar ainda mais, interromperam o fornecimento de comida. A situação se tornou tão precária que dois cardeais morreram durante o processo, e um terceiro teve que ser retirado do conclave por motivos de saúde.

De acordo com o portal CNN, foi somente após esse cenário de caos e exaustão que o cardeal Tedaldo Visconti foi eleito como novo papa, adotando o nome de Gregório X. Chocado com o que presenciou, ele tratou de reformar as regras do conclave para evitar uma repetição do pesadelo.

Em 1274, Gregório X determinou que, dez dias após a morte de um papa, os cardeais deveriam ser trancados em um quarto com um lavatório adjacente. Caso não houvesse consenso em três dias, a alimentação seria reduzida a uma refeição simples por dia. Passados cinco dias sem decisão, restariam apenas pão, água e vinho como sustento — medidas para forçar a escolha de forma mais célere.

Itens usados por papas / Crédito: Getty Images

Problemas persistiram

Apesar das novas regras, os problemas de sucessão ainda persistiram. Em 1292, após a morte do papa Nicolau IV, outro impasse se formou. Foram necessários 27 meses até que os cardeais escolhessem um novo pontífice, em uma das decisões mais inusitadas da Igreja.

O escolhido foi o eremita Pietro del Morrone, um sacerdote na casa dos 80 anos que vivia em reclusão e havia profetizado punições divinas aos cardeais caso a indecisão continuasse. Visto como uma figura santa, ele foi eleito papa em 5 de julho de 1294, adotando o nome de Celestino V.

Contudo, o peso da burocracia papal não combinava com seu estilo de vida solitário e devoto. Apenas alguns meses após assumir, Celestino V renunciou voluntariamente ao cargo, tornando-se o último papa a fazer isso por vontade própria antes de Bento XVI, em 2013.

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