Caxias de frente e costas
Por Raimundo Borges
A princesa do Sertão, bela e rica em tradição
Terra das palmeiras que dão vida às moradias
Terra das carnaúbas, mãe adotiva de Gonçalves Dias
Reino soberano do Itapecuru, pai legítimo do babaçu
Rio, avô do Inhamum, fonte de água límpida, terra rara de floresta, canteiro de tucum
Cidade dos poetas, intelectuais e escritores
De livros pra todo lado, orgulho dos mais letrados
Tem contos realistas, rimas emparelhadas, versos alternados e prosas encadeadas
Tem palacetes e casebres, tem campo que cheira mato
Tem mato que cheira jasmim na cidade que mora em mim
A Veneza é diversão, é sabores e beleza
Tem rima curta e comprida, panela de ferro antiga
Tem o prato preferido chamado pirão de parida
Tem gente metida a sábio, mas se perde no latim
Tem vento quente na tarde, na noite não é assim
Caxias é isso, como diria Linhares
Que gostava de ler, mas não gostava de bares
É de luta, bravura e história, de um passado rico de glória
Seu relevo do chão nem é ótimo nem ruim
No rio ou no cocal, ou no Morro do Alecrim
Nasci na humildade, bem distante da cidade
O lugar é Jaguarana, pequeno que não tem fama
Cresci na roça de toco, dormi em cama de jirau
Ouvi ruído de pombas e canto do bacurau
A vida é dura, mas é vida. Lutar é buscar ser feliz
Um dia peguei o trem e só parei em São Luís
Caxias tem de tudo um muito. Tem tristeza e alegria
Tem Praça Gonçalves Dias e a Igreja da Matriz
Tem até farinha de puba extraída da raiz
Tem grandeza na largura, pensar nas alturas
Tem gente fazendo tudo, principalmente cultura
É no fazer que mora a sabedoria
Quando todos se reúnem, acabam na Academia
Cofre do pensamento e lastro de livraria.