20 de junho de 2025
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Maranhão tem a carne mais barata do Brasil

Por Raimundo Borges

O Imparcial – Demorou mais de 56 anos para o Maranhão se tornar um estado com o rebanho bovino livre de febre aftosa sem vacina, cuja certificação foi entregue, há duas semanas, em ato solene em Paris ao governador Carlos Brandão, na presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Este certificado da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) marca um avanço significativo para a pecuária brasileira em geral e a maranhense em particular. Significa a vitória de uma luta que durou mais de meio século, com os pecuaristas sendo obrigados a vacinar o gado todo ano, num custo exorbitante, além de serem impedidos de acessar o mercado de carne dentro do Brasil e no exterior, onde as exigências sanitárias são extremamente rigorosas.

Para quem não conhece esse segmento econômico, a conquista da certificação do gado do Maranhão e de outros estados que, finalmente, deixaram para trás a exigência da vacinação do rebanho representa muito. O estado tem um rebanho com mais de 10 milhões de cabeças, perdendo apenas para a Bahia, no Nordeste.

O segundo passo agora caberá aos produtores: investirem em tecnologia genética e em produção ecologicamente sustentável, que possibilite preservar o meio ambiente e oferecer bem-estar à saúde animal. O mercado internacional, que é infinito, também é cada vez mais exigente quando se trata de proteína animal.

O Maranhão, que tem uma longa história de economia no setor primário, está voltando ao interior com o imenso impacto do agro na economia. Várias cidades, com Balsas à frente, estão mostrando que o desenvolvimento maranhense já é uma realidade sem volta, partindo do interior rumo aos centros urbanos. Até o consumidor já sente o efeito positivo dessa arrancada sustentada pela pecuária bovina.

Além de abrir oportunidades no mercado internacional, no açougue local a carne no Maranhão é a mais barata do Brasil, segundo dados da Scot Consultoria. A arroba do boi gordo gira em torno de R$ 283. Vacas e novilhos têm preços ainda inferiores: entre R$ 249 e R$ 265.

É importante ressaltar que essas cotações podem variar dependendo da localização exata dentro do estado e da região de produção, com suas logísticas de abate e transporte. Além disso, as cotações podem mudar rapidamente no mercado físico.

Em termos comparativos, o preço médio da arroba do boi gordo no Brasil, neste mês de junho, varia de região para região, mas a média geral está acima de R$ 300. Por exemplo, em São Paulo, a média pode chegar a R$ 322,25; em Goiás, fica em torno de R$ 304,29; e, em Minas, R$ 311,76. É importante ressaltar que o mercado físico do boi gordo tem mostrado estabilidade, mas com patamares ainda elevados em diversas regiões.

Ao se tornar território livre da aftosa sem vacinação, o Brasil disputa o bilionário mercado de carnes, especialmente a bovina. Em 2025, a produção brasileira deverá atingir um novo recorde, com projeções de 11,9 milhões de toneladas, segundo o Portal DBO.

Apesar de uma leve redução no consumo interno em relação ao ano anterior, o mercado brasileiro de carne bovina continua forte, impulsionado pelas exportações. O faturamento chega a US$ 12,8 bilhões, valor que representa um crescimento de 22% em 2024. A China continua sendo o principal destino da carne bovina brasileira, com 1,33 milhão de toneladas.

O Maranhão, porém, precisa avançar muito em logística, tecnologia genética e ambiental do rebanho. Mas, para quem não tem petróleo para exportar, a proteína animal, junto com o agro, pode sacudir, de uma vez por todas, os gargalos que travam o desenvolvimento estadual perante o Brasil.

Principalmente na produção de carne, que ainda precisa avançar em competitividade com frigoríficos de outros estados, os quais se mantêm às custas do gado vivo saído de vários pontos do Maranhão. Este ano, o Brasil bateu novo recorde e se tornou líder mundial no mercado global de carne bovina, com 2,89 milhões de toneladas. Com o complexo portuário que possui, o Maranhão não pode mais esperar. É arregaçar as mangas e partir para competir.

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