8 de agosto de 2025
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O que se sabe sobre o ataque dos EUA ao Irã

Trump ordena bombardeio de instalações nucleares do Irã. Entenda como ocorreu a operação, as armas empregadas, as reações e a origem do conflito.

Os EUA realizaram neste fim de semana um ataque contra instalações nucleares do Irã, entrando diretamente na campanha militar que Israel vem executando contra o regime de Teerã desde a semana passada.

O ataque americano marcou uma nova escalada de tensão na região. O Irã confirmou que suas instalações foram atingidas, mas tentou minimizar os efeitos. Já o presidente Donald Trump afirmou que o ataque destruiu “completamente” três complexos nucleares e o Pentágono mostrou imagens de satélite que indicam danos.

O ataque também provocou reações internacionais, que variaram entre apoio, preocupação e condenação.

Veja o que se sabe sobre o ataque dos EUA:

Quais foram os alvos atacados?

A operação Midnight Hammer (Martelo da Meia-Noitefoi anunciada por Trump na noite de sábado (21/06) em Washington, quando já era madrugada de domingo no Irã. Segundo anunciou o presidente americano, as forças dos EUA agiram contra três instalações nucleares iranianas: Fordo, Natanz e Isfahan.

As duas últimas já haviam sido alvo de ataques israelenses nos últimos dias, mas Fordo seguia aparentemente intacta até a intervenção americana, de acordo com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Os olhos de estrategistas militares se concentravam especialmente em Fordo por causa da complexidade que um ataque militar ao local demandaria.

Construído sob o solo numa remota região montanhosa do Irã, Fordo era considerado impenetrável pelo aparato militar de Israel e especialistas apontavam que apenas os EUA contavam com uma bomba capaz de atingir a instalação.

Foi em Fordo que, em 2023, a AIEA anunciou ter encontrado partículas de urânio enriquecido a um grau de 83,7% de pureza – próximo dos 90% necessários ao desenvolvimento de armas nucleares.

Ao contrário das demais instalações, acredita-se que Fordo tenha sido construída 100 metros abaixo do solo, a partir de uma estrutura de túneis usados pela elite da Guarda Revolucionária Islâmica, pilar de sustentação do regime.

Ao menos 3 mil centrífugas de enriquecimento de urânio teriam sido dispostas no subterrâneo, distribuídas em dois túneis principais. Imagens de satélite mostraram que acima da superfície havia apenas um edifício de apoio e seis entradas subterrâneas. Embora Fordo fosse considerado um complexo menor do que Natanz, ele teria sido projetado para produzir graus mais puros de urânio, o que o tornava militarmente mais significativo.

Imagem de satélite da área onde está instalado o complexo nuclear de Fordo
Imagem de satélite da área onde está instalado o complexo nuclear de FordoFoto: Planet Labs PBC/AP/picture alliance

Quais armas foram usadas?

No domingo, o comando das Forças Armadas dos EUA forneceu detalhes sobre o ataque, apontando que a operação ocorreu na madrugada de domingo no horário iraniano e empregou bombardeios estratégicos B-2 e dezenas de mísseis disparados a partir de submarinos. Trump disse que os americanos não sofreram nenhuma baixa durante a operação. Segundo o Pentágono, as defesas aéreas do Irã não parecem ter detectado a ofensiva.

No caso do ataque à instalação nuclear de Fordo, os EUA empregaram sete bombardeios B-2, que lançaram 14 bombas GBU-57, conhecida como “destruidora de bunkers”. Segundo o governo dos EUA, essa foi a primeira vez que a bomba foi usada em combate.

Além disso, dezenas de mísseis de cruzeiro Tomahawk foram lançados a partir de submarinos contra os complexos de Natanz e Isfahan.

As bombas GBU-57,, que existem apenas no arsenal dos EUA, pesam mais de 13 toneladas cada e só podem ser lançadas a partir dos bombardeios B-2, que tem capacidade stealth para diminuir a detecção por radar e podem percorrer 11 mil quilômetros sem reabastecimento – distância que pode ser aumentada ainda mais com reabastecimentos em pleno ar.

Ao longo da semana, especialistas apontaram que um eventual ataque poderia ser lançado a partir da base aérea de Diego Garcia, uma ilha remota do Oceano Índico, que faz parte da nação das Ilhas Maurício. No entanto, o Reino Unido, que administra a base em conjunto com os EUA, negou que os aviões tenham partido de lá.

Aparentemente, a operação americana também envolveu ações de distração, com o envio de alguns aviões B-2 para uma base no Pacífico, que tiveram sua trajetória vazada propositalmente para a imprensa, enquanto outra esquadrilha seguia no sentido oposto, para o Irã.

Neste domingo, o Pentágono detalhou que os sete B-2s que atacaram o Irã decolaram a partir de uma base no território continental dos EUA, percorrendo mais de dez mil quilômetros até o Irã e depois retornando.

Bomba americana GBU-57
Os EUA afirmam ter usado 14 superbombas GBU-57 no ataqueFoto: U.S. Air Force/AP Photo/picture alliance

Qual foi o resultado?

A mídia estatal do Irã tentou minimizar eventuais danos. O governo da Alemanha avaliou “que grande parte do programa nuclear iraniano foi afetada pelos ataques aéreos”.

Ao anunciar que havia ordenado o ataque, Trump disse que suas forças haviam “totalmente e completamente obliterado” as três instalações nucleares. Ele destacou a ação contra Fordo. “Uma carga completa de bombas foi lançada no local principal, Fordo”, disse Trump.

Já o comando das Forças Armadas dos EUA foi mais comedido nas afirmações. “Sei que os danos de batalha são de grande interesse. [A avaliação] dos danos finais de batalha levará algum tempo, mas as avaliações iniciais dos danos indicam que os três locais sofreram danos e destruição extremamente graves”, disse o general Dan Caine, chefe do Estado-Maior Conjunto dos EUA.

Os americanos também exibiram imagens de satélite que mostram seis enormes crateras na área montanhosa do complexo nuclear de Fordo.

As autoridades iranianas minimizaram a alegação, afirmando que os danos não foram decisivos e dizendo que não havia perigo para os moradores que vivem perto das instalações nucleares atingidas pelos ataques. A rede catariana Al Jazeera informou que uma autoridade iraniana disse que Fordo havia sido “evacuada há muito tempo e não sofreu nenhum dano irreversível”.

Nas horas seguintes ao ataque ao Irã, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) da ONU disse no que não detectou nenhum aumento nos níveis de radiação nas imediações das principais instalações nucleares.

O que Trump disse ao anunciar ataque?

“Nosso objetivo era destruir a capacidade de enriquecimento nuclear do Irã e deter a ameaça nuclear representada pelo principal Estado patrocinador do terrorismo no mundo”, disse Trump em um breve pronunciamento. “Esta noite, posso relatar ao mundo que os ataques foram um sucesso militar espetacular.”

Além de afirmar que os EUA destruíram as instalações, Trump fez uma série de advertências ao Irã, exigindo que o regime se submeta a um acordo para encerrar seu programa nuclear.

“Dito isso, isso não pode continuar. Haverá paz, ou haverá uma tragédia para o Irã muito maior do que a que testemunhamos nos últimos oito dias”, disse. “Lembrem-se, ainda há muitos alvos. O desta noite foi o mais difícil de todos, de longe, e talvez o mais letal. Mas se a paz não chegar logo, perseguiremos esses outros alvos com precisão, velocidade e habilidade. A maioria deles pode ser eliminada em questão de minutos”, acrescentou Trump, que estava acompanhado no pronunciamento pelo vice-presidente J.D. Vance, pelo secretário da Defesa, Pete Hegseth, e pelo secretário de Estado, Marco Rubio.

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