2025 é um dos anos mais quentes da história, diz relatório da ONU
DCM – A Organização Meteorológica Mundial (OMM) divulgou nesta quarta-feira (6) um relatório que reforça o avanço preocupante da crise climática. Segundo a agência ligada à ONU, 2025 deve se tornar o segundo ou o terceiro ano mais quente já registrado, mantendo uma sequência inédita de temperaturas extremas que se intensifica há mais de uma década.
O anúncio ocorre às vésperas da COP30, em Belém (PA), e indica que os níveis de gases do efeito estufa e o calor dos oceanos atingiram novos recordes. De acordo com o documento, as concentrações de dióxido de carbono (CO₂), metano (CH₄) e óxido nitroso (N₂O) estão nas maiores taxas já observadas.
Apenas o CO₂ chegou a 423,9 partes por milhão em 2024, um aumento de 3,5 ppm em um único ano, o maior salto desde o início das medições. O relatório também confirma que os 11 anos entre 2015 e 2025 serão, individualmente, os mais quentes desde o começo dos registros, há 176 anos.
A secretária-geral da OMM, Celeste Saulo, afirmou que o cenário atual torna “praticamente inevitável” que o limite de 1,5 °C de aquecimento global seja temporariamente ultrapassado. A meta, fixada no Acordo de Paris de 2015, tinha como objetivo evitar os impactos mais graves das mudanças climáticas, como a elevação do nível do mar, colapso de geleiras e ondas de calor extremas.
Saulo destacou, porém, que ainda é possível reduzir as temperaturas até o fim do século, desde que os países atuem com rapidez e coordenação. O secretário-geral da ONU, António Guterres, citou o relatório durante discurso em Belém.
Ele alertou que cada ano acima do limite de 1,5 °C trará perdas econômicas, aumento da pobreza e danos ambientais irreversíveis. “Precisamos agir com urgência e em larga escala, para que o aumento de temperatura seja o menor e o mais curto possível”, afirmou.
O secretário-geral da ONU, António Guterrez, foi o primeiro a falar na cúpula dos líderes que antecede a COP30, e defendeu a transição de combustíveis fósseis e a implementação do financiamento climático na casa de US$ 1,3 trilhão.
📲Leia mais na #Folha: https://t.co/anE576uC0o… pic.twitter.com/7Q4lQHWpWk
— Folha de S.Paulo (@folha) November 6, 2025
Entre os principais dados, a OMM destaca que a temperatura média da superfície global ficou 1,42 °C acima dos níveis pré-industriais entre janeiro e agosto de 2025, ligeiramente abaixo do recorde de 2024. Mesmo assim, o período de junho de 2023 a agosto de 2025 registrou 26 meses consecutivos de calor recorde, um marco inédito na história climática moderna.
O relatório também aponta que mais de 90% do excesso de energia acumulada pelo planeta foi absorvido pelos oceanos, o que está intensificando tempestades tropicais, acelerando o derretimento de geleiras e elevando o nível do mar.
Desde 1993, a taxa média de aumento do nível oceânico dobrou, chegando a 4,1 mm por ano entre 2016 e 2025. O gelo do Ártico atingiu a menor extensão já observada, e o da Antártida continua abaixo da média histórica.
As consequências já são visíveis em diversas partes do mundo. O relatório cita enchentes no Texas que deixaram mais de 130 mortos, uma onda de calor de 50 °C na Turquia, ciclones devastadores na África e inundações que desalojaram mais de 1,5 milhão de pessoas no sul da Ásia.
No Brasil, a seca prolongada voltou a atingir a Amazônia e o Centro-Sul, agravando incêndios e pressionando reservatórios de água e energia. Para a OMM, a intensificação dos eventos extremos reforça a necessidade de adaptar a infraestrutura global e ampliar os sistemas de alerta antecipado.
Embora o número de países com monitoramento climático tenha dobrado desde 2015, cerca de 40% do planeta ainda não possui cobertura suficiente para reagir a desastres. O relatório será uma das principais bases científicas das negociações da COP30, que discutirá novas metas de financiamento climático e redução de emissões.
