22 de outubro de 2025
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Sem plano B, Lula entra em campo para o jogo de 2026

Por Raimundo Borges

O Imparcial – As projeções dos especialistas em economia há muito tempo não chegavam a um patamar de positividade tão abrangente como atualmente no Brasil. Essas projeções apontam um cenário que leva o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a já se preparar para encarar a disputa pela quarta temporada no Palácio do Planalto.

Trata-se de um feito jamais imaginado, nem quando ele ganhou a eleição em 2022, derrotando o presidente Jair Bolsonaro em pleno exercício do mandato. O Boletim Focus do Banco Central indica, para 2026, a menor inflação acumulada para os quatro anos de Lula-3 desde a criação do Plano Real, em 1994.

O Focus, divulgado na segunda-feira (20), diz que a inflação acumulada entre 2023 e 2026 deve chegar a 19,73%. O índice supera o recorde anterior, de 22,21%, registrado no segundo mandato do próprio Lula (2007–2010). Os números consideram os resultados oficiais de 2023 (4,62%) e 2024 (4,83%), além das estimativas de 4,70% para 2025 e 4,27% em 202

É curioso notar que as projeções do Boletim Focus são produzidas por instituições que atuam no mercado financeiro, dentre elas bancos, gestoras de recursos e consultorias e, em alguns casos, entidades do setor real, com equipes especializadas. Juntas, projetam variáveis socioeconômicas com o intuito de assessorar tomadas de decisão dentro do mercado.

As projeções, em muitos casos, auxiliam a modelagem econométrica e variáveis que impactam a atividade econômica, como taxas de juros e de câmbio; a variação dos índices de preços, assim como o Balanço de Pagamentos e o setor fiscal da economia brasileira.

Porém, dados sobre a visão geral da Conjuntura do Ipea de junho de 2025 indicam que o ritmo de crescimento do PIB brasileiro diminuiu consideravelmente ao longo do segundo trimestre. Cresceu 0,4% no segundo trimestre de 2025, na série dessazonalizada, ritmo bem inferior ao avanço de 1,4% apresentado nos primeiros três meses do ano. Já na comparação com o mesmo período de 2024, a economia expandiu 2,2%.

Percebendo a melhoria nos indicadores sociais ampliados, com o desemprego em 5,6% — repetindo o menor patamar já registrado na série histórica da Pnad Contínua —, o governo Lula tenta reconquistar o eleitorado perdido nas classes de menor poder aquisitivo. Nomeou o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), campeão de votos em 2022 em São Paulo, para a Secretaria-Geral da Presidência, no lugar de Márcio Macêdo.

Ele tem a missão de reconstruir as pontes na relação política do governo petista com os movimentos sociais, um elo que se fragilizou ao longo dos anos, até mesmo no Nordeste, região responsável pelas vitórias eleitorais de Lula ao longo de sua carreira.

Em outro movimento, o presidente Lula compareceu a um encontro com pastores evangélicos ao lado do Advogado-Geral da União (AGU), Jorge Rodrigo Araújo Messias, tido como um dos nomes mais fortes para preencher a cadeira vaga no Supremo Tribunal Federal, aberta com a aposentadoria antecipada do ministro Luís Roberto Barroso.

É um quadro de alto nível técnico, procurador da Fazenda Nacional, com mestrado e doutorado na Universidade de Brasília. Considerado “casualmente evangélico”, Messias é da Igreja Batista e se reuniu com Lula no Planalto, acompanhado de lideranças evangélicas.

Lula não tem plano B para 2026. O governo vive um cerco permanente do Congresso, dominado pelo Centrão e pelo bolsonarismo juntos.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anda meio desgastado, e o presidente terá de fazer das tripas coração para continuar liderando as pesquisas, enfrentar com coragem o tarifaço de Donald Trump, aproximar-se do eleitorado pobre, melhorar a economia e fazer com que a classe média o veja com outros olhos, além de percorrer o país, fortalecer os programas sociais, mostrar que tem saúde para mais um mandato e sair da sombra da imagem desgastada do PT.

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