20 de maio de 2025
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Aumenta o racha na base do governo e Brandão empurra decisão para 2026

Por Raimundo Borges

O Imparcial – O governador Carlos Brandão segue emitindo “sinais” cada vez mais luminosos sobre a política que lidera, na esteira das eleições maranhenses de 2026. Ora elogia a atuação do sobrinho como secretário de Assuntos Municipalistas, Orleans Brandão; ora elogia o prefeito do paupérrimo município de Cajapió, Marconi Pinheiro, também do PSB, por haver eleito, em 2024, o sobrinho Rômulo Nunes.

Como ele disse, na segunda-feira, na Fiema, não está mandando “recado para ninguém”, mas apenas sinalizando como pretende terminar o seu mandato. Tudo sem dizer se fica até o fim ou se vai renunciar em abril para o vice, Felipe Camarão, assumir e ser o candidato a governador.

O curioso é que os “sinais” que Brandão vem emitindo nas suas andanças pelo interior, nenhum deles indica que vai apoiar o petista Felipe Camarão. Muito pelo contrário, ele tem colocado o segundo na ordem sucessória sempre na retaguarda, enquanto chama para os holofotes o sobrinho Orleans Brandão.

Portanto, de sinal em sinal, cada vez mais soando como recado, a posição do governador já provoca uma divisão acirrada no plenário da Assembleia Legislativa entre os deputados que, com ele, de mãos dadas, foram eleitos em 2022, com Flávio Dino concorrendo ao Senado e Brandão ao atual mandato.

Em menos de uma semana, o barulho da sucessão ganhou repercussão nas mídias e dentro da Assembleia Legislativa, ficando em segundo plano as duas vagas de senador. De repente, as obras do governo Brandão passaram a repercutir no plenário do Legislativo como há muito tempo não se via.

Deputados do mesmo grupo Flávio Dino–Carlos Brandão já se distanciam ou se aproximam do chefe do Executivo neste ano em que não há eleição, mas os deputados precisam cuidar de seus redutos antes que os endinheirados e mais articulados os invadam. Tudo visto e ouvido por Brandão, que continua jurando que não tem candidato e nem pretende definir o seu futuro antes de 2026.

Se o governador decidir emitir novos sinais em cima dos prefeitos eleitos em 2024 com o apoio de parentes próximos, terá que começar pelos grandes colégios eleitorais. Caxias, por exemplo: o então prefeito Fábio Gentil elegeu, em 2022, a filha Amanda Gentil deputada federal e reelegeu a esposa, Daniela, para a Alema.

Em 2024, lançou o sobrinho Gentil Neto, sem nenhuma experiência política, mas o fez seu sucessor em Caxias, a quinta maior cidade do Maranhão. Se for falar de deputados e prefeitos pelo grau de parentesco com outros mandatários, a lista não tem fim. Que o diga Josimar do Maranhãozinho, que elegeu a esposa Detinha, a sobrinha deputada estadual Fabiana Vilar e outro sobrinho, Aldir Júnior, vereador de São Luís. Outro exemplo é Hilton Gonçalo, em Santa Rita.

Se o governo Brandão está com 60% de aprovação contra 31% de reprovação, significa que tem força suficiente para arrastar ao plenário da Alema uma robusta bancada, assim como no âmbito federal, o Senado e a Câmara dos Deputados. Ele leva a vantagem de ser apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que quer ver o petista Felipe Camarão concorrendo ao Palácio dos Leões.

Ironicamente, Brandão é defendido com unhas e dentes pelos deputados estaduais Yglésio Moyses (PRTB) e Mical Damasceno. Os dois são bolsonaristas de primeira ordem e ela, representante da turma evangélica. Quando o assunto é Felipe Camarão, os dois fecham questão radicalmente contra.

Brandão nunca foi simpatizante da esquerda. Está filiado ao PSB por circunstâncias dos acordos com Flávio Dino desde 2014, quando a chapa Dino–Brandão estrangulou o sistema sarneísta. Em 2022, ele foi para o PSB no mesmo ato em que outro tucano histórico, Geraldo Alckmin, também virou “socialista” na chapa liderada por Lula (PT).

Agora, enquanto o pau canta na Alema entre deputados remanescentes do dinismo e os brandonistas de ocasião, o governador leva essa história para 2026, empurrando com a barriga, dizendo que está emitindo sinais de que não vai apoiar quem perseguir seus aliados. Felipe Camarão se antecipa e diz que nunca perseguiu ninguém e que sua candidatura ao governo está firme.

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