Crise do bloco governista no MA está escancarada
Por Raimundo Borges
O Imparcial – Os principais partidos do Brasil – PT, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e o PL, do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro – estão marchando rumo às eleições de 2026 rachados no Maranhão e no Brasil. O PT do vice-governador Felipe Camarão atravessa a fase mais complicada na sua relação com o titular do mandato, Carlos Brandão, e deixa o cenário das eleições de governador completamente confuso.
No PL, a principal liderança no Estado, o deputado federal Josimar do Maranhãozinho, tem se mantido arredio à figura do ex-presidente Jair Bolsonaro que, por sua vez, também quer vê-lo pelas costas. O deputado tem um forte reduto eleitoral que o segue independentemente do partido.
O fato curioso, que as pesquisas recentes realizadas no Maranhão não revelam porque não lhes interessa, é o que pensa o eleitorado sobre o apoio de Lula e de Bolsonaro aos pré-candidatos que estão nas mídias como interessados na cadeira de governador. Num país de política radicalmente dividida entre esquerda, direita, centro e avulsos não declarados ideologicamente, tudo pode acontecer quando faltam 15 meses para as eleições.
O bloco que está no governo estadual é apenas parecido com o que está no poder federal. Mas, à proporção que a campanha de 2026 se aproxima, esse cenário tende a deixar de lado as sutilezas e escancarar um verdadeiro vale-tudo fora da TV.
O governador Carlos Brandão está, a cada dia, sinalizando ao seu redor que ficará no Palácio até 31 de dezembro de 2026, com o único objetivo de trabalhar, no poder, a candidatura do sobrinho Orleans Brandão (MDB).
O jovem tem 31 anos, nunca disputou uma eleição, está na Secretaria de Assuntos Metropolitanos, mas é uma aposta que o tio prefere arriscar para não passar o governo ao vice Felipe Camarão (PT). Nesta hipótese, Brandão pode ser facilmente eleito senador, mas, no entanto, acredita que, do jeito que o desmantelo no bloco flavista se tornou realidade, ele nunca mais seria o líder político de hoje.
Paralelamente a esse furdunço no bloco de poder que desmanchou o sarneísmo em 2014 e até hoje se mantém firme e forte, existe o cenário opositor. O nome em evidência é o prefeito de São Luís, Eduardo Braide, líder absoluto em todas as pesquisas até aqui realizadas. O seu PSD é de centro-direita, um conglomerado ideológico muito parecido com o MDB de Orleans Brandão e com o próprio perfil do tio governador.
No Maranhão, o bolsonarismo não é ideológico. Vota com quem for contra Lula e o PT. O eleitorado que reelegeu Braide com 70% dos votos em São Luís é o mesmo que pode se manter na disputa do governo estadual ou dividir com um bolsonarista carimbado, como Lahesio Bonfim (Novo), ou até mesmo o ex-senador Roberto Rocha, se for candidato.
Brandão confia na alta aprovação de seu governo, acima de 60%, e no poder da máquina estadual de “fabricar” voto. Ele mesmo é exemplo disso. Em 2022, Brandão aparecia nas pesquisas, até o mês de setembro, atrás do senador Weverton Rocha (PDT), que era o líder.
A máquina operou tão perfeitamente que, não apenas ele foi eleito no primeiro turno, como Flávio Dino bateu todos os recordes de votos no Maranhão (2,1 milhões) para o Senado, e Weverton foi ultrapassado por Lahesio Bonfim. É com essa ideia na cabeça que Brandão vai colocando o sobrinho dentro do cenário eleitoral que envolve os prefeitos, correndo atrás de resolver demandas municipais com verbas do Estado.
Orleans tem por trás de si uma estrutura política conduzida pelo pai, Marcus Brandão, presidente do MDB regional, e pelo tio, Carlos Brandão. Felipe Camarão tem um PT na Presidência da República, mas nanico no Maranhão, ainda assim dividido ao meio entre petistas com cargos no governo e a corrente menor que vê Camarão como um estranho.
A diretoria dos IEMAs e a secretaria do PT Regional – Cricielle Muniz, Washington Luiz e outros ocupantes de cargos graúdos no governo Brandão – talvez já não pensem como em fevereiro passado, quando lançaram o programa de reconstrução do PT, com Felipe Camarão no centro.