2 de maio de 2025
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Trump delira como “governador do mundo” – que ele construiu

Por Raimundo Borges

O ImparcialNos 100 dias de maluquices e pirraça sobre temas mundiais seríssimos, o presidente da maior economia do planeta, Donald Trump, não passa 24 horas sem humilhar o país que governa ou os aliados. A brusca queda de popularidade e a rejeição de sua imagem assustam.

Com um discurso que beira as falas de um lunático, o presidente estadunidense já sente o isolamento internacional, mas não para de tripudiar, com alarido midiático, sobre aliados e não alinhados. Trump esbanja falação sem nexo, sem lógica e sem consistência. Até se diverte com o próprio circo que armou na Casa Branca, como quando declarou à revista The Atlantic que, no segundo mandato, governa os Estados Unidos e o mundo.

O republicano de extrema-direita Trump voltou à Casa Branca em uma vitória acachapante contra a democrata Kamala Harris. Porém, suas primeiras medidas foram suficientes para abrir intenso debate sobre o mandachuva do país, reconhecido como a maior democracia do mundo.

O realinhamento dos EUA na direção de um alinhamento ideológico para a direita mais profunda tem martelado a cabeça de pesquisadores, ideólogos e analistas de todas as áreas do conhecimento humano, que tentam compreender quais impactos, ao longo dos próximos quatro anos e depois deles, haverá na política, na economia, na ciência, nas guerras e nos costumes internacionais.

Depois de adotar a política de expulsar, prender, deportar imigrantes, punir universidades e “emparedar” o mundo com o tarifaço, Trump prometeu fazer dos Estados Unidos o centro da economia do planeta, em decisões ilegais que causaram gigantescos prejuízos às próprias companhias americanas de alta tecnologia. Depois de tanto alarido, nem seus próprios seguidores dentro das fronteiras americanas lhe dão crédito.

Também a direita internacional, como o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro, já sente que os estrambelhados atos da Casa Branca, de fato, estão criando mais problemas à ideologia no mundo do que abrindo espaço para a sua expansão. A China retaliou na mesma medida e Trump recuou. A Rússia não lhe deu ouvidos e a guerra continua.

No vizinho Canadá, que Trump ameaçou torná-lo o 51º Estado americano e sofreu taxação de seus produtos nos Estados Unidos, o Partido Liberal do 1º-ministro Mark Carney, um anti-trumpista de centro-esquerda, acaba de triunfar na eleição geral. Por coincidência, no mesmo dia em que o extremista republicano completou 100 dias na Casa Branca.

As pesquisas indicam que a desaprovação do presidente saltou 13 pontos, chegando a 55%, contra 42% de aprovação. Tudo na esteira da nova doutrina da geopolítica agressiva dos Estados Unidos. Entender isso em tão pouco tempo é desafiador para os estudiosos, diante do retrocesso implantado sobre a democracia, os direitos humanos e o direito internacional.

Na primeira reunião dos chanceleres dos países dos BRICS, esta semana no Rio de Janeiro, foi alinhada a crença comum de que a cooperação multilateral é a resposta para a promoção da paz e do desenvolvimento. Certamente, um recado à arrogância e à truculência de Trump, agora se achando governante do mundo.

Os BRICS querem promover uma abordagem das crises globais e regionais, além de reforma das instituições internacionais para uma governança mais inclusiva e sustentável. O embaixador Mauro Vieira, do Brasil, no discurso de abertura, defendeu a posição única do grupo para promoção do diálogo e reforçou a igualdade soberana das nações.

Em matéria de novembro de 2024, o jornal The New York Times escreveu a trajetória do então presidente eleito, mostrando como “um pária (re)construiu seu caminho de volta à Casa Branca”. E acrescentou: “O magnata é produto da previsão do acaso, do cálculo descarado e das suas habilidades políticas intuitivas.

Autoexilado na Flórida como um semiparasita alvo duas vezes de impeachment, ele (Trump) jogava golfe e fazia birra, mordido com sua derrota em 2020 e ainda se recusando a reconhecê-la. (…) Seu círculo havia se reduzido a um punhado de assessores juniores, que se esforçavam para mantê-lo nos trilhos e longe da televisão”.

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