15 de setembro de 2025
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MP investiga ameaça de morte contra jornalista brasileira em Portugal

DCM – A jornalista brasileira Stefani Costa, correspondente do portal Ópera Mundi em Portugal, denunciou novas ameaças de morte recebidas pelas redes sociais. O caso ocorre apenas três dias após a prisão do português João Paulo Silva Oliveira, que havia oferecido 500 euros por cada brasileiro decapitado no país.

Embora já solto, a prisão dele expôs a escalada de discursos de ódio contra imigrantes. Agora, outro extremista, identificado como Bruno Silva, prometeu recompensas milionárias para quem matar brasileiros, incluindo um valor adicional para quem entregar a cabeça da repórter.

As mensagens publicadas por Bruno Silva chegaram a oferecer um apartamento em Lisboa, avaliado em 300 mil euros, a quem promovesse um massacre com pelo menos 100 vítimas brasileiras.

Ele ainda incluiu um bônus de 100 mil euros para quem executasse a jornalista. Stefani afirma que não é a primeira vez que sofre ameaças do mesmo indivíduo. Em junho de 2023, ele já havia enviado a ela uma foto exibindo armas que dizia usar para matá-la.

A repórter registrou denúncia junto ao Ministério Público português, que abriu um inquérito em segredo de Justiça. “Já prestei vários depoimentos, mas o caso está andando bem devagar”, declarou.

A Polícia Judiciária acompanha as investigações, mas enfrenta dificuldades em identificar responsáveis por perfis usados para espalhar ameaças e mensagens de ódio, já que, segundo investigadores, as plataformas digitais impõem barreiras à cooperação.

Em entrevista, Stefani afirmou que não pretende se calar diante da violência. Para ela, o episódio expõe a necessidade urgente de leis mais duras contra crimes de ódio em Portugal. “Acredito ser fundamental expor essa situação, pois ela representa também uma afronta ao exercício do jornalismo e à liberdade de imprensa”, disse.

A jornalista também cobrou ação conjunta entre os governos português e brasileiro. Segundo ela, a normalização desse tipo de ameaça fragiliza não só profissionais da imprensa, mas toda a comunidade de imigrantes.

“Contribuímos para o desenvolvimento de Portugal e fazemos parte da sociedade. Por isso, merecemos ser tratados com respeito e dignidade”, reforçou. O advogado Camillo Júnior, que representa a jornalista, afirmou que Bruno Silva seria residente em Vila Real, no Norte de Portugal.

A Associação da Imprensa Estrangeira em Portugal (AIEP) emitiu nota oficial repudiando as ameaças e cobrando resposta firme das autoridades. A entidade destacou que a violência contra jornalistas atinge diretamente a democracia e ressaltou que Portugal já é considerado o epicentro europeu de fake news sobre imigração, segundo dados do Observatório Europeu dos Meios de Comunicação Digitais (EDMO).

Na avaliação da AIEP, o jornalismo deve ser protegido diante de ataques extremistas. “O jornalismo sério é ferramenta vital para enfrentar a onda de desinformação”, apontou a associação, defendendo que intolerância não pode ter espaço em uma sociedade democrática.

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