17 de junho de 2025
DestaquesGeralPolítica

Isolado na corrida ao governo, Braide já busca novos aliados

Por Raimundo Borges

O Imparcial – Isolado na dianteira das pesquisas sobre o Palácio dos Leões em 2026, com mais do dobro do segundo colocado, Lahesio Bonfim, o prefeito de São Luís, Eduardo Braide (PSD), já se apresenta como uma candidatura em construção. Ele não assume disputar o governo, mas todas as pesquisas até aqui realizadas o apontam com índice de intenções de voto acima de 30%, o que significa uma posição confortável e uma preocupação para o Palácio dos Leões, sob o comando do governador Carlos Brandão (PSB).  Mesmo estando a onze meses da desincompatibilização, tanto o governador quanto o prefeito da capital vivem uma imensa expectativa sobre o futuro. O primeiro terá que deixar o cargo em abril para a vice Esmênia Miranda; o segundo fará o mesmo, mas se for concorrer ao Senado.

Em 2026, o Maranhão vai realizar a sua 18ª eleição de governador desde a ditadura Vargas – com o intervalo de três pleitos indiretos na ditadura militar de 1964. A situação política atual, mergulhada numa crise no centro do grupo criado por Flávio Dino em 2014, quando se uniu ao então tucano Carlos Brandão, tem um histórico parecido com 2006. Naquele ano, o pedetista Jackson Lago, que havia renunciado ao mandato de prefeito de São Luís para o vice Tadeu Palácio, se uniu ao governador José Reinaldo Tavares (PFL), que havia rompido com Roseana Sarney, de quem foi vice. Jackson, então, impôs a primeira derrota ao grupo Sarney, com Zé Reinaldo, que começou apoiando Edson Vidigal (PSDB) e, no 2º turno, foi com Jackson Lago contra Roseana Sarney, do MDB.

Mesmo tendo retomado o Palácio dos Leões com a cassação de Jackson Lago em 2009, Roseana encerrou o seu quarto mandato no Palácio dos Leões com Washington Oliveira (PT) na vice e deixou o grupo Sarney irreconhecível. Aquele episódio evoluiu para 2014, quando a chapa Flávio Dino-Carlos Brandão atraiu nada menos que nove partidos, quase todos remanejados da base aliada do sarneísmo. A chapa Lobão Filho-Arnaldo Melo (MDB) foi derrotada com 18 partidos na coligação, inclusive o PT, que sofreu intervenção nacional para furar o bloqueio da parte que até hoje se une, mas não se mistura com o dinismo no Estado. Mesmo assim, Roseana elegeu Epitácio Cafeteira para o Senado.

Agora, o prefeito Eduardo Braide tem um histórico de político partidariamente sem grupo, fato que não o impediu de ser reeleito em 2024 com 70,12% dos votos na capital, com cinco partidos na coligação, inclusive o MDB, presidido pelo irmão do governador, Marcus Brandão, contra 22,56% de Duarte Júnior, do PSB, apoiado sem entusiasmo por Brandão. Foi quando a relação entre Dino e Brandão começou a azedar, com o ex-governador já dando as cartas no Supremo Tribunal Federal. Sabendo que a eleição de governador não é eleição de prefeito, Braide está buscando ampliar sua base partidária, em articulação com o Republicanos e o MDB de São Luís, além de buscar unir o próprio PSD, hoje dividido ao meio.

Os fatos políticos em qualquer parte indicam que, se o grupo dominante estiver dividido e perceber que o lado oposto está fraco, a tendência é se manter desunido. Caso ocorra o contrário, com os opositores mostrando força eleitoral, os poderosos tendem a esquecer o passado e se unirem. Hoje, o lado governista tem uma ampla maioria dos prefeitos, vereadores, partidos, deputados estaduais e federais e o apoio do presidente Lula, com ministros. Já o PSD de Braide, além de estar dividido, com a senadora Eliziane Gama em cima do muro, não conta com nenhum prefeito no interior, mas lidera as pesquisas.

Já as duas vagas no Senado têm mais chances com o grupo que propor dois nomes potencialmente fortes. Facilita a vida do eleitor, que tende a votar no governador e nos dois senadores do mesmo bloco. O voto majoritário, pela lógica, sugere que o eleitor nunca sai votando em governistas e oposicionistas ao mesmo tempo. Até nessas circunstâncias, as eleições do Maranhão vão ocorrer dentro de uma realidade confusa, sejam quem forem os candidatos a governador e ao Senado. Tanto Brandão quanto Braide vão tentar empurrar esse jogo para decidir em 2026. Até lá, vai ser um divertido jogo de blá-blá-blá.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *