Os desafios de Brandão nos grandes municípios
Por Raimundo Borges
O Imparcial – As eleições municipais de outubro são fundamentais para sedimentar a posição do governador Carlos Brandão como maior liderança política do Maranhão, a partir do fim da era Flávio Dino, responsável pela asfixia do sarneísmo.
A partir de São Luís, Brandão tem o imenso desafio de demarcar o maior espaço possível nos seis maiores colégios eleitorais do Estado, incluindo três na Grande Ilha (Upaon-Açu). A maior barreira que o governador tem pela frente é enfrentar o prefeito Eduardo Braide, apoiando o deputado federal Duarte Júnior (PSB), um nome igualmente forte nas duas eleições passadas junto ao eleitorado de São Luís.
É um confronto de gigantes. Desde a eleição de 2010, quando se elegeu deputado estadual, sendo reeleito em 2014, Braide teve uma relação estreita com São Luís. Foi presidente da Caema e secretário de Orçamento Participativo da gestão do prefeito João Castelo.
Para federal em 2018, ele foi o mais votado no Estado e 43 mil votos na capital. Antes, em 2016, o atual prefeito disputou a prefeitura e foi para o segundo turno e perdeu para Edivaldo Holanda Júnior. Porém, em 2020, conquistou a prefeitura, no segundo turno contra Duarte Júnior.
Os dois – Duarte (PSB) e Braide (PSD) – vão ter novo acerto de contas nas urnas de outubro. A diferença é que, desta vez, o prefeito está no poder e o deputado federal é apoiado por Carlos Brandão. Ao contrário de São Luís, em Imperatriz, no sudoeste, com o maior reduto político do interior do Maranhão, o embate se dará na base governista.
O deputado Rildo Amaral, do PP, preferido de Carlos Brandão e prioridade do ministro dos Esportes André Fufuca, pode dar de cara com o também deputado Marco Aurélio, que está saindo do PSB para retornar ao PCdoB e se colocar como pré-candidato no mesmo páreo em que se encontra, o empresário do agro e deputado Federal Josivaldo JP (PSD).
A máquina estadual já se move politicamente pelos rincões do Maranhão. No sertão, Brandão já definiu apoio à Lycia Waquim em Caxias e ao deputado Rafael Leitoa em Timon. São dois municípios vizinhos que, como consequência, têm mais relação com Teresina, capital do Piauí, do que com São Luís.
Outros municípios que estão no radar do Palácio dos Leões, pelo tamanho do eleitorado e a proximidade com a capital, são Paço do Lumiar e São José de Ribamar. No primeiro, Brandão vai jogar o prestígio na candidatura do advogado Fred Campos, fazendo o mesmo com o vereador Dudu Diniz, em Ribamar.
Nos grandes e médios municípios, Carlos Brandão tem ainda os desafios locais e as futricas sobre sua relação suspostamente estremecida com o ministro do STF Flávio Dino. Ele está fora da política, mas nunca vai perder a influência de uma liderança que não se transforma em pó de uma ano para outro.
A imagem de Dino está tão impregnada ao PCdoB, quanto o seu pensamento ideológico de esquerda. Perante o país, Dino já faz falta ao governo Lula, tanto no desassombro como enfrentou o bolsonarismo e os problemas da área de segurança, como também sua presença marcante nas redes sociais, na orientação em questões jurídicas ao presidente e nas articulações políticas.
PÍLULAS POLÍTICAS
Unanimidade poética
O poeta, escritor e compositor Salgado Maranhão foi eleito, por unanimidade dos 32 acadêmicos, para a Academia Maranhense de Letras. Ele vai ocupar a cadeira do jornalista e escritor Antônio Carlos Lima.
Reeleito
Por falar em Academia Maranhense de Letras, o escritor e cronista de O Imparcial, Lourival Serejo foi reeleito para a presidência da Academia Maranhense de Letras, mandato que ocorrerá no biênio 2024/2025, com direito a nova reeleição.
Desencontro
Enquanto a deputada Iracema Vale atua politicamente cada vez mais alinhada com o governador Carlos Brandão, ambos do PSB, o seu antecessor no cargo, Othelino Neto (PCdoB) segue em sentido oposto na Alema. Ele e a esposa, senadora Ana Paula.
Pula-pula
O ex-conselheiro do TCE, Washington Oliveira, que assumiu o cargo como vice-governador de Roseana Sarney na cota do PT, já tomou posse em Brasília como secretário da Representação do Maranhão no DF. Sua cadeira na corte de contas permanece vazia enquanto a indicação do advogado Flávio Costa não desenrola.