Mariangela Hungria é a primeira brasileira a ganhar o ‘Nobel da agricultura’
Foco das pesquisas dela é o aumento da produção e a qualidade de alimentos por meio da substituição de fertilizantes químicos por microrganismos.
A cientista brasileira Mariangela Hungria ganhou o Prêmio Mundial de Alimentação (World Food Prize), também conhecido como “Nobel da agricultura”. A pesquisadora da Embrapa Soja foi reconhecida pela trajetória de mais de 40 anos dedicados ao desenvolvimento de tecnologias em microbiologia do solo, que vem permitindo aos produtores rurais a obtenção de altos rendimentos com menores custos e mitigação de impactos ambientais.
O foco das pesquisas de Mariangela tem sido o aumento da produção e a qualidade de alimentos por meio da substituição total ou parcial de fertilizantes químicos por microrganismos portadores de propriedades como fixação biológica de nitrogênio, síntese de fitormônios e solubilização de fosfatos e rochas potássicas.
Mariangela é a primeira mulher brasileira a ganhar o Prêmio Mundial de Alimentação. Em 2006, o ex-ministro da Agricultura, Alysson Paolinelli e o agrônomo Edson Lobato dividiram o prêmio com o colega estadunidense A. Colin McClung, pelo trabalho de desenvolvimento da agricultura na região do Cerrado. E em 2011, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi premiado pelo trabalho com a erradicação da fome no Brasil.
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“Estou imensamente feliz, ainda não consigo acreditar, é uma grande honra, um reconhecimento mundial. Acredito que minha principal contribuição para mitigar a fome no mundo tenha sido minha persistência de que a produção de alimentos é essencial, mas deve ser feita com sustentabilidade. Foi uma vida dedicada à busca por altos rendimentos, mas via uso de biológicos, substituindo parcial ou totalmente os fertilizantes químicos. Com essa premiação, existe também o reconhecimento do empenho da pesquisa brasileira rumo a uma agricultura cada vez mais sustentável, favorecendo nossa imagem no exterior”, explica Mariangela Hungria.
“Hoje, percebo uma crescente demanda global por maior produção e qualidade de alimentos, mas com sustentabilidade — reduzindo a poluição do solo e da água e diminuindo as emissões de gases de efeito estufa. Minha abordagem busca ‘produzir mais com menos’ — menos insumos, menos água, menos terra, menos esforço humano e menor impacto ambiental, sempre rumo a uma agricultura regenerativa”, acrescenta a brasileira.
Em 2021, a equipe da pesquisadora lançou uma tecnologia que permite a redução de 25% na fertilização nitrogenada de cobertura em milho por meio da inoculação da bactéria Azospirillum brasiliense.