10 de setembro de 2025
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Maranhão mergulhado em dúvidas sobre 2026

Por Raimundo Borges

O Imparcial – Quem viver, verá – como dizia o ex-deputado estadual e federal Líster Caldas, que viveu e militou na política do PSD e PTB em meados do século 20 no Maranhão. Pela frase preferida, retirada do linguajar coloquial do vernáculo português até os dias atuais, percebe-se que ela não perde a atualidade em meio à tensão política generalizada nos Três Poderes em Brasília e, em particular, no Maranhão.

Traz uma série de significados, quando o Brasil está distante apenas 13 meses das eleições gerais de 2026. A lógica da frase listercaldana remete a um futuro politicamente nebuloso e de resultados imprevisíveis, o qual exige paciência e adiamento de um juízo que só faz sentido lá mais à frente.

De fato, vive-se uma situação política complexa. Nela se entrelaçam fatos atuais, como o julgamento histórico e único no STF do ex-presidente Jair Bolsonaro e de vários militares de alta patente das Forças Armadas, com a possibilidade de o Congresso Nacional aprovar uma anistia a todos os envolvidos na tentativa de golpe de Estado entre 2022/2023. Diante de tais cenários, as eleições de 2026 viram uma incógnita.

Esta semana o país vive uma tensão maior do que a iniciada em 14 de março de 1985, quando Tancredo Neves foi internado às pressas e operado menos de 24 horas antes da posse. Era o primeiro presidente civil, eleito para pôr fim aos 21 anos de ditadura militar implantada em março de 1964.

Aquele evento histórico e dramático, iniciado em 1984 com a Emenda Dante de Oliveira e o movimento popular das Diretas Já, teve desfecho com José Sarney na Presidência durante o quinquênio em que o Brasil se reinventou na economia, na política e na institucionalidade jurídica com a Constituição de 1988. Em 40 anos, o país mostra outra cara econômica e política, com uma das democracias mais estudadas e respeitadas do mundo.

De 2018 em diante surgiu, porém, o bolsonarismo, ideologia associada à retórica da defesa da família, ao patriotismo conservador, ao negacionismo, ao anticomunismo, a favor do porte de armas, do neofascismo e da aversão extremada às esquerdas.

O Brasil está dividido e continua ameaçado de uma ruptura institucional. O projeto fracassado do golpe de Estado não se esgotou com a prisão e condenação de centenas de golpistas. O Congresso, um dos Poderes mais destruídos pela violenta ação em 08/01/2023, busca a alternativa de juntar os radicais do PL à direita do Centrão para desmoralizar o Supremo Tribunal Federal.

Tudo isso com o aval imoral e ilegal do presidente americano Donald Trump, patrocinador da direita mundial. O Congresso só quer debater a pauta da anistia ampla para os golpistas, aproveitando a fragilidade do presidente da Câmara, Hugo Mota, repetindo o discurso de perseguição judicial no bojo da ação em julgamento no STF.

Uma coisa é certa e não deixa ninguém cair na duvidosa e indefinida frase “quem viver, verá”. A eleição de presidente da República, seja com Luiz Inácio Lula da Silva em novo confronto contra Jair Bolsonaro, ou outro nome da esquerda enfrentando um representante da direita bolsonarista, terá desdobramentos no Maranhão na corrida ao Palácio dos Leões.

Até agora, o prefeito de São Luís, Eduardo Braide, lidera as pesquisas para governador, mas ele age com cautela, sem assumir publicamente a pré-candidatura. Assim também pontua o emedebista Orleans Brandão, embora se mostre claramente como quem vai com tudo para a sucessão do tio Carlos Brandão, que o apoia, tocando um robusto projeto de governança.

O PT do presidente Lula tem Felipe Camarão, mas sem robustez eleitoral para chegar ao Palácio dos Leões sem o apoio da máquina governamental. Com a ruptura do grupo Brandão/Flávio Dino e os dois lados se digladiando com acusações de todos os níveis, Eduardo Braide usa sua imagem de gestor que está mudando a cara da capital maranhense para se projetar rumo ao resto dos municípios, onde é pouco conhecido. Sem grupo de apoio político, ele usa as redes sociais enquanto espera os desdobramentos da política nacional e estadual. Sem querer, Braide está enquadrado na frase que contradiz a lógica: “Quem viver, verá”.

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