17 de junho de 2025
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MDB dos Brandão entra no jogo de 2026 com o jeito dos Sarney

Por Raimundo Borges

O Imparcial — As eleições de 2024 foram de pleno renascimento do velho MDB maranhense, partido que vai completar 60 anos em 2026. No Nordeste, o MDB elegeu o maior número de prefeitos, com 848, seguido do PSD, com 273, e o PSB, 312.

Já o PSD do prefeito Eduardo Braide foi o partido que mais cresceu nas eleições de 2024 no Brasil, elegendo 877 prefeitos, o que é um contraste com o que ocorreu no Maranhão, onde a legenda venceu apenas em São Luís, com a reeleição de Eduardo Braide, com mais de 70% dos votos.

Por sua vez, o PT do vice-governador Felipe Camarão não passou de Codó (Chiquinho FC) e Brejo (Thâmara Castro), enquanto no âmbito nacional ganhou 248 prefeituras.

Já o MDB, do empresário Marcus Brandão, elegeu 37 prefeitos no Maranhão, ficando atrás apenas do PL, com 40. Na disputa do governo em 2026, os prefeitos são contabilizados pelos seus respectivos partidos como espécie de fertilizante para adubar o terreno das eleições de governador, senadores e deputados.

Por esse diapasão contábil, o Cidadania, a Rede e o PMB só elegeram um prefeito cada em todo o Nordeste. Já o Solidariedade, controlado pelo deputado Othelino Neto e a esposa, senadora Ana Paula Lobato, só conta com o prefeito Raimundinho Lídio, de Paulino Neves.

Baseado nessa contagem simples dos prefeitos no meio do mandato, em 2026, eles são um dos fatores que animam o governador Carlos Brandão a incentivar a pré-candidatura do sobrinho e secretário de Assuntos Municipalistas, jovem Orleans Brandão.

É a mesma visão do pai de Orleans, Marcus Brandão, que realizou o encontro regional do MDB, na última segunda-feira (2), em São Luís, e colocou o filho como protagonista da reunião. Antes, ele já havia dito que Orleans “é um excelente produto” para 2026. O próprio Orleans disse que os resultados de 2024 vão se espelhar em 2026, ao lado do presidente da Famem, Roberto Costa, vice-presidente regional do MDB e uma de suas figuras históricas.

Desde sua fundação, em 1966, para fazer o contraponto como único partido de oposição ao regime ditatorial de 1964, apoiado pela Arena, o MDB chegará a 2026 como o partido que sustenta a essência da política brasileira. Colocou José Sarney na Presidência da República em 1985 e se tornou, na democracia, o partido mais influente no Sudeste e no Nordeste.

No Maranhão, desde Epitácio Cafeteira, em 1986, os demais governadores foram eleitos sob sua legenda, exceto Jackson Lago (PDT) em 2006 e Flávio Dino em 2014, 2018, e Carlos Brandão em 2022 (PSB). Em 2016, o MDB voltou ao Planalto com Michel Temer, que sempre negou ter conspirado pelo impeachment da petista Dilma Rousseff.

Como as próximas eleições estão distantes 15 meses, Carlos Brandão vai esticar a corda, expondo o sobrinho Orleans para o público e o meio político até abril, quando terá que decidir se completa o mandato no cargo ou disputará o Senado, passando a faixa ao vice Felipe Camarão.

Porém, a eleição do Maranhão não será definida apenas pelo comando do Palácio dos Leões. Outros fatores serão considerados. Há uma conexão direta com o Palácio do Planalto. Até agora, o país não tem plena convicção de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva será mesmo candidato à reeleição, como deseja o PT. O próprio Lula não fala com tanta firmeza a respeito, pois, com a trajetória política mundialmente conhecida, ele não vai querer arriscar destruir essa história numa eventual derrota eleitoral.

No caso maranhense, há de se imaginar que, na hipótese de Brandão arriscar o seu futuro político como senador, optando pelo projeto de fazer o sobrinho sucessor, fará ressurgir a figura do MDB sarneísta, brotando das cinzas, lutando para retornar ao seu lugar no Palácio da Avenida Pedro II, ou assistir a uma investida bem-sucedida de Eduardo Braide, hoje líder de todas as pesquisas sobre a eleição de governador.

Apesar de ser um político desagrupado, porém, Braide tem carisma, saiu fortalecido da eleição de 2024 e pode atrair forças que sempre estão prontas para “acudir” candidatos com reais chances de vencer uma eleição importante, como a de governador.

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