Enxurrada de políticos enrolados na Justiça
Por Raimundo Borges
O Imparcial – Se pelo menos 50% de todos os processos contra deputados, senadores, prefeitos e vereadores no Brasil resultassem em prisão, seria necessário criar muito mais vagas nas penitenciárias. Dos 513 deputados federais, pelo menos 106 são alvos de processos de investigação nas áreas civil, criminal e eleitoral.
Um levantamento realizado pelo site Congresso em Foco descobriu que, além do número assustador de parlamentares enrolados na Justiça, revela que os representantes do povo têm muita conta a prestar aos eleitores. Constata-se que a população que vota não tem sido criteriosa na escolha de seus mandatários.
O Brasil possui uma azeitada engrenagem de fiscalização e controle das ações dos gestores públicos eleitos ou nomeados, no entanto, a cada ano aparece uma realidade destoante daquilo que se espera deles. Os parlamentares com função e legislar e fiscalizar o Executivo, acabam apanhados na malha da polícia e da justiça em atos de corrupção, desvios de conduta no exercício do mandato ou burlando a lei eleitoral.
A prática é comum a quase todos os partidos. Mesmo assim, dos que padecem o rigor da lei que eles mesmos produzem são muito poucos os banidos do poder público. Por coincidência, o PL, maior legenda na Câmara dos Deputados, cumula também o maior número de deputados processados.
Constata-se que, apesar da renovação eleitoral no Brasil, porém, os vários órgãos de controle de contas, MP, Polícia e Justiça não dão conta de abater as práticas de maracutaia saídas dos mandatários políticos. Significa que o avanço das faixas etárias mais jovens nas casas legislativas e no Executivo nem sempre significa melhoria na qualidade da representatividade popular.
Não quer dizer, porém, que todos os legisladores e gestores públicos sejam maus políticos. Felizmente estes são a minoria. Mas como as eleições municipais estão a quatro meses, significa que o eleitor ainda tem muito tempo para tentar fazer escolhas mais bem avaliadas sobre o prefeito e os vereadores de cada cidade.
No Brasil, falar mal dos políticos é esporte tão popular quanto o futebol. Porém, é impossível alguém se manter longe do “circo político”, já que, querendo ou não, a política tem enorme poder de influenciar a vida de cada pessoa. Do transporte público às escolas, dos hospitais aos alimentos, tudo depende da política.
Portanto, é inaceitável que, pleno século 21, ainda haja uma multidão de analfabetos políticos no Brasil. Com o país vivendo a pior polarização política da história e o Congresso Nacional mergulhado num prolongada crise, é fundamental que os eleitores procurem pular fora da plateia do circo de analfabetos políticos.
No mundo de hoje, o cidadão não pode cair na onda da ignorância político em meio à avalanche de informações ao alcance de todos. Afinal, os políticos demagogos, autoritários e espertalhões só se fortalecem no ambiente da desinformação das fake news.
Só no Congresso, de cada dez parlamentares, quatro estão pendurados no Supremo Tribunal Federal por suspeita ou participação direta em crimes. Um total de 224 deputados e senadores respondem a 542 processos. Quando se desce aos estados e municípios, esse número se multiplica por várias vezes. Portanto, ainda há tempo de passar a peneira, antes que seja tarde.
PÍLULAS POLÍTICAS
Envelhecido (1)
Ao lado do MDB, PDT e PSDB, o PT é um dos partidos que sofrem de envelhecimento orgânico e encolhimento no Maranhão. Agora, a legenda vai aproveitar a juventude do vice-governador Felipe Camarão para tentar ampliar o espaço no Estado mais lulista do Brasil.
Envelhecido (2)
Camarão não é histórico no PT, mas tem potencial político para tirar o a legenda da condição quase nula no poder político estadual. Com apenas o prefeito de Coroatá, Luís da Amovelar Filho eleito em 2020, um deputado federal e um suplente estadual, o PT padece da falta de uma liderança estadual forte e de uma militância que a siga.
Envelhecido (3)
Com a segunda maior bancada na Câmara e Lula na Presidência da República pela 3ª vez, não há explicação para o PT maranhense viver mais da fama nacional do que de representação. Portanto, Camarão tem enorme desafio em 2024, no 2º estado que tem dado mais votos ao chefe do governo brasileiro.
Chance real (1)
Em 2022, o desembargador federal do TRF-1, Ney Bello já foi o segundo mais votado na lista de ministro do STJ, mas perdeu. Agora, novamente, Bello é nome forte, apoiado pelos ministros do STF, Flávio Dino e Gilmar Mendes.
Chance real (2)
Outro nome é Carlos Augusto Pires Brandão, do Piauí, colega de Ney Belo do mesmo TRF-1, de Brasília e apadrinhado do ministro Kássio Nunes Marques, do Supremo. Desde 2020, Bello vem disputando uma cadeira de membro efetivo dno STJ.